Capítulo 22

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O pequeno sentia um pânico fora do comum.

Sasuke não tinha a menor idéia de onde e com quem estava. Uma venda grossa e mal cheirosa estava sob seus olhos desde do momento que acordou. Suas lembranças mais recentes eram de estar em seu quarto brincando com Naruto quando o tremor veio. A energia elétrica acabou e no escuro eles ouviram um barulho. Algo o que tinha agarrado e o arrastado para longe. Ainda podia visualizar as íris azuis do amigo o olhando apavorado e sentir as unhas rasgando a pelo da palma da sua mão. Depois disso um odor forte nublou seus sentidos e o resto era apenas escuro.

Quando tempo fazia aquilo?

Não tinha como saber. O que sabia era que estava em algum tipo de carro e que além do motorista havia pelo menos mais, um homem, ao julgar pelo timbre da voz, eles falavam alto como se estivessem discutido e em uma língua que ele não compreendia.

Preferiu manter-se bem quietinho, deixando-os pensar que ainda estava dormindo. Ninguém parecia prestar muita atenção nele e seu instinto de sobrevivência gritava que era melhor continuar imóvel.

Repreendia os soluços com dificuldade, queria tanto estar em casa. Queria seu pai mesmo impaciente, queria a doçura e delicadeza da mãe, queria brincar com Naruto mais uma vez e acabar brigando com ele por alguma coisa idiota. Mas principalmente, queria sentir o "peteleco" do irmão na testa de novo, porque seria o sinal de que tudo estaria bem.

Engoliu a seco quando o carro fez uma curva fechada em alta velocidade e parou de repente jogando seu corpo para frente. Seus outros sentidos, especialmente a audição estavam muito aguçados, primeiro por estar privado da visão e segundo pelo medo titânico que sentia.

Entretanto, seja lá onde ele estivesse não abaixaria a cabeça. Ele era um Uchiha e os Uchihas não recuavam diante de nada e ele com certeza não iria ser o primeiro. Respirou fundo e sentou no carro de forma ereta.

Pode ouvir mais expressões altas naquela língua estrangeira.

Alguém se aproximou e a venda foi arrancada do seu rosto bruscamente, piscou não demorando muito para se adaptar ao ambiente, havia pouco luz. Estavam em uma espécie de galpão abandonado.

Um homem com o rosto coberto com uma mascara que fazia alusão a algum animal lhe estendeu uma garrafa e Sasuke percebeu pela primeira vez o quanto a sua boca estava seca. Mas não agarrou o recipiente logo, ao invés disso encarou a máscara com desconfiança e má criação.

- É só água, você precisa – resmungou de mal humor. – Beba logo ou eu vou te deixara com sede.

Automaticamente esticou a mão e deu longos goles no líquido fresco. O estranho ficou o tempo todo parado olhando-o fixamente antes de se afastar.

- Quantos anos esse garoto tem? – Ouviu-o perguntar para o outro que também usava uma máscara parecida.

- Acho que sete ou oito – o tom deixava implícito de que ele não estava afim de conversar muito. – Por quê?

- Estranho uma criança dessa idade não estar chorando desesperada pelos pais...

Sasuke bebeu outro gole de água para tentar disfarçar o quanto estava assustado, não queria nem olhar na direção deles.

- Ainda bem que ele não está fazendo barulho, não suporto o choro de criancinhas mimadas... Só quero ver o que o chefe vai fazer com ele.

Havia uma pitada de curiosidade cruel naquela sentença, tão vivida que conseguiu arrepiar o menino. O que lhe deu a garrafa não teceu mais nenhum comentário e voltou para perto de Sasuke pegando a garrafa, vazia agora. O pequeno encolheu os joelhos e passou os braços por eles, escondendo o rosto. Não tinha a intenção de demonstrar para ninguém o quanto estava com medo.

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