Beatriz,
É difícil aceitar que a vida nos traga coisas do passado que não esperamos nem em um milhão de anos.
Me chamo Beatriz, perdi tudo que a vida me deu , foi muito de repente, depois de um passeio fui tomada por um desespero em não saber mais...
Falei com a Isa esses dias e ela nem tocou no assunto do PH atender o telefone, eu preferi não falar também, já que ele não disse nada deixa pra la.
Levantei cedo, hoje tenho pré natal, a dona Maria vai comigo, saímos com o motorista que também é segurança.
-Bom dia! coloca este endereço no gps por favor.- falo e entrego o cartão com o endereço do consultório.
-Acho que hoje tu consegue saber o sexo do bebe, não é bia?- dona Maria diz empolgada.
-Acredito que sim, comi muito chocolate pra ajudar, vamos ver se ele vai colaborar...rsrs...- respondo.
Estou tão feliz, sendo menina ou menino vou amar incondicionalmente.Passo as mãos pela minha barriga e sinto um pequeno chute, caio na gargalhada. Dona Maria ri comigo achando graça da situação.
-Bom dia Beatriz, esta pronta? - a médica diz ao me ver na recepção.
-Mais do que pronta, mas confesso que estou nervosa. - digo dando um sorriso.
Me deito na maca e ela passa o gel, primeiro ouço as batidas do coraçãozinho e só com isso já fico emocionada.
-Veja, aqui esta as mãozinhas, esta bem agitado, se mexe bastante..rsrs...já esta todo formadinho, todos os membros estão se desenvolvendo muito bem, a coluna esta certinha....olha só que sapeca...abriu as perninhas...rsrs...já da pra ver o sexo! - ela diz e continua olhando o monitor cheio de borrões, eu não entendo nada, mas presto atenção em cada palavra.
-Não me deixe nesta agonia doutora, diga logo! - peço impaciente.
-É um menino! Você vai ter um meninão. - ela diz e eu desabo a chorar.
-Dona Maria, é um menino! Tu ouviu?- olho pra ela chorando de emoção.
-Sim, minha filha, eu ouvi, que emoção. Seu pai vai amar a noticia. -responde e sorri pra mim.
Saímos do consultório e pedi pro motorista parar na praia, o calor estava de matar, desci e me sentei num quiosque e pedi duas águas de coco. Eu e dona Maria ficamos ali conversando animadamente. O assunto claro que era meu filho, meu menino! Não vejo a hora de decorar o quartinho e comprar tudo lindo, meu mundo azul.
Depois de um tempo, nos levantamos pra ir embora, na verdade eu queria ir no shopping comprar umas roupinhas pro bebe, mas senti minhas pernas fraquejarem com a cena que vi logo em seguida.
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Ele estava saindo da água. Lindo como sempre. Meu coração dizia pra ir até ele e dizer o quanto sentia sua falta, mas não podia, ele fazia parte do meu passado. Me escondi atrás do quiosque e fiquei observando de longe. O motorista se aproximou.
-Senhorita, temos que ir, aqui não esta segura pra ficar!- ele diz e pega em meu braço pra me levar.
-Opa, perai, o que foi? Vou quando eu tiver vontade, não é assim não.- digo e ele me da o celular, tem alguém na linha.
-Beatriz, saia agora daí, o mais rápido possível, viram o PH na praia, não quero que corra riscos. - meu pai fala alterado.
-Tu soube disto antes de mim? Esta muito bem informado, acho que não tem apenas o motorista comigo, não é? - fala irritada.
-Depois que estiver em casa eu te ligo, no momento quero que saia daí, agora Beatriz!- ele fala e desliga.
Saio dali bufando de raiva, ele colocou mais pessoas pra me vigiarem, que porra, eu sei que PH nunca me faria mal! Apesar de que...ele acha que não estou no Brasil...e minha barriga esta aparecendo...ele não deixaria isso passar em branco se me visse. Entro no carro, fico pensativa até chegar em casa.
Claro que tive uma boa discussão com meu pai. Quer controlar tudo na minha vida. Nunca gostei de ninguém me dizendo o que posso ou não fazer. Merda!
Tomo um banho e visto um vestido soltinho, me deito e fico imaginando como será o rostinho do meu filho, penso no Pedro, ele continua mexendo muito comigo. E essa vontade de ir até ele só cresce.
Cheguei da praia me sentindo exausto, nadar ás vezes tira a zica. Tomo um banho e durmo.
Acordei com o rádio tocando.
-Fala porra, melhor que seja importante! - digo e me sento.
-Pô parça, so te convidar pra comer um churrasquinho aqui em casa, cola aqui parça.- Biel me convida pra ir na casa dele.
-Ja colo aí!- desligo o radio, me visto, passo no banheiro e depois pego minha moto e vou pra la.
Desço o morro e encontro com Jane e Carla saindo do projeto. Não gosto de vir aqui porque tudo me lembra ela. Cada pedaço desse projeto foi ela que planejou. Paro a moto perto delas.
-E aí? Ta tudo certo por aqui? Tão precisando de alguma coisa?- pergunto pra elas.
-Nossa PH, nem eu sabia que esse lugar iria ficar assim tão bom, é gratificante trabalhar aqui, apesar que....- Carla me da uma cotovelada de leve.
-Apesar que? Continua porra.- falo imaginando ja o que ela vai dizer.
-Eu só ia dizer que a Bia estaria muito feliz e sentimos muito a falta dela aqui.É só isso!- ela diz abaixando a cabeça.
-Tenho certeza que vocês estão conseguindo se virar bem sem ela, mas se precisarem de ajuda pode contratar mais alguém, quero esse lugar funcionando certinho, sem falhas. Falou aí.- acelero a moto e saio de la.
Na casa do PH sou recebido com o sorrisão banguelo do Vitinho, moleque ta crescendo, num pode me ver que da os braços. Um dia vou ter o meu moleque também, enquanto isso vou curtindo meu afilhado.
Os parça tão fazendo de tudo pra que eu não fique remoendo as coisas, mas depois das cachaças fica difícil não pensar, não falar, aí que a filha da puta fica na minha mente mesmo.
-Isa, liga aí pra ela, só quero ouvir a voz dela pô, faz essa aí...caralho mano, to tentando mas não consigo deixar a mina no esquecimento. Ajuda aí..eu sei que se ela me ouvir...- falo e abaixo a cabeça.
-PH, não força mano, se ela quisesse ja teria te ligado. Deixa ela viver a vida dela. Esquece. Tu pode ter a mulher que quiser, escolhe uma e siga em frente.- Ouço Isa falar e quanto mais eu ouço mais me revolta, eu não aceito porra.
-Tu sabe que quero só o bem dela, eu a faria feliz, eu sei disso, ela me amou, ela dizia isso pra mim porra, morreu tudo? - tento levantar e caio de novo no sofá. To muito chapado porra.
-Fica aí de boa parça, tu nem consegue ficar de pé.- Biel fala quando me vê tentando me levantar de novo.
-Iala, sai fora porra, eu sou PH caralho, bebida num me derruba não.- saio da casa dele e acabo caindo na rua.
Olho pro lado e vejo os moradores cochichando e me olhando. Meus seguranças me ajudam a levantar.
-Solta porra...que essas desgraçados tão me olhando? - falo e saco minha arma, aponto pro ovo que me olha. - Vão rir da minha cara agora? Bando de filhos da puta! - Biel agarra minha mão e tira a arma de mim.
-Ta doidão mesmo? Vai atirar e acertar um inocente aí porra? Se liga PH, ta perdendo a moral com a comunidade, melhor tu se recompor.- ele grita comigo. Abaixo minha cabeça, o cara ta certo.
-Porra parça, a mina me destruiu mesmo, vejo aquela desgraçada em tudo quanto é canto.- ele me arrasta pra dentro enquanto eu falo. Me joga no sofá.
-Fica de boa, aqui tu ta em casa. dorme um pouco, depois nois conversa.- ele nem acaba de falar e durmo ali mesmo.
