Dezesseis.

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Lauren

Raiva fervilha na boca do meu estômago enquanto arrumo minha bolsa. Que tipo de homem faz uma mulher ter medo dele? Camila pode ter dito que não tinha medo fisicamente dele... mas sua expressão corporal nas últimas horas me diz algo diferente. Ela pula toda vez que a porta abre. A expectativa da reação de Connor e sua ira subsequente deixam os nervos dela em frangalhos. Ele pode não ter tocado nela, mas manipulação emocional... incutindo medo do que poderia acontecer é tão ruim quanto. Lembra-me alguém que eu conheço. Táticas de intimidação e ameaças para conseguir o que quer. Alguns homens simplesmente não são homens de verdade.

Enfio o último dos meus pertences na bolsa e a coloco no ombro. No momento em que abro a porta, ouço a voz dele. De início, não consigo entender as palavras, mas posso dizer, pelo tom, que o que quer que ele esteja gritando é desprezível. Veneno puro escorre de cada sílaba raivosa. Desço as escadas de dois em dois, o sangue correndo em minhas veias tão rápido quanto minhas passadas.

Vejo tudo vermelho quando finalmente o avisto. Connor prendeu Camila contra a parede, o antebraço pressionando o pescoço dela, forçando o queixo para cima. Seu rosto está colado ao dela, selvagem e cheio de raiva, suas narinas estão dilatadas e cuspe voa da sua boca enquanto grita na cara dela.

— Você é uma puta vadia! Eu deveria saber que você abre as pernas para quem aparece toda vez que eu viro as costas.

Ocupado demais ameaçando uma mulher com um quarto do seu tamanho, ele não vê quando me aproximo e o agarro por trás. Envolvo um braço firmemente em volta de seu pescoço e uso o outro para puxá-lo mais para trás, colocando ainda mais pressão.

— Você gosta disso? — sibilo entre os dentes cerrados. — A sensação é boa?

Puxo ainda mais, não a ponto de esmagar a traqueia, mas definitivamente bloqueando a passagem de ar.

— Ameaçar uma mulher te faz sentir poderoso? — Eu me viro para Camila. Ela escorregou na parede, suas mãos estão em volta do pescoço e lágrimas escorrem pelo rosto. — Você está bem?

Ela faz que sim com a cabeça.

— Tem certeza? Deixe-me ouvir sua voz, Camila.

— Estou bem — ela sussurra, tossindo entre as palavras.

— Se você quiser machucar alguém, venha atrás de mim. Fique longe da Camila, porra! Fique. Longe. Da. Camila! Está me ouvindo?

Tenho que soletrar para o babaca estúpido porque ele é teimoso. Estou a cerca de trinta segundos de sufocar o cara. Só um pouquinho mais de força e ele passaria o resto da vida bebendo através de canudinho. Mesmo assim, ele apenas olha, tentando ao máximo fazer contato visual comigo. Esse cara não vai recuar. Nem um pouco.

— Não —Camila diz, tentando se levantar. — Não vale a pena, Lauren. — Ela caminha para o lado de dentro do balcão e pega algo da gaveta. É um aparelho de choque elétrico ou algo assim. Ela se aproxima da gente e fica ao nosso lado. Os olhos de Connor a seguem ainda mais, fixos apenas nela. Ele está tão ligado que não sei se um choque conseguiria apagá-lo.

— Venha para trás de mim, Camila — instruo, mas, antes que ela se mova, os sinos da porta da frente soam e Ray Phillips entra.

— Droga! Eu te avisei, Connor. — Ray vem na nossa direção sem parecer chocado com a cena que se desenrola à sua frente. Fica óbvio que ele sabe quão instável seu sobrinho é.

Ele olha para a porta da frente, vê a maçaneta pendendo — resultado de Connor tentar abrir a porta à força — e balança a cabeça.

— Bom, o que eu deveria fazer aqui? — Ray pergunta calmamente, enquanto caminha para o lado de dentro da recepção. Ele se abaixa e volta com um taco de madeira. Que diabos mais tem ali atrás?

Fighter - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora