Os professores mal haviam dado um tempo para que os alunos se recuperassem do feriado e já voltaram as aulas a todo vapor. Annelise já tinha dois trabalhos na sua nova lista de afazeres e ela começou a considerar se deveria deixá-los para depois ou começar logo, antes que estivesse realmente atolada de trabalhos. O restante dos alunos pareciam nutrir a mesma dúvida, ainda que a maioria optasse por deixar acumular. Ela não tivera nenhuma desculpa boa o suficiente pra puxar conversa com Potter, exceto algumas trocas de palavras rápidas nos corredores, mas pôde perder meia hora de conversa com Hermione, inventando uma mentira de que Blásio a convidou para sair entre amigos e que quando chegou lá era na verdade um encontro romântico. A menina pareceu engolir a história.
Mais tarde na segunda-feira, depois de duas aulas de Poções, Annelise serpenteava entre os alunos para conseguir se aconchegar em um lugar perto da lareira no Salão Principal quando viu Potter e uma garota da Corvinal conversando enquanto Rony saia de fininho. Anne parou perto o suficiente para ouvir um pouco da conversa.
— ... o meu foi muito tranquilo. — A menina corou, olhando para Potter um pouco envergonhada. — Ahh, tem outro passeio a Hogsmeade no mês que vem, você viu o aviso?
Mas que sonsa!, pensou Annelise, mordendo o lábio para não rir.
— Quê? Ah, não, ainda não dei uma olhada no quadro de avisos desde que cheguei.
— Tem, no dia dos namorados...
Annelise sufocou uma risada enquanto fingia procurar algo em sua mochila.
— Certo. — Potter parecia perdido. — Bom, suponho que você queira...
— Só se você quiser.
Os dois ficaram em silêncio, talvez chocados demais para dizer alguma coisa. Annelise não esperava por isso. Ficou imóvel, uma mão dentro da mochila e a cabeça abaixada, seu rosto coberto pelo manto de cabelos.
— Eu... ahh.. — Harry gaguejou, fazendo Annelise acordar e voltar a remexer suas coisas lentamente.
— Ah, tudo bem se você não quiser. — A menina parecia prestes a cair no choro. — Não se preocupe. Eu... vejo você por aí.
Annelise ergueu a cabeça para ver a garota se afastar um pouco, enquanto Harry a olhava atordoado.
— Cho! Ei, Cho!
Enquanto Potter ia atrás dela, Anne deu alguns passos a mais para a frente, abrindo um livro qualquer e fingindo ler as páginas enquanto ouvia mais.
— Ah, você quer ir comigo a Hogsmeade no dia dos namorados?
— Ahh, quero! — Respondeu animada.
— Certo, bom, então está combinado.
Revirando os olhos e soltando um bufo de impaciência, Annelise fechou o livro com raiva e empurrou um menino do segundo ano que entrou em sua frente, fazendo-o cair de bunda no chão. Ela parou na frente do Salão Principal e correu os olhos pela mesa da Sonserina, mas Blásio não estava lá, então deu as costas e desceu quase correndo para as masmorras, encontrando o garoto encostado num pilar com uma menina.
— Blásio. — Disse secamente, o agarrando pela manga do robe preto da escola e o puxando bruscamente até o sofá. Ela se sentou e jogou a mochila na mesinha da frente.
— É melhor você ter um bom motivo para ter estragado o que seria o melhor beijo do ano. — O amigo se sentou ao lado dela, a olhando acusadoramente.
— Você vai comigo para Hogsmeade no dia dos namorados. — Ela declarou, sem cerimônias.
— Nossa! — Ele levou as mãos no peito teatralmente. — Sem nem um agrado antes?
— O agrado é eu não te matar! — Rosnou, os olhos se estreitando.
— Que é que te deixou assim?
Annelise suspirou profundamente e encostou a cabeça na sofá, fechando os olhos em seguida e fazendo uma massagem nas têmporas.
— Me desculpe por agir como uma maníaca, Blásio. É que eu realmente preciso que você vá comigo para Hogsmeade mês que vem.
— Tudo bem, onde vamos?
— Humm. — Ela não ouvira Cho ou Harry dizerem nada sobre onde iriam. Talvez o Três Vassouras? Não, não era tão íntimo para um encontro no dia dos namorados... — Onde uma garota levaria um namorado? Uma garota romântica.... talvez meio sonsa... — Perguntou, azeda, fazendo Blásio soltar uma gargalhada.
— Talvez na Casa de Chá Madame Puddifoot. É um lugarzinho bem enjoado. — O amigo deu de ombros.
— Hum, talvez seja esse o lugar. No dia descobriremos.
— Descobriremos? — Blásio arquou uma sobrancelha. — Olha, eu não ouvi nada sobre Draco e Pansy saírem num encontro romântico mês que vem. Não vai precisar segui-los.
— Vai se danar! — Ralhou Annelise, mas acabou rindo. — Não é eles. Enfim. O que você acha de subirmos para a biblioteca? Tem esse trabalho gigantesco da Umbridge para fazer...
— Ah, ainda bem que você existe! — Os dois se levantaram e pegaram suas mochilas. Começaram a subir os três degraus que davam para a enorme porta de madeira preta de entrada da sala comunal, Blásio colocando o braço ao redor dos ombros dela. — Se você não me fizesse ir até lá agora eu deixaria acumular.
— Me agradeça no fim do ano. — Annelise piscou, sorrindo.
A biblioteca estava lotada de alunos do quinto ano, provavelmente fazendo o trabalho de Umbridge. Blásio e Annelise ocuparam uma mesinha não muito longe de Rony e Hermione, e ela não viu Harry em lugar algum. Se sentaram e espalharam livros, pergaminhos e penas por todo o lado e afundaram os narizes nas páginas por pelo menos uma hora e meia. Quando ela ouviu passos arrastados passando pelos corredores e viu que era Potter, se levantou quietinha e procurou ficar perto o suficiente para ouvir a conversa dos três, fingindo que procurava algum livro na prateleira.
— ...então você está dizendo... — Sussurrou Rony, um pouco alto demais para seu próprio bem. — que a arma, a coisa que Você-Sabe-Quem está procurando... está no Ministério da Magia?
— No Departamento de Mistérios, tem que estar. — Respondeu Harry, se inclinando para a frente. — Vi a porta quando seu pai me levou na audiência. Decididamente é a mesma que ele estava guardando quando a cobra o mordeu.
— Claro... — Hermione suspirou.
— O que?
— Rony, pare e pense. Estúrgio Podmore estava tentando passar por uma porta no Ministério. Deve ter sido a mesma, seria coincidência demais!
Annelise finalmente se afastou, percebendo que se demorasse mais ficaria óbvio que ela estava espionando. Se sentou outra vez ao lado de Blásio, que estava imerso em seu pergaminho.
Até aquele momento ela considerava que Potter não fazia ideia do que era a arma, a profecia, para que mantivesse sempre consigo, pensando que não fosse nada demais... Mas se Arthur Weasley estava guardando uma porta no Departamento de Mistérios, aquilo queria dizer que então Harry não estava com ela, mas Dumbledore e seus aliados sabiam o que o Lorde das Trevas queria e estavam de guarda.
Então, ela não teria chance de pegar... E seria morta.
Mas e se contasse aquilo para o Lorde? Talvez ele lhe poupasse. Talvez poupasse seus pais também. Precisava encontrar uma maneira de contar isso por correio-coruja sem que revelasse demais para alguém de fora - Umbridge - caso a carta fosse extraviada. Se levantou e começou a vasculhar cada livro em cada seção por pelo menos mais uma hora, a biblioteca se esvaziando enquanto ela fazia isso. Blásio também se despediu, perto das nove, informando-a que iria direto para o salão principal jantar.
Finalmente, achou o livro que falava de profecias.

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Poder e Controle
FanfictionO ano é 1995. Lord Voldemort está muito satisfeito por Cornélio Fudge transformar Potter e Dumbledore numa chacota perante a população bruxa. No entanto, ele precisa de mais. Ele encontra uma brecha em Joseph Morgerstern, lhe ordenando que transfira...