Capítulo 15

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As pernas de Annelise tremiam enquanto ela caminhava na companhia de Filch até os enormes portões do castelo. Milhares de coisas se passaram pela sua mente, mas não conseguiu manter nenhuma ideia fixa em sua mente sobre o que teria acontecido com sua mãe.
Filch abriu os portões e ela conseguiu ver, um pouco distante, a figura alta de a aguardando em vestes negras. Seu pai era muito bonito e esta era uma característica da família dele. Era louro, com olhos azuis escuros e um nariz perfeitamente esculpido e em harmonia com seus lábios e bochechas. Seu rosto era bem marcado e uma barba loura por fazer emoldurava seu queixo quadrado. Quando ela se aproximou, em passos vacilantes, uma frieza estava estampada nele juntamente com o que parecia ser pesar.
Sem chance de perguntar nada, o pai lhe segurou pelo braço e aparataram. Aquela sensação de um gancho puxando pelo umbigo e o frio na barriga lhe deixava ainda mais nervosa, mas quando fincaram os pés na grama, foi ainda pior.
Não estavam na Mansão Morgestern e sim na Mansão Malfoy.
Com o que parecia ter sido segundos de coragem insana ou até mesmo reflexo de sobrevivência, Annelise se desvencilhou da mão grande do pai e deu meia volta, começando a correr. Joseph, no entanto, parecia ter adivinhado os movimentos de sua herdeira e conseguiu segurá-la outra vez, apertando seu braço com uma força fora do normal.
— Quieta!
Praticamente lhe arrastando, os dois atravessaram o portão da mansão e cada vez que adentravam mais no jardim Annelise se sentia mais perto da morte. Olhou os pavões correndo alegremente e sentiu seu lábio inferior tremer, um bolo crescendo em sua garganta. Quando atingiram o primeiro degrau de entrada, ela engoliu em seco.
Narcisa Malfoy abriu a porta no mesmo instante, olhando com pena para Annelise. Ela deu espaço e pai e filha passaram.
Mais uma vez ela entrava na sala onde uma longa mesa estava disposta e, sem surpresa, Voldemort esperava sentado na ponta. Deu um sorriso rasgado para os Morgerstern e para horror de Annelise, Madeleine estava pendurada por cordas no teto, a boca amarrada com um pano. Os cabelos negros e cumpridos da mãe estavam para baixo. Ela não parecia fazer esforço algum para tentar sair dali, ainda que a menina pudesse ver lágrimas rolando de seus olhos.
Annelise não conseguia se mexer.
Viu seu pai deixá-la parada ali e sentar-se do lado esquerdo de Voldemort, parecendo incapaz de olhar para sua esposa.
— Sente-se, Annelise. — Convidou o Lorde das Trevas, num tom de voz agradável. Ele apontou para a outra ponta da mesa, com uma cadeira livre. A única.
A menina correu os olhos pela sala. Narcisa estava petrificada em sua cadeira, encarando seus dedos entrelaçados em cima da mesa. Lúcio olhava ao redor nervosamente. Seu coração doeu, pensando em Draco.
— Eu lhe disse para sentar. — Voldemort apontou sua varinha para ela. Uma dor descomunal atingiu todo seu corpo e parecendo não obedecer seus próprios comandos, suas pernas se arrastaram até a cadeira e ela caiu sentada com um baque. — Excelente, obrigado. — Ele fez uma pausa. — Estamos aqui hoje para atestar a ineficiência da senhorita Annelise Rosier Morgerstern. Uma pena que uma garota com tanto potencial vinda de duas famílias puras, sonserinas e tradicionais não valha carregar sobrenomes de tanta importância. Eu lhe dei uma tarefa simples, menina. Muito simples.
Ele parou seu discurso. Parecia esperar que ela falasse alguma coisa, então, com as mãos tremendo, ela ergueu os olhos até ele.
— O senhor não entende. Potter não confia na própria sombra. Me deu uma tarefa impossível! Ele nem mesmo sabe o que vo— o senhor quer. — Ela abriu a boca e fechou algumas vezes seguidas, sem dizer nada. Voldemort parecia interessado em ouvir mais dela. — Talvez se essa tarefa me fosse passada mais cedo, eu teria conseguido. Estava quase lá, já éramos amigos!
— De fato, me deu informações valiosas e eu mesmo pude desenvolver sua tarefa, sozinho. Se não fossem por elas, eu não teria conseguido êxito em meu plano. No entanto, senhorita Morgerstern, sinto que você falhou de diversas maneiras. Eu esperava mais de uma Sonserina. Talvez esteja na casa errada. — Ele sorriu assustadoramente outra vez, sem desviar os olhos dela. — Como consideração final, decidi poupar uma vida hoje.
Um suspiro coletivo ecoou pela sala, todos erguendo as cabeças e os olhos para ver o Lorde das Trevas. Parecia mentira.
— Senhor? — Perguntou Joseph, a voz baixa.
— Não será a de Madeleine, é claro. Infelizmente terei de matar uma bruxa excepcional por culpa de seu descuido e preguiça de seguir ordens simples. — Finalmente, os olhos dele se desviaram para o patriarca. — Sua filha precisa aprender uma lição, Joseph.
— Não na frente dela, por favor.... — Pediu sua mãe, a voz fraca vinda de cima de suas cabeças.
Avada Kedavra!
O corpo de Madeleine Rosier Morgerstern se soltou das cordas que a mantinham presa e seu corpo caiu. Annelise, congelada em seu lugar, assistiu sua mãe despencar quase em câmera lenta. Os cabelos negros como a noite cobriram seu rosto, os braços esticados para cima e a ponta dos dedos deslizando pela corda até cair com um baque em cima da mesa, fazendo com que os Comensais da Morte ali presentes se sobressaltassem levemente. Com os olhos arregalados, a menina fez menção de se levantar, mas parou o movimento do corpo no minuto em que viu o braço de Voldemort se erguer novamente, a varinha nas mãos. Ele apontou para ela, mas no último segundo, mudou de alvo.
Avada Kedavra! — A luz verde que saiu de sua varinha atingiu Joseph no peito. O peso de seu corpo fez a cadeira reclinar e ambos caíram no chão.
O silêncio era mortal. Todos, e isso incluía Annelise, tinham absoluta certeza que ela era a pessoa a ser morta naquela noite. Os homens e mulheres sentados ao redor da mesa não conseguiam olhar uns para os outros, muito menos para os corpos do casal Morgerstern.
— Há tempos eu vinha querendo me livrar de Joseph. — O Lorde das Trevas declarou, com uma calma na voz que parecia ser extremamente inadequada para o momento. Ele se levantou, o que fez com que todos se levantassem com exceção de Annelise, que estava em absoluto estado de choque. Ela mal se mexia ou respirava, continuava sentada com as mãos agarrando os braços da cadeira com toda a força que tinha. — Um covarde. — Completou, dando uma olhada geral na sala. — Limpem essa sujeira e tirem essa menina daqui. Não quero voltar a vê-la até segunda ordem, Lúcio.
E dito isso, desapareceu como um estalar de dedos.

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