Um livro repousava suavemente no colo de Harry e ele mantinha os olhos verdes fixos às letras miúdas, mas assim mesmo não conseguia se concentrar numa palavra sequer por conta da coriza em seu nariz, da tosse periódica seguida por espirros e dos pensamentos que inundaram sua mente desde que deixara a escola há dois dias – desde então não voltara, tanto pela gripe que estava o consumindo tanto pela vergonha.Enviou mensagens para Louis pedindo desculpas por seu comportamento, mas sabia que o mais velho preferia contato real e esperava se desculpar propriamente quando sentisse-se pronto para retornar à faculdade.
Seus olhos pesam mais uma vez e ele fecha o livro para desistir de vez da leitura, bocejando de uma maneira um tanto escandalosa e acabando por espirrar várias vezes em seguida, com seu corpo dolorido e cansado demais para que ele tenha alguma motivação além de ficar deitado olhando o teto e esperando que o sono o consuma. O céu estava escurecendo rapidamente e ele sabia que logo estaria chovendo novamente, então foi uma enorme surpresa quando ouviu batidas na sua porta.
Sua garganta dói quando ele grita pedindo que a pessoa espere quando coloca um robe cheio de estrelinhas e suas pantufas, praticamente se arrastando para abrir a porta e abrindo melhor os olhos quando encontra com Louis:
- Lou! Boa noite – felizmente seu nariz não estava mais entupido e ele podia falar normalmente, abrindo um sorrisinho fraco e dando espaço para ele entrar.
- Oh, Curly, você está bem? – o mais velho fica preocupado, levando a mão quentinha até a testa do garoto de modo que precisa afastar seus cachos bagunçados para sentir sua temperatura e solta um suspiro aliviado quando constata que não estava febril.
- Yeah, eu já estou tomando xarope e logo essa gripe chatinha passa. E como você está?
- Estou preocupado contigo, isso sim, eu bem achei que não era uma boa ideia sair naquela chuva. Você já jantou? – Louis pergunta após olhar ao redor e perceber que não havia nada que indicasse uma possível refeição sendo preparada, o cacheado apenas nega com a cabeça e esfrega um dos olhos para tentar acordar melhor. – Então eu vou fazer uma sopa pra você.
Harry nem tem tempo para negar antes do mais velho seguir para a parte de sua cozinha que era praticamente junto com a sala, dividida apenas por um balcão. Ele sempre adorara seu jeito espontâneo que não deixava nunca de surpreendê-lo e não pode deixar de ficar olhando feito um idiota para o garoto enquanto ele pegava a panela que usaria e tentava se virar com os ingredientes que encontrou na dispensa e na geladeira do garoto – ao menos tinha batatas e faria apenas um caldinho simples.
Conseguia sentir o olhar atento do cacheado nele, mas não se importava muito com a atenção e olhava diversas vezes em sua direção quando o menino espirrava ou tossia baixinho como se tivesse vergonha de algo natural, achando-o belo mesmo com o nariz avermelhado e os olhos miúdos por conta do cansaço que vinha com a gripe:
- Sabe, acho que nunca cozinhei para ninguém, não tenho certeza se vai ficar muito bom, mas é a coisa mais romântica que eu já fiz por alguém – Louis olha na direção do mais jovem ao falar, sorrindo quando ele fica ruborizado e abre um sorriso largo.
- Bom saber disso, eu preciso retribuir o favor um dia, eu até que cozinho bem...
- Eu iria adorar – o menor sorri e coloca as batatas cortadas na panela com água, temperando com o cenho franzido em confusão enquanto tenta lembrar-se como a sua mãe costumava fazer quando ele ficava doente. Sabia que ainda precisava aprender muito sobre culinária e esperava poder contar com a ajuda do cacheado.
Os dois ficam em silêncio por mais um tempo. Harry observando o outro cozinhar com os seus grandes olhos verdes curiosos enquanto ele termina de preparar a sopa, provando o caldo antes de tampar a panela. Tomlinson se encosta no balcão da pia e olha para o cacheado, sentado na banqueta alta onde ele costumava fazer as refeições no outro lado da sala-cozinha americana.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ꜱᴇᴄʀᴇᴛ ꜰᴏʀ ᴛʜᴇ ᴍᴀᴅ • ʟᴀʀʀʏ
FanfictionHarry teve seu coração destruído por uma paixão abusiva e sobraram-lhe apenas mágoas e a certeza de que nunca seria capaz de apaixonar-se novamente, mas suas certezas mudam quando ele reencontra sua paixão do colegial, com seus olhos azuis e sorriso...