Beatriz,
É difícil aceitar que a vida nos traga coisas do passado que não esperamos nem em um milhão de anos.
Me chamo Beatriz, perdi tudo que a vida me deu , foi muito de repente, depois de um passeio fui tomada por um desespero em não saber mais...
-Caralho, consegui porra!- falo em voz alta enquanto dirijo.
Ela ta aqui e ninguém mais vai tirar de mim, aquele desgraçado não vai nos achar e eu sei que ela vai se apaixonar por mim, porra to feliz demais, enfim minha, só minha.
Dirigi a noite toda, escolhi uma cidade do interior de São Paulo, ali seria muito dificil ela fugir ou alguém nos achar.Comprei uma casa bem afastada da cidade, ta tudo pronto, geladeira cheia, remédios, pro caso de precisar, mantimentos pra vários meses, não vou precisar me afastar dela por um bom tempo, sei que assim faço ela se apaixonar por mim. Ela precisa de um cara que ame ela de verdade, que de muito carinho e a trate como princesa, é isso que vou fazer.
A pego no colo porque ainda esta desacordada, levo pro quarto e a deito na cama. Vou pro banheiro e tomo um banho rápido. Não posso demorar, vai que ela acorda. vou até a cozinha e preparo um lanche, faço um suco e nele coloco um calmante, ela pode querer fugir de mim nos primeiros dias, mas se estiver meio dopada não vai conseguir.
Vou até o quarto com a bandeja com o lanche nas mãos, ela ainda dorme. Me agacho na beirada da cama e fico olhando pra ela que dorme como um anjo.
-Morena, acorda!- falo baixo em seu ouvido. Mas ela dorme profundamente. Insisto.
-Acorda Bia, precisa comer alguma coisa.- falo e passo a mão no rosto dela.
-Para PH, quero dormir.- ela diz e se vira pro lado.
Confesso que me sobe uma raiva danada ouvir ela falar dele. Mas vou ser paciente. Levo a bandeja de volta pra cozinha, aproveito e como um lanche também. sento no sofá, estou impaciente, não vejo a hora dela acordar, espero que ela não fique tão surtada. Tranquei a porta do quarto então vou deitar aqui no sofá e dormir um pouco to cansado pra caramba.
Sinto meus olhos pesados, faço força pra abri los, percebo que não conheço esse quarto, dou um pulo da cama, que lugar é este? Vou até a porta e esta trancada, caralho, será que fui pega por algum inimigo do Pedro? Meu Deus, e agora? Vou morrer? O que faço? Vou até a janela, talvez eu reconheça o lugar, porra, ta trancada também.
O desespero já bate, começo a chorar, sento no canto do quarto e abraço minhas pernas, me encolho e fico ali quetinha. Eu acho que já faz mais de uma hora que estou aqui nesse cantinho e não ouço nenhum barulho. Vou até a porta e coloco o ouvido nela pra tentar ouvir algo, mas nada acontece, forço a maçaneta, tento forçar e acabo fazendo barulho, foda se, vou arrombar essa merda. Esmurro a porta e grito.
-Socorro, me tirem daqui, por favor, alguém me ajuda!- grito na esperança de alguém me ouvir. Ouço passos atrás da porta.
-Bia? Acordou? Sou eu o Samuca, vou entrar.-ele diz abrindo a porta.
-Samuca? O que esta acontecendo? Porque estou presa aqui? Quero sair, o Pedro deve estar atras de mim e..- ele me interrompe.
-O Pedro morreu! Te trouxe pra ca porque você tem que ficar escondida, tomaram o morro, eu te salvei, vou cuidar de tu.
-COMO ASSIM O PEDRO MORREU? VOCÊ TA LOUCO? É MENTIRA! ME DEIXA SAIR DAQUI!-grito e vou para porta, ele agarra no meu braço.
-Você não pode ir! Estão atrás de você! - ele diz e tranca a porta de novo.
-EU QUERO SAIR SAMUCA, ME DEIXA IR, EU PRECISO VER O PH AGORA, ELE NÃO MORREU, TU TA MENTINDO!- continuo gritando e chorando.
-Bia, confia em mim, só quero te ajudar. Vou trazer um lanche pra tu, ja volto.
-EU NÃO QUERO COMER, QUERO SAIR DAQUI AGORA! TU NÃO PODE ME TRANCAR AQUI SAMUCA, POR FAVOR.-falo e volto a chorar.
Ele vem até mim e tenta me abraçar, só consigo ficar imóvel.
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Caralho mano, to achando que vai dar mais trabalho do que imaginei. Mas eu sou teimoso e paciente, a quero e vou ter.
Vou até a cozinha e encho uma garrafa com agua, coloco ali o calmante porque sei que ela não vai tomar de boa, mas vai sentir sede e vai tomar a agua sem saber de nada, assim consigo que ela durma. Torno a fazer o lanche com suco batizado também, coloco na bandeja e levo até o quarto. Abro a porta devagar, ela esta sentada na cama, vou até a mesinha ao lado da cama e coloco a bandeja, dou bobeira e ela corre porta a fora, corro atrás dela, só alcanço quando ela sai pela porta da sala.
-Me solta, que lugar é esse Samuca? Você esta mentindo pra mim, não quer me proteger porra nenhuma! Me soltaaaa.- ela grita e começa a me dar murros, arrasto ela pra dentro e fecho a porta a chave.
-Tu não pode querer fugir Beatriz, não pode, você é minha, não vou deixar tu fugir, que porra!- eu perco a paciência e vejo ela me olhando com ódio.
-Então é isso, tu me sequestrou! Eu não acredito Samuca, tu era meu amigo. O que tu quer? Dinheiro? Porque fez isso?- ela senta no sofá e chora de novo.
-Eu não quero dinheiro Beatriz, eu..porra..eu...eu te amo caralho, só quero você, não aguento te ver com o PH, ele te machucou e tu perdoou, ele não te ama Bia, eu te amo, tu vai entender isso, com o tempo...-ela começa a gritar de novo.
-TEMPO? QUE TEMPO? VAI ME MANTER TRANCADA AQUI? PREFIRO QUE ME MATE SEU FILHO DA PUTA. O PEDRO TINHA RAZÃO DE DESCONFIAR DE TU. EU ESTAVA CEGA, ACHEI QUE ERA MEU AMIGO, MAS NÃO, OLHA O QUE TU TA FAZENDO. NUNCA VOU TE AMAR SAMUCA, NUNCA!- ouvir ela gritar isso doeu cara.
Vou até ela com raiva, pego no queixo dela e olho bem nos olhos dela.
-Querendo ou não, agora tu é minha, eu sei que vai fazer o que eu quero porque vou ser a única pessoa que vai ver até que se apaixone por mim, é bom tu enfiar isso na sua cabeça.- pego ela pelo braço e arrasto até o quarto.
-Ali esta seu lanche, melhor tu comer, ou quer ficar doente?- falo e a encaro.
-Eu só quero que tu morra, suma da minha frente. Isso não vai ficar assim Samuca.- ela diz com raiva.
-No guarda roupa tem roupas que comprei pra tu, espero que goste, ali é o banheiro. Mais tarde volto com o jantar.- saio do quarto e a tranco la dentro.
Merda, como isso aconteceu, ele me sequestrou no shopping, como sou burra. E agora? O Pedro nunca vai me encontrar, eu to com medo, eu não quero ficar aqui, preciso me acalmar e pensar em como fugir daqui, percebi rapidamente que estamos no meio do mato. Vou conseguir.
Olho pra bandeja que ele trouxe e resolvo tomar um pouco de água, no momento é só o que consigo engolir. Depois de tomar água vou ver as roupas que ele disse que estão no armario, pego uma calça leging e uma camiseta, até calcinhas ele trouxe, ainda bem que estão com etiquetas, caso contrario eu não ia vestir não.
Tomo um banho rápido porque ele tirou a fechadura da porta do banheiro e não quero a surpresa de dar de cara com ele aqui dentro me vendo nua. Me visto rapidamente volto pro quarto, resolvo me deitar porque estou com muito sono, estranho porque nem sou de dormir tanto, deve ser o stresse. Apago rápido.
