Mesmo o fiasco de Fudge com a fuga de Azkaban não foi capaz de amansar Umbridge. Ela estava ainda mais afiada e pronta para demonstrar serviço, sua presença ilustre em cada aula de Adivinhação ou Trato das Criaturas Mágicas já mostrava que ela estava mais arrogante do que nunca.
A moeda em seu bolso esquentou algumas vezes, mas Annelise não se sentia confiante o suficiente para ir nas reuniões secretas, principalmente porque sempre estava acompanhada de Blásio ou Draco, ou fazendo um dos enormes trabalhos que voltaram a ser dobrados para ela, os professores a testando para os exames no fim do ano.
Finalmente, o fim de semana de semana chegou. Só se lembrou que era o dia dos namorados pois Blásio a lembrou na noite anterior, então se sentiu inspirada na manhã de sábado para se arrumar. Com uma última conferida no espelho e , ela correu para baixo, chamando atenção de alguns garotos, e para sua tristeza, Pansy Parkinson.
— Nossa, que linda! — Comentou falsamente, parando em frente a ela. Pansy cruzou os braços e analisou Annelise de cima a baixo. — Até parece que tem um namorado.
— Você também está linda, Pansy. Se dedicou bastante. Bom, eu até entendo. — Annelise riu sarcasticamente. — Afinal, vai ter que se dividir entre Draco e aquele garoto da Corvinal, não é? — Os olhos de Pansy se arregalaram no mesmo instante. Anne esfregou o queixo teatralmente. — Eu imagino como você vai fazer para aproveitar o dia com os dois ao mesmo tempo, mas acho que isso não é da minha conta, certo? Te vejo mais tarde! — Soprou beijos no ar e caminhou em direção à Blásio, que estava parado na porta da sala comunal dando risadinhas de satisfação.
— Uau, você está linda!
Draco se virou para trás e a mediu com os olhos.
— Vai se encontrar com quem? — Perguntou rispidamente, os olhos cinzas faiscando.
— Com Blásio! — Exclamou Annelise, entrelançando seu braço no do amigo e abrindo um sorriso largo. Malfoy olhou de um para o outro, bufando, e saiu com Crabbe e Goyle em seu encalço sem dizer nada.
Annelise e Blásio seguiram o fluxo de alunos da Sonserina até se misturarem com as outras casas. Passaram por Filch com sua lista de autorização e foram até Hogsmeade fazendo piada de algumas pessoas mal vestidas. Estava alguns passos atrás de Cho e Harry, Annelise observando-os como presas. Os dois conversaram e pareciam se dar bem, o que a deixava com um gosto azedo na boca. Aquela menina tinha tudo para atrapalhar os planos de Anne.
— Potter e Chang! — Pansy guinchou bem atrás dela, puxando um grupo de garotas consigo dando risadinhas. Elas passaram ao lado deles. — Eca, Chang, que mau gosto! Pelo menos o Diggory era bonito!
Annelise detestava Pansy tanto quanto começara a detestar Cho, mas naquele momento ela poderia abraçar Parkinson e lhe agradecer mil vezes, visto que seu comentário e as risadinhas deixaram o casal num silêncio constrangedor, o que poderia se transformar num desastroso encontro, sem que Annelise literalmente se mexesse para isso.
Blásio dava gargalhadas do que havia acabado de acontecer e acenou para Pansy amigavelmente, enlaçando o braço em Anne assim que entraram em Hogsmeade.
— Onde vamos?
— Hum, só um momento. — Ela se ergueu na ponta dos pés e olhou entre os estudantes que lotavam a rua principal, vendo que Harry e Chang pareciam estar no mesmo dilema. É claro que ela iria onde eles fossem.
Ao ver os dois passando devagar pelas vitrines, olhando e comentando sobre os produtos expostos, Annelise puxou um Blásio tagarela e se manteve a uma distância segura dos dois. Eles ficaram bons minutos seguindo os dois e finalmente uma chuva grossa começara a cair, o que faria com que eles se mexessem para um encontro de verdade.
— Estamos seguindo Potter. — Blásio afirmou, sem parecer irritado.
— Sim.
— Não que eu esteja reclamando de passar um tempo investigativo com você, mas eu não tenho certeza se quero passar o dia dos namorados assistindo esse encontro ruim.
Annelise riu, os olhos ainda focados na direção que Potter e Chang tomavam.
— Só mais um pouquinho, e você estará livre.
Mas ele não a respondeu. Os dois observaram Cho apontar com o dedo para a frente e se virar para Harry, animada. Eles começaram a descer e viraram numa rua lateral, entrando dentro da pequena casa de chá Madame Puddifoot.
Annelise e Blásio, rindo de se acabar, esperaram alguns minutos na garoa e então entraram. Imediatamente ela se arrependeu de decidir segui-los. Era um lugarzinho apertado e tinha rosa para todos os lados, além do vapor das chaleiras, laços e babadinhos de decoração, querubins dourados pairando sobre as mesinhas circulares e ocasionalmente soltando confetes nas cabeças das pessoas. Annelise acenou para Harry enquanto Blásio começava um pequeno teatro, segurando a mão dela e se sentando numa mesa a meio metro dos dois.
— Que posso servir a vocês, queridos? — Perguntou Madame Puddifoot, uma mulher corpulenta com um coque negro no topo da cabeça, se espremendo no meio da mesa deles e de Potter.
— Amor, o que você quer? — Blásio deu um sorriso muito largo, os olhos pretos brilhando travessos por cima do açucareiro.
— Chá de gengibre. — Annelise pisou no pé dele com força, sorrindo docemente para a mulher.
— Com cravo e canela, por favor. — Completou Blásio, chutando-a de leve por baixo da mesa.
Os dois aguardaram, trocando risadas baixas e dando uma olhada geral. A maioria dos casais estavam de mãos dadas ou se beijando, mas o clima entre Harry e Cho parecia meio frio. Annelise se recostou bem no banco para poder ouvir o máximo que pudesse. Não havia nada para escutar já que mal conversavam, porém, quando Madame Puddifoot colocou os chás que pediram na mesa, Cho mencionou Umbridge e eles ficaram um tempo zombando dela. Não conversaram sobre mais nada depois disso e uma calmaria se instalou em Annelise, sabendo que aquele fiasco não duraria muito mais tempo, portanto não precisava se preocupar.
— Blásio, pode ir se quiser. Eu pago aqui e logo vou dar uma volta por aí.
— Ah! — O amigo sorriu, dando um último gole em sua xícara. — Dessa vez vou deixar. Estou com dinheiro contado aqui para a Zonko's. Minha mãe e meu padrasto me puseram numa espécie de castigo onde regulam meu dinheiro. É um absurdo. — Ele puxou a mão dela por cima da mesa e beijou-a galantemente. — Mademoiselle. Obrigado pela companhia.
Annelise riu enquanto Blásio saiu sozinho pela porta, sumindo ao virar a rua. Ela estava quase terminando o chá quando algo lhe chamou a atenção.
— Você precisa se encontrar com Hermione Granger? Hoje? — Cho parecia levemente irritada.
— É. Bom, ela me pediu, então achei que tudo bem. Você quer ir comigo? Ela disse que tudo bem se você fosse.
— Ah...bom, que simpática! — Respondeu com um tom de voz frio, um tanto hostil, fazendo Annelise mais uma vez abrir um sorriso de satisfação ao perceber onde aquilo iria. — Ele me convidou para sair, sabe. Há umas duas semanas, o Rogério. Mas eu não aceitei.
A boca de Anne se abriu um pouco e ela sufocou uma gargalhada. Cruzou as pernas e colocou mais chá em sua xícara, adicionando dois cubos de açúcar e mexendo a colher lentamente. Rogério estava a algumas mesas de distância, beijando de maneira estusiasmada uma garota da Lufa-Lufa. Harry ficou em silencio por vários minutos, até ela falar de novo, dessa vez mais alto.
— Vim aqui com Cedrico ano passado. — Annelise engasgou, os olhos queimando com as lágrimas paradas nos olhos. Disfarçadamente, ela começou a tossir, tentando não chamar a atenção. Sabia que Harry, atrás dela, devia estar ainda mais chocado. — Há um tempão que estou querendo perguntar a você... o Cedrico... ele f-f-falou de mim antes de morrer?
— Bom... não. — Harry respondeu depois de alguns segundos, a voz calma. — Não... não houve tempo para ele dizer nada. Então...hum, você...assiste a muitas partidas de quadribol durante as férias? Você torce pelos Tornados, certo? — Ele fazia tanta força para parecer tranquilo e feliz que Annelise começou a sentir pena. Aquela menina era uma completa sem noção. Houve uma fungada vinda da mesa deles e ela soube que Cho estava prestes a se derramar em lágrimas. — Olhe, não vamos mais falar de Cedrico agora... vamos falar de outra coisa... — Harry começou a soar desesperado.
— Pensei — Chang começou, a voz trêmula. — Pensei que você en-en-entederia! Preciso falar disso! Com certeza você também p-precisa falar! Quero dizer, você viu acontecer, não v-viu?
— Bom, eu falei disso... com Rony e Hermione, mas...
— Ah, você fala com Hermione Granger! — Cho soltou com a voz aguda. Metade das pessoas haviam parado para assistir a cena e Annelise se sentiu a vontade para virar um pouco para trás. — Mas não quer falar comigo! T-talvez fosse melhor se a gente simplesmente p-pagasse a conta e você fosse se encontrar com Hermione G-Granger, como é óbvio que quer fazer!
Annelise mordeu o lábio inferior, fazendo um esforço gigante para não soltar um feitiço de silêncio em Chang. Com as mãos, fez um sinal para a bruxa do chá e pago a conta. Se levantou e lançou um olhar piedoso para Potter antes de sair pela porta em direção ao Três Vassouras.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Poder e Controle
FanfictionO ano é 1995. Lord Voldemort está muito satisfeito por Cornélio Fudge transformar Potter e Dumbledore numa chacota perante a população bruxa. No entanto, ele precisa de mais. Ele encontra uma brecha em Joseph Morgerstern, lhe ordenando que transfira...