Side To Side da Ariana Grande tocava em alto e bom som enquanto senhorita Cho, minha professora, pedalava na bicicleta ergométrica mexendo o quadril conforme o ritmo da música. Na esteira, eu disparava elogios à mulher, que parecia sentir-se empoderada com o levanto da autoestima acompanhado pela canção de letra saliente. Ri da mais velha, secando o suor que descia por minha testa.
— A música é maravilhosa, Hao, mas do que ela fala? — a professora perguntou envolvida com o rap da Nicki Minaj.
Vi-me estático com a pergunta, sem saber se abria a boca para ditar a verdade ou não. Peguei a garrafa d'água e digeri poucos goles, olhando para o lado ao responder:
— Perda de calorias... Não disse como.
Saí da esteira ao desligá-la e continuei a beber água sentando-me sobre um banco. Senhorita Cho sempre agiu como uma segunda mãe, cuidando de mim em todos os momentos necessários. Por mais que fosse professora, às vezes ela permitia que o lado pessoal falasse mais alto e fazia umas coisinhas por mim. O zelo poderia considerar-se sua característica mais evidente e promissora.
Ouvi o toque de meu celular, portanto andei até o aparelho e o peguei, levando ao ouvido para responder quem estivesse ao outro lado da linha.
— Minghao?
— Jieqiong? — retornei com outra pergunta. — Como conseguiu o meu número?
— Pedi àquele seu amigo de pernas enormes. — ela riu. — Então... foi boa a sua pun-
De imediato engasguei com a água, tossindo no intuito de não morrer por asfixia ou algo do tipo. Aos poucos, recompus a postura anterior, com o celular longe do rosto.
— Como? — ditei ao estar com o celular próximo do ouvido.
— Ontem, você me ignorou porque... queria bater pun-
— Eu entendi! — exclamei querendo que ela parasse de falar sobre tal assunto.
Não é como se eu visse a masturbação como um tabu, mas a ficha ainda não havia caído para mim. Eu e Jieqiong nem tínhamos tamanha intimidade, ela também não parecia curtir saber a respeito dos afazeres particulares dos outros, então por que eu disse a ela sobre isso?
— Eu sei que estava bêbado. — falou, fazendo-me suspirar. — Fique tranquilo.
— Me ligou apenas por causa dessa minha gafe? — brinquei.
— Bom, para falar a verdade, gostaria de saber se você aceita tomar um café comigo.
— É uma boa proposta, mas não costumo beber café. Não gosto muito, só o tomo quando a situação pede.
— Que tal um filme, então?
— Se é assim, aceito. Horário?
— Às seis. Fique bonito para mim. — pude escutar sons de beijinhos e ri da infantilidade fingida da garota.
— Ficarei. — despedi-me, encerrando a chamada. Encarei a tela do celular por alguns segundos, até ter ideia do que tinha acontecido.
Jieqiong tinha proposto um encontro?
Com os lábios entreabertos, pus o celular de volta no lugar e vi senhorita Cho, que me olhava com estranheza.
— As conversas dos jovens do século XXI são todas assim?
㈾
Mingyu possuía uma sobrancelha arqueada enquanto mantinha os olhos em mim, a mão direita na cintura e o pé batendo freneticamente contra o piso de madeira. Chacoalhei os ombros bebericando do copo com água.
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Separados por uma foice e um martelo
FanfictionPor mais que sua vida não fosse um completo paraíso, Minghao podia afirmar que prosseguia bem indo a manifestações, lutando pelo proletariado, compartilhando memes de humanas e, claro, sempre encontrando espaço para acender um cigarrinho, tal ato qu...