Bia
Meu pai esta em São Paulo resolvendo os assuntos dele, o Pedro acabou de entrar no quarto do Pietro. Doido, é quase uma hora da manhã, ele podia ter vindo um pouco mais cedo.
Estou aqui na sala esperando ele voltar, disse que quer conversar, até imagino o que seja mas hoje quero escutar. Ajeito meu pijama e fico deitada no sofá, ele sempre demora quando vai ver o filho, o jeito é ficar esperando, esse calor parece que cada dia aumenta mais, deve estar uns 30 graus la fora. Rio de Janeiro sendo Rio de Janeiro no verão. Acabo pegando no sono.
-Pequena?...- escuto longe alguém me chamando.
Abro meus olhos e dou de cara com o Pedro olhando pra mim, ele esta agachado na minha frente e tira o cabelo do meu rosto, me sento e ele se afasta um pouco.
-Eu acabei pegando no sono aqui mesmo, o Pietro ta dormindo?- pergunto e ele faz que sim com a cabeça e senta do meu lado.
-Eu disse que preciso conversar com tu porque não dá mais pra esperar pequena. Tem um monte de coisa acontecendo, coisas que pode te levar pra longe de mim e não posso ficar só olhando sem falar nada.- ele diz pegando na minha mão, eu puxo ela de volta ao sentir um arrepio correr na minha espinha, só com o toque dele.
-Não sei se estou pronta pra gente conversar..-ele me interrompe.
-Tem que estar Bia, temos que resolver isso hoje e agora. Primeiro tu tem que estar ciente que em nenhum momento tu saiu da minha mente, tudo que fiz pra chegar ao posto que estou hoje foi pensando em você, eu tinha que estar preparado para as ameaças que seu pai me fez, aliás ontem mesmo ele reforçou tudo la no meu morro.
-Meu pai foi atrás de você no morro?- digo assustada.
-Foi sim, foi dizer que não me aceita perto de vocês, disse que quer te levar pra longe e me extressei, mas não houve nada de briga, terminamos ameaçando um ao outro. Mas não é disso que quero falar Bia!- ele diz e passa as mãos na cabeça.
-Isso tem que parar Pedro, eu não quero viver vendo os dois sempre brigando.- digo triste pela situação.
-Eu quero que você me escute e preste atenção em tudo que ouvir. Depois eu vou embora e vai pensar muito, eu volto e tu vai me dizer o que decidiu, pode ser?- ele diz e senta na minha frente na mesinha da sala.
-Eu...- ele me corta.
-Só me ouve porra, to pedindo mais nada não! - ele diz e me calo.
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PH
Olho dentro daqueles olhos que me tiram a razão, a vontade é de pular nela e beijar sua boca, agarrar com força sua cintura e trazer ela pra um abraço demorado, mas não posso, agora tenho que falar tudo que pensei antes de perder a razão.
-Eu deixei que tu ficasse esse tempo todo longe de mim, sem te pertubar, sem ir atrás de tu, não foi simplesmente porque era o que eu queria, foi pra poder te receber de volta e com meu filho nos braços de uma forma segura. Eu derrubei muita gente pra ter o poder que tenho hoje, eu precisava mandar em tudo aqui no Rio, sem isso eu sei que nunca poderia lutar por você!
-Tu ta me enrolando PH, diga de uma vez!- ela diz impaciente.
-Só peço um pouquinho de paciência pequena, bom, quando seu pai te levou embora ele ameaçou o dono da facção com uma guerra, o desgraçado me fez te entregar na boa e não ir atrás de tu, isso me deixou maluco, eu não aceitei, mas sabia que não podia bater de frente, então eu resolvi derrubar todo mundo pra que eu pudesse ser o chefe, eu consegui Bia, hoje ninguém pode me ameaçar, ninguém pode me obrigar a fazer o que não quero.
Ela me olha atenta, tem momentos que abaixa a cabeça e depois volta a me olhar.
-Eu fiz tudo isso pequena porque eu te amo, porque só penso em tu e no meu filho, hoje posso te oferecer a mesma segurança que seu pai te oferece, e principalmente, hoje, ele pode vir fazer a guerra que um dia ameaçou, mas eu to preparado.
-Não! Tu ta dizendo...- corto ela.
-To dizendo que te amo, que seu pai não me amedronta, só quero poder estar perto de tu na hora que eu tiver vontade, ver meu moleque crescer, estar sempre com ele. Hoje é só o que quero. Não to a fim de guerra com ele. Tu entendeu?
-To confusa PH, tu ta dizendo que vou ter que voltar pra você mesmo que eu não queira? Isso não vai acontecer!- ela diz e se levanta nervosa.
Levanto também e pego em sua cintura e a trago pra perto de mim, seguro na nuca dela a forçando me olhar nos olhos.
-Eu não acredito que tu não quer mais nada comigo pequena! Tu me ama, eu sei. Deixa eu cuidar de tu, deixa eu cuidar da minha familia, da uma chance pra mim. - digo colando nossas testas. Sinto a respiração dela aumentar o ritmo e sem pensar em nada a beijo.
Ela tenta se soltar mas sou muito mais forte e continuo a beijando, ela cede e deixa minha língua invadir a boca dela, caralho mano, que isso que sinto? Que calor é esse que sobe quando to perto dela, a deito no sofá ainda beijando essa boca que tanto me fez falta. Sinto que ela esta se entregando totalmente. Ela me quer, porra, ela ainda me quer, me ama.
-Que porra é essa aqui! - alguém grita da porta.
Olhamos pra porta e quem esta la? Tico! Ele saca uma arma e aponta pra mim.
-Larga minha irmã filho da puta! - me levanto e antes que eu diga qualquer coisa ele atira em mim. Caio no sofá.
-Não, para Tico, não mata ele! -Bia grita e corre pra ver onde acertou o tiro.- Pedro olha pra mim! Olha pra mim porra!- ela me sacode e em seguida não vejo mais nada.
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Sem Escolha
RomanceBeatriz, É difícil aceitar que a vida nos traga coisas do passado que não esperamos nem em um milhão de anos. Me chamo Beatriz, perdi tudo que a vida me deu , foi muito de repente, depois de um passeio fui tomada por um desespero em não saber mais...