Beatriz,
É difícil aceitar que a vida nos traga coisas do passado que não esperamos nem em um milhão de anos.
Me chamo Beatriz, perdi tudo que a vida me deu , foi muito de repente, depois de um passeio fui tomada por um desespero em não saber mais...
Estou tão cego de raiva que matava um hoje só por diversão. Sento no sofá esperando ela pegar o que derrubei. Acendo um beck que estava no meu bolso e acendo sem me importar com nada, fico ali fumando.
Depois de uns dois becks ela avisa que posso me sentar na sua frente.
-PH, esta tudo aqui, me desculpe a ignorância, vou explicar o quer saber, ta bom? -ela diz e abre a tela do computador e começa a falar.
Acho que a maconha me acalmou, pra falar a verdade nem to prestando atenção no que ela esta falando, eu sei que esta tudo certo, eu só queria mesmo irritar e mostrar que mando aqui, acho que consegui, ela fala, fala, mas não me olha, percebo que falando as lágrimas dela caem sem ela fazer força. porra, acho que exagerei um pouco, já são onze e meia e eu não consigo simplesmente deixar ela ir.
-...aqui é o faturamento do salão do asfalto, esta tudo bem separado e..-corto ela.
-Pode parar de falar um pouco?- olho pra ela que me olha assustada.
-Quer voltar, ficou alguma coisa sem entender eu posso..- corto de novo.
-Para! Eu.. eu acho que ja deu, você deve estar cansada, já é tarde, melhor ir embora.- me levanto, ela não diz nada e começa a desligar o pc, guarda os papeis numa pasta, da porta eu fico olhando pra ela que continua chorando. Ela pega a bolsa e passa por mim na porta. Pego em seu braço e ela se assusta.
-Não quero que fique assim, posso ter sido muito estúpido, mas é que ainda estou nervoso por ontém, quando lembro do cara te beijando...-ela me corta agora.
-PH, eu realmente estou cansada, será que podemos conversar outro dia?- ela solta o braço da minha mão e caminha pra fora do salão.
Fico ali parado, depois que ela sai esmurro a parede até machucar minha mão. Que idiota que eu fui porra, me descontrolei demais, não era pra tanto, mas que merda. Fecho o salão e dou a chave pra um segurança que corre até ela que já esta subindo a rua e entrega a chave.
Nunca me liguei no faturamento dessa porra, nunca me interessei por isso aqui, só abri mesmo por causa da Laura que foi pedir um sócio e pra ajudar eu topei. Depois de um tempo comprei a parte dela, ainda pra ajudar pois ela precisava de grana, o salão é meu, mas nem dou importância pra ele, só me empolguei um pouco com ele depois que a pequena veio trabalhar aqui, só por ela eu fazia questão de saber o que rendia, pra dar trabalho pra ela mesmo. Acho que ela não vai querer nem falar comigo mais depois do que fiz hoje.
Eu sou mesmo um babaca! Porra Pedro, ela é só uma mulher, só mais uma, caralho, porque tem me tirado tanto do sério?
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Chego em minha casa e me jogo na cama, continuei chorando, ali me acabei mesmo, quando será que vou ter uma semana inteira de paz? Um dia esta tudo bem e no outro o mundo desaba, tem sido assim o tempo todo, não consigo progredir em nada, nem com ele, nem com nada. Preciso aprender a odiá lo, ele não merece o que estou sentindo, não merece.