Camila
Acordo cedo, nervosa por voltar a trabalhar hoje. Mesmo que o que aconteceu na outra noite tenha sido apenas entre mim, Lauren, Connor e Ray, tenho certeza de que haverá murmúrios na academia. Você jamais adivinharia, mas lutadores podem fofocar mais do que mulheres no horário do almoço. Claro, eles preferem chamar isso de "atirar a merda", mas poderiam ter poupado o mensageiro Paul Revere de um longo caminho naquela época.
Lauren insiste em vir comigo. Sei que é como levar gasolina a uma festa cheia de pólvora, mas tenho que admitir: depois daquela noite, sinto-me melhor em saber que ela está por perto.
Após dez minutos me enchendo de maquiagem, dou um passo para trás no espelho, com medo de ver como está meu pescoço. Não adianta. O rosado e o roxo do hematoma viraram um tom chamativo de azul e preto. Só conseguiria cobrir isso se usasse uma blusa de gola alta. Pena que fará trinta graus hoje.
Quando saio do banheiro, Lauren está sentada na beirada da cama falando no celular. Ela me vê pelo canto do olho quando passo pela porta. Seus olhos focam no meu pescoço e vejo seu queixo enrijecer.
— Eu te encontro lá às dez — ela diz ao telefone, antes de finalizar a ligação e levantar.
De terno, radiante e cheia de confiança, ela se parece bastante com a magnata com quem troquei e-mails alguns meses atrás, e em nada com a lutadora a quem tenho conhecido intimamente nas últimas semanas.
— Você tem um encontro? — provoco.
— Sim. Vou encontrá-la às dez. — Lauren aperta o nó da gravata, pega o paletó e vem em minha direção.
A irritação está clara no meu rosto. Estreito os olhos e coloco as mãos na cintura, avaliando-a. É melhor que ela esteja brincando.
Um sorriso torto cruza seu rosto. Sério, ela parece tão deliciosa que não sei se prefiro a lutadora suada ou a sexy magnata.
— Algum problema? — Ela se inclina e me beija castamente nos lábios.
— Você está toda arrumada para ir a um encontro? — pergunto, a palavra encontro saindo com desdém. O aborrecimento está óbvio na minha voz. É mais forte do que eu, me sinto um pouco territorial quando se trata dela.
— Sim. Com uma banqueira. Às dez da manhã. — Ela ri com ar conhecedor, curtindo ter balançado meu estado de espírito.
— Muito bom. Tenho certeza de que você vai curtir saber que eu tenho um encontro com...
— Não termine essa frase — Lauren rosna, puxando-me contra seu corpo de uma maneira não muito gentil.
Por dentro, meu ego infla, mas, por fora, eu o instigo ainda mais.
— Então, você não quer ouvir sobre os meus encontros.
— Não vou ouvir sobre eles porque você não terá mais nenhum. — A voz dela é baixa e rouca. Olho em seus olhos esperando encontrar uma ponta de brincadeira, mas ela está muito séria. De uma maneira estranha, a possessividade dela me excita, enquanto a de Connor era um balde de água fria.
***
Lauren segura a porta da frente da Cabello's e eu prendo a respiração quando entro. Ray Phillips está na recepção e meus olhos imediatamente começam a verificar o local antes mesmo que eu me dê conta.
— Ele não está aqui.
Eu me viro para ficar de frente para o Ray quando ele repete:
— O Connor. Ele não está aqui. Falei para ele que tinha uma reunião de negócios e não queria nenhum problema. Ele está na filial da Rua 52, trabalhando na recepção. Eu trouxe a recepcionista de lá para cá para que possa ajudar com o investidor se precisarmos. Eles vão fazer uma auditoria financeira. Ela provavelmente precisará de relatórios. Você sabe que eu e aquele computador idiota não nos damos bem.
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Fighter - Intersexual
FanfictionFilha do lendário lutador "The Saint", Camila Cabello sabe por experiência própria como lutadores podem ser. Dona de uma rede de academias de MMA, ela está acostumada com pessoas agressivas, dominantes e possessivas. É por isso que sempre manteve di...