Capítulo 5

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— Já faz quase duas horas que ela está aí. — Ouviu Blásio comentar ao longe, como um zumbido.

Ao sair da sala de Umbridge, Annelise passou reto por Draco e fez questão de andar por cada perímetro de Hogwarts até que se cansasse. Foi quase automático. Suas pernas não paravam e ela pensou em praticamente tudo que poderia pensar, até decidir voltar para o salão comunal da Sonserina e se sentar em uma poltrona ao lado da janela, fitando o fundo do lago negro e refletindo sobre a atitude que deveria tomar com Pansy.

— Alguém perguntou o que Umbridge disse a ela? — Dessa vez quem falava era Draco. Eles não pareciam tentar disfarçar que falavam sobre ela, mas Annelise não se importava.

— Não. — Blásio respondeu.

É claro que Annelise pensara em inúmeras maneiras de irritar Pansy tanto quanto ela estava irritada agora. A menina não havia conseguido tirá-la do sério, pois se tivesse, nem o próprio Dumbledore a faria parar de lançar feitiços de azaração em Parkinson. Mas primeiro, a melhor escolha era fazer Pansy entender que Annelise não era alguém para se meter a besta.

Primeiro, ela pensou em tentar conquistar Draco de propósito. A maioria das vezes que a menina se atingia era por causa dele, então era uma boa escolha, mas que foi descartada. Se recusava a entrar em uma inimizade por causa de um garoto, seja quem fosse. Depois, pensou em devolver na mesma moeda, mas Pansy não era tão burra quanto parecia ser. Ela não cometeria nenhum deslize enquanto Annelise estivesse perto. Por fim, decidira fingir que não havia nada de errado. Sabia que um dia Parkinson precisaria dela, e quando esse dia chegasse, então ela provaria do próprio veneno.

Finalmente, Annelise se levantou, o que causou um pouco de espanto nos quatro meninos que estavam ali por perto.

— Boa noite. — Ela sorriu levemente enquanto passava por eles, tendo a certeza de que aquilo devia ter sido mais estranho quanto pensava que seria.

A manhã seguinte estava um pouco mais fria do que nos últimos dias. Annelise enrolou o quanto pôde para sair da cama macia, mas finalmente se levantou. Antes de sair do quarto, deu uma olhada para o corpo adormecido de Pansy em sua cama e seguiu seu caminho para o salão comunal. Alguns alunos do sexto ano estavam por ali jogando xadrez de bruxo e outros fazendo tarefas ou conversando. Ainda era cedo, mas Annelise resolveu não se demorar e seguiu para o Salão Principal, ansiosa pelo café da manhã.

Se serviu e logo começou a comer, aproveitando os momentos de solidão antes que a mesa da Sonserina se enchesse. Sua paz foi brevemente interrompida pela capitã do time da Grifinória gritando com Harry Potter por algum motivo, que ela julgava ser sua nova detenção. Depois que McGonagall repreendeu a gritaria, o correio coruja entrou pelas janelas e deixaram cartas caírem. Ao longe, Annelise reconheceu a coruja da família, Jilly. Uma carta caiu em sua frente e logo em seguida outra, deixada por uma coruja que ela não reconheceu.

Apanhou primeiro a carta de Jilly e a abriu, deixando a comida de lado.

Annelise Rosier Morgenstern,

Será que precisarei ir até Hogwarts conversar com você pessoalmente?

Lembre-se: Não sou o único decepcionado com você. E a decepção custa caro.

Joseph Morgenstern

Duas linhas.

Foi o necessário para fazer Annelise perder a fome e o mundo ao seu redor perder o som. Ela não ouvia nada, como se estivesse em uma redoma. Só o que podia escutar eram as batidas aceleradas de seu coração. Ela leu e releu várias vezes. ''Não sou o único decepcionado com você. E a decepção custa caro.'' Aquilo foi mais do que suficiente para que ela entendesse que Voldemort não estava feliz com sua demora e andara descontando em seus pais. O fato de que Madeleine não a escrevera e sim Joseph a fez tremer.

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