Um.

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* Adaptação de 'O Sedutor' de Vi Keeland, todos os direitos são reservados à autora.

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Lauren

De volta à minha suíte de hotel, deixo o jato de água quente do chuveiro cair sobre meus músculos doloridos. Duas semanas longe dos treinos parece ter sido um ano, por todo o sofrimento pelo qual meus músculos estão passando agora que finalmente decidi parar de enrolar e voltar à academia, apesar de o meu corpo estar reclamando demais por eu ter me afastado por apenas algumas semanas.

Nos últimos dois meses, eu abusei. Tentando evitar o circo que a vida da minha família se tornou nos últimos seis meses, passei metade dos últimos dias me esquivando dos repórteres e a outra metade, mergulhando na bebida até o esquecimento. Foi quando eles finalmente chegaram a mim. Os babacas são incansáveis. Fingem praticar corrida enquanto faço meu percurso habitual ao redor do Cemitério Arlington só para pularem na minha frente e tirarem fotos. Quanto mais emputecida eles me deixam, mais dinheiro devem conseguir por suas fotos.

Troquei de hotel duas vezes nas últimas duas semanas e, mesmo assim, os repórteres conseguem me encontrar em menos de um dia. Sou o queijo para esses malditos ratos e eles parecem farejar onde estou antes mesmo de eu conseguir desfazer as malas. As pessoas em Washington me conhecem e sabem quem meu pai é. Bastam apenas cem dólares de gorjeta ao mensageiro para que os ratos batam na porta da minha suíte, fingindo serem funcionários. Se conseguir chegar ao aeroporto amanhã sem ser seguida, pode ser que então eu finalmente tenha um pouco de paz em Nova York. Ninguém lá vai se importar com quem eu sou. As notícias correm mais rápido, e as fotos da última história que repercutiu no New York Times e no Wall Street Journal duas semanas atrás, com sorte, já terão sido esquecidas.

Enquanto me seco após o banho, cometo o erro de ligar a TV de tela plana do banheiro da suíte, na esperança de ver o informativo da bolsa do dia. Limpo o espelho embaçado e, assim que fica nítido, a TV atrás de mim mostra a imagem bonita do meu querido papai. Incapaz de suportar encarar ainda mais a visão da sua humilhada cara patética, desligo a TV rapidamente, poupando-me da dor de ouvir a entrevista que algum graduado de vinte e dois anos de Harvard provavelmente escreveu. Um discurso preparado usando resultados de uma votação sobre o que deve ser feito para salvar sua carreira em crise, tenho certeza.

Acontece que meu pai, o Senador Preston Jauregui, que uma vez foi um pilar de destaque da comunidade, um servidor público extraordinário, é o contrário de tudo o que ele prega. O homem que cresci admirando, idolatrando sua honestidade e trabalho duro, é uma mentira completa. Uma farsa. Um mentiroso. O oposto de tudo aquilo que ele supostamente apoiava.

Muito admirado pela pessoa que era meu pai para ver as coisas que estavam bem diante dos meus olhos, eu justifiquei qualquer coisa na última década: não voltar para casa, estagiárias íntimas demais e até o cheiro de perfume em seu terno quando ele entrava sorrateiramente em casa pela porta dos fundos, de manhã, ainda usando as roupas da noite anterior. Eu dizia a mim mesma que todo mundo queria um pouco dele, para desfrutar da sua luz, e estar perto do senador íntegro e frequentador da igreja. Na verdade, era ele quem queria um pouco de todo mundo. De todas as mulheres, para ser mais exato.

Valores cristãos uma ova! Seis meses atrás, descobri que tinha um irmão. Um que é apenas algumas semanas mais novo do que eu. Um filho que é fruto do caso de um senador em ascensão e uma stripper viciada em drogas. A melhor parte? Meu meio-irmão, a outra cria do próprio Satã, é um lutador que acabou de ganhar o campeonato de peso-médio. Algo com que eu sonhava quando era criança, e meu pai dizia repetidamente que não era uma carreira respeitável. Às vezes, a ironia é uma merda.

Fighter - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora