Bia
Depois de tudo que vi naquele baile, fiquei mal, triste demais, passei o domingo todo trancada em casa, estava com uma angustia no peito, me deu uma tristeza muito grande, que mundo era esse que eu estava, nem em mim mesmo eu mandava. Tentei dormir, mas o sono não veio, quando amanheceu na segunda, levantei, me vesti peguei uma bolsa com algumas coisas e saí de casa, nem eu sabia dizer onde estava indo.
Cheguei na entrada do morro e nem percebi que não fui parada. Entrei num taxi e pedi pra ir pra Rocinha. Chegando la pedi pra deixarem eu ver minha casa, eu precisava ir la e sentir o cheiro dela, sentir que eu ja tive vida. Permitiram que eu subisse. Quando entrei e vi que estava vazia meu mundo desabou, ela estava igual a mim, vazia, completamente vazia, onde estava minha história, onde estava meu irmão, onde foi o meu passado, me senti a pessoa mais sozinha do mundo inteiro. Me encolhi num canto do meu antigo quarto e chorei, chorei como se estivesse sentindo dor física, chorei alto, chorei com desespero.
senti que alguém entrou, quando vi que era ele desabei de novo, ele não disse nada, ficou comigo, me abraçou, me trouxe embora, não fez nenhuma pergunta, não brigou, estranhei, mas foda se, eu precisava chorar, e por incrível que pareça ele entendeu, fez tudo em silencio , era só isso que eu precisava, alguém pra me abraçar.
Acho que dormi umas tres horas, ainda era de tarde, acordei e nem reconheci onde eu estava. Olhei pro lado e não tinha ninguém. Levantei com uma dor de cabeça insuportável, fui andando até achar uma escada, desci ela, mal conseguia enxergar porque meus olhos não se abriam direito por causa da dor.
-Oi pequena! Esta bem?- ouço a voz dele.
-Quero ir pra casa, me leva embora por favor.-sinto uma tontura e ele me pega no colo.
-Você não ta bem, não comeu o dia todo, a Nana vai preparar uma comida pra gente, depois te levo, ok? Fica aqui, vou cuidar de ti.-ele sentou no sofa comigo no colo, aninhei minha cabeça no seu peito.
Um tempo depois uma senhora vem até nós e me da um comprimido.
-Toma isto minha querida, vai melhorar, sei que deve estar com dor de cabeça depois de tanto chorar, nós mulheres somos assim, não é mesmo?-ela diz sendo muito simpática
-Obrigado.-eu disse e tomei o remédio. Em seguida ele me levou até a cozinha, tinha muita coisa gostosa, mas eu estava tão sem fome.
-Nem adianta fazer essa cara, só sai daqui depois de comer um pouco, blz? -ele diz sendo incisivo.
Me sento e me sirvo de um pouco de comida, confesso que só engoli porque ele me forçou um pouco. Ele almoçou e depois fomos pra sala. Deitou no sofa e me deitou junto dele me abraçando.
-Não quer falar o que houve pequena?-ele pergunta.
-Não.-só digo isso.
-Ta bom, vou dar um tempo pra tu, blz?- ele diz e ficamos ali. Dormi de novo estava sentindo um cansaço tão grande.
Senti que alguém me pegou e colocou na cama, aninhei na cama, me cobriu e voltei a cair no sono.
Abri meus olhos e vi que ja era de noite, me levantei , agora sem muita dificuldade, a dor de cabeça estava melhor. Desci as escadas e vi a Nana.
-Oi, obrigada por cuidar de mim, será que posso ir embora?-pergunto pra ela.
-Se estiver melhor vai minha filha, você precisa de um banho e comer mais um pouco. Preparei uma marmita pra você comer em casa, ta bom? Se alimente, amanhã estará melhor, ta bem?-ela continuava sendo amável e eu gostei dela.
-Onde esta o PH?-perguntei.
-Ele saiu e não disse nada.
-Tudo bem, vou indo então, tchau.-me despedi e fui.
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Sem Escolha
RomanceBeatriz, É difícil aceitar que a vida nos traga coisas do passado que não esperamos nem em um milhão de anos. Me chamo Beatriz, perdi tudo que a vida me deu , foi muito de repente, depois de um passeio fui tomada por um desespero em não saber mais...