Três.

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Lauren

Depois de um bom treino, meu corpo está todo dolorido, mas me sinto muito bem. Sem dor, sem ganho. Há muita verdade no velho mantra. Cheia de adrenalina, é a primeira vez, em mais de seis meses, que sinto que estou indo na direção certa. Porra, é a primeira vez em muito tempo que sinto que estou indo para qualquer direção. E para completar, ainda tem a Camila, que é a cereja do bolo de um negócio que eu já achava que ia ser perfeito para mim.

Se eu tinha alguma dúvida sobre estar fazendo a escolha certa ao comprar essas academias, ter dado uma olhada em seu corpo e a forma como seus mamilos endureceram quando apenas nos encostamos só arrematou o negócio. Nunca se sabe o que pode levar um comprador além do limite quando ele está cauteloso sobre uma compra de milhões de dólares. Sorri para mim mesma, pensando sobre quantos negócios podem ter sido fechados com uma mulher sexy.

Ray foi inflexível que o único tipo de investidor que ele estava buscando era um sócio oculto. Eu preferia ajudar no gerenciamento dos negócios desde o início, mas o acordo era bom demais para eu deixar passar, mesmo sem a oportunidade de comandar a empresa. Mas pensei que, quando desenvolvesse um bom relacionamento com meu novo sócio, poderia ter a oportunidade de ter um papel menos oculto. Agora, minha mente não para de pensar no papel diferente que eu gostaria de ter com Camila.

Nos últimos tempos, as mulheres têm estado em segundo plano na minha vida. O desejo meio que sai pela janela quando sua vida explode em mil pedaços. O único lado bom de tudo era que eu estava ansiosa para fechar negócio com as academias Cabello's. O fato de a minha sócia em potencial ser sexy pra caramba é um bônus.

A noite cai, mas ainda não consegui gastar toda a energia acumulada, então, decido sair para uma corrida. Ziguezaguear por entre os pedestres não é algo a que eu não esteja acostumada, já que sou de Washington, mas a quantidade de gente nas ruas é muito maior em Nova York. Uma multidão ainda está na rua mesmo depois das nove da noite. E, para minha surpresa, não me incomoda, muito pelo contrário, faz com que seja um desafio manobrar pelo caos sem interromper o caminho de ninguém.

De volta à minha suíte de hotel ridiculamente grande, tomo uma ducha e deito na cama me sentindo bem, algo que eu não sentia há muito tempo. O sorriso de Camila me faz companhia até eu pegar no sono, numa combinação perfeita de emoção e exaustão.

***

Ao abrir a porta da academia, sou brindada com o sorriso de Camila. É um rosto ao qual eu poderia me acostumar a ver todos os dias.

— Bom dia. — Sorri para ela.

— Bom dia, Lo. — Lo, nem Senhora Sedutora, Lauren ou Sra. Jauregui? Eu tinha dito a ela para me chamar por algum apelido, mas, mesmo assim, não consigo evitar desejar ouvi-la pronunciando "Sra. Jauregui". Talvez numa voz rouca e ofegante dentro da minha calça.

Aproximo-me da mesa diante da qual ela está sentada e dou uma espiada no que está trabalhando. Ela está segurando seu caderno de desenho e um lápis preto, trabalhando em alguma coisa fluida cheia de linhas curvas, mas não consigo dizer o que é.

— Então, quando você quer fazer?

O rosto de Camila fica vermelho. Eu não havia pensado nas diversas possibilidades de interpretação dessa pergunta, mas gosto de como ela está pensando.

Ela tosse, limpando a garganta, e bebe um gole de água antes de falar.

— Fazer o quê?

— Me desenhar.

— Ah.

— Do que você achou que eu estava falando? — Levanto uma sobrancelha de maneira sugestiva, e o vermelho do rosto dela quase ganha um tom de escarlate.

— Oh... Eu... tudo bem, você não precisa. Eu não devia ter dito nada.

— Eu não me importo. — Não vou dizer a ela que passei metade da minha vida posando para fotografias. Quanto menos pessoas daqui souberem detalhes da minha vida, melhor.

— Bom, eu...

A porta atrás de mim se abre, nos interrompendo. Já sei quem é antes mesmo de me virar, só pela expressão de Camila.

— Posso te ajudar em alguma coisa? — Com os ombros para trás, Connor se coloca entre mim e onde Camila está sentada, parecendo estar a ponto de explodir. Esse cara deve ter um radar, pois aparece toda vez que estou a centímetros de distância da Camila.

— Não, está tudo bem. — Mantenho-me onde estou, ciente de que ele está tentando me intimidar e não está sendo nem um pouco sutil em me dizer para cair fora.

— Camila está ocupada. Ela está tentando trabalhar. — Connor cruza os braços na altura do peito.

— Connor — Camila o adverte. — Eu estou bem aqui. Por que você não vai fazer o que quer que seja que o trouxe aqui?

— Ela parece não entender que você está tentando trabalhar.

— Então a deixe trabalhar. Nós estamos tentando agendar algo aqui. — A sugestão de Lauren é firme, mas Connor ignora a nós duas.

— O que quer que esteja precisando, pode agendar comigo. — Connor dá a volta no balcão.

— Precisarei de um sparring amanhã — minto. Bom, eu de fato preciso de um sparring, mas não era isso que eu estava tentando agendar.

Com um sorriso enigmático no rosto, sei qual é a resposta que esse babaca vai me dar antes mesmo que ele abra a boca.

— Seria um prazer para mim.

Fighter - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora