IV - Artista

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Xiao passou o cano da arma pela mesa de madeira, produzindo um ruído arrastado e agonizante. Sentou-se sobre o objeto amadeirado e encostou a ponta da pistola na testa de Junhui, que direcionou o olhar à garota, recebendo um sorrisinho ladino em retorno. Por alguns segundos, ele continuou a fitar a mais nova, entretido com a situação nada corriqueira onde havia sido colocado. Debochando de Xiao, gargalhou baixinho, analisando a arma de médio calibre. A expressão ameaçadora da garota tornou-se duvidosa, afinal, quem estaria rindo ao possuir o cano de uma pistola a tocar sua testa?

— Se é tão ameaçadora, por que a arma está travada? — ele perguntou, voltando com a feição séria. — Tem medo de me matar? Saiba que não tenho medo de morrer.

— Cale a porra da boca. — Xiao pediu, tremendo.

— Senão? — debochou, encarando a pistola.

— Eu vou fazer questão de acabar com você.

Xiao se distraiu por um momento com o intuito de destravar a arma, o que foi a oportunidade perfeita para Junhui chutar a mesa por baixo e resultar em uma Xiao largada no chão, lançando um disparo no teto como acompanhamento. A garota levantou-se em um movimento rápido, apontando a arma em direção a Junhui, que levantou as mãos.

— Acho que devemos ter uma luta justa. — sugeriu o mais alto.

— Não existe esse papo de luta porque eu já venci. — respondeu, ameaçando puxar o gatilho.

— Tem medo de apanhar de um homem? Ah, é claro que tem. Depois que seu pai a maltratou daquela forma, guardou um trauma inesquecível...

Xiao apertou a pistola fortemente ao ouvir a frase provinda da boca de Junhui, vendo como ele conseguia derramar todo o seu veneno em uma única frase. A garota soltou o cabelo, tirando o cartucho da arma e o colocando dentro de seu sutiã. Ela deslizou o objeto de razoável potência para trás, se posiciando. Junhui riu e fez o mesmo.

— Eu não tenho medo dos homens. Para falar a verdade, eles deveriam ter medo de mim. — afirmou, tirando alguns fios do rosto.

— Isto será divertido. — deduziu antes de desferir um golpe em formato de chute, este que fora impedido por Xiao, que segurou o pé de Junhui. — Boas habilidades para alguém que deixou o pai abusá-la por quinze anos.

Ela não deu ouvidos ao falatório de Junhui, pois sabia que era tudo papo furado para servir de distração. Xiao disparou socos contra o rosto dele, quase nunca acertando por conta dos ótimos reflexos do outro. Junhui, apesar de ser bom de briga, não fazia Xiao sair em desvantagem visto que as habilidades da garota em autodefesa eram impecáveis. Poucos hematomas faziam-se presentes no corpo de ambos devido ao talento que os dois possuíam, mas aquilo já estava começando a dar nos nervos. Em um movimento rápido, Xiao montou sobre os ombros de Junhui, tentando enforcá-lo com o auxílio das próprias pernas. Ele tentou sair do aperto, arranhando e esmurrando as coxas grossas dela, mas a única saída que enxergou foi jogar-se de costas no chão. Junhui sentou acima do quadril da menina, segurando as mãos dela com a sua própria e usando a desocupada para abrir os botões da camisa social alheia, introduzir os dedos no sutiã e pegar a munição. Por muita sorte, a arma estava próxima dos dois corpos, o que foi uma opção estratégica pois Junhui procurou a pistola com os olhos antes de jogar-se sobre o chão anteriormente. Ele a pegou, ainda impedindo Xiao de sair do aperto, e, com uma única mão, recarregou o objeto e colocou o cano dentro da boca da garota.

— Uma Glock. — comentou, sorrindo. — É a minha preferida.

— Corta! — Seungkwan gritou, batendo palmas e se levantando da cadeira. — Os dois nunca me decepcionam. Pausinha, equipe!

Separados por uma foice e um marteloOnde histórias criam vida. Descubra agora