III - Golpista

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O assistente do manager de Wen Junhui, Xu Minghao, foi encontrado aos abraços com Zhou Jieqiong, sua namorada, nessa quinta-feira. Internautas vêm elogiando bastante o casal, alguns até desejando um ensaio de fotos dos dois. E você? O que achou deles? Felicidades aos pombinhos! — Jun lia o artigo, seus dedos quase rasgando as folhas da revista. — Tá parecendo jornal de fofoca americano.

— Isso é tão Black Mirror. disse a mim mesmo, levantando-me da poltrona, ainda apreensivo. — Eu já disse que não é o que você está pensando.

— Qual é o seu plano? — ele também se levantou, jogando a revista sobre a mesa. — Fingir que é gay e, no final, comer ela até o talo?

— Primeiro de tudo, a Jieqiong nem sabe da minha orientação sexual. — argumentei, talvez meio puto pela dedução dele. — O meu único fingimento é mentir ao público e dizer que tenho um relacionamento com ela. Eu sou gay, sim!

— Eu vou bater na sua cara. — esbravejou, parecendo um touro. Sempre soube que o chifre não era coincidência. Olha, Minghao, eu quero ter uma convivência pacífica com você, mas isso é impossível quando o público acha que a garota que gosto é sua namorada!

— Ah, pronto, e agora a culpa é minha?! Você teve a ideia de dizer para a imprensa que eu namoro a Jieqiong. Eu podia estar feliz da vida, fumando um baseado e assistindo a Sense8, mas nem isso eu posso fazer direito porque você me revelou aos outros! Estou virando uma subcelebridade, praticamente.

— Mas acontece que você sugeriu que eu o revelasse.

— Eu só queria salvar a merda da sua carreira!

— Você se entregou de tal maneira porque quis.

— Mas é claro! Eu não sou assistente do Sungho para andar com um artista. Eu trabalho para o senhor Ji porque é o meu emprego, então é preciso que eu faça algo útil se quero ganhar um bom salário.

Os paparazzi divulgaram as fotos em que eu estava com Jieqiong, colando o meu rosto nas páginas de diversas revistas. Depois do que foi feito, as consequências caíram nas minhas costas da maneira mais pesarosa possível:

1. Seokmin deixou de fornecer drogas para mim, porque, segundo ele, é suicídio vender algo ilícito para alguém "reconhecido pela mídia". Pelo menos ele perdoou a minha demora para pagar.

2. Meu pai fez umas doze ligações reclamando, dizendo que eu tinha nascido para ser gay, e que ele não havia feito todo aquele drama ao me aceitar para, no fim, eu namorar uma mulher.

3. Mingyu não parou de me irritar, afirmando que eu devia pegar o Junhui.

4. A direção da faculdade está quase me pagando para que eu a divulgue e traga mais pessoas para o lado humanas da força.

5. E, claro, tem a porrinha do Junhui. Desde que eu cheguei ao escritório, ele agiu estranhamente, até que resolveu ler a revista para mim e jogar na minha cara o motivo da estranheza.

Sinceramente, não sei se eu aguentaria ser uma celebridade. Os artistas de hoje devem ser flagrados até cagando e, na real, se alguém me interrompesse no meu momento sagrado, eu ficaria tão bravo que faria uma treta pior que a da Mnet com a SM. Quando o assunto era inerente a Jieqiong, Junhui sempre encontrava um jeito de problematizar, ficar bravo e brigar comigo. Havia dito a ele sobre a minha sexualidade, mas aquele vagabundo parecia entender que era apenas fingimento para conseguir qualquer chance com a garota, esta que não queria saber de mais nada relacionado ao ator e desejava apenas que ele pintasse o dedo de azul, enfiasse no próprio cu e saísse voando para a puta que o pariu.

Separados por uma foice e um marteloOnde histórias criam vida. Descubra agora