Capítulo 12

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Annelise parecia ter sido a última a chegar.
Assim que abrira a porta da Sala Precisa, todos os olhos se voltaram nela. Procurou não usar as vestes negras da escola e foi com o , para poder se movimentar melhor. Prendera o cabelo num coque, ainda que alguns fios de cabelo se soltassem, emoldurando seu rosto. Ela fechou a porta e ficou parada, olhando os rostos chocados voltados para ela.
— O que ela está fazendo aqui? — Perguntou uma menina usando roupas da Corvinal.
— Ela é minha convidada, Marietta. — Disse Harry, que estava parado à frente dos alunos. — Annelise é da minha confiança. Já faz tempo que a convidei para vir, mas só hoje apareceu.
— Hum, não quero incomodar vocês... — Sorriu falsamente, os dedos formigando para pegar na varinha e mandar a garota na parede.
— Eu acho melhor ela sair. — Um garoto que ela reconheceu como Zacarias parecia irritado com a possibilidade de Annelise permanecer. — É amiga do Malfoy, vai contar tudo pra ele!
— Não, não vou. — Revirou os olhos. — Eu sei desse clubinho há tempos, seu idiota. Se eu quisesse armar para vocês eu poderia ter feito isso bem antes. — Ela estreitou os olhos com azedume.
— Acho que não devemos julgá-la pela casa, não é? — Disse Gina Weasley. — Se ela está aqui é porque Harry a acha digna de confiança. Não cabe a ninguém querer mandá-la sair. Combinamos que Harry é o líder e assim vai ser.
— É. — Hermione concordou, dando um passo à frente. — Seja bem-vinda à Armada de Dumbledore, Annelise.
Ela andou de queixo erguido, ignorando os olhares atravessados que estava recebendo de alguns presentes. Parou ao lado de Hermione, virando o corpo orgulhosa, abriu um sorriso largo para Zacarias Smith, fuzilando-o com os olhos e prometendo a si mesma que iria azará-lo na primeira oportunidade.
Harry então chamou a atenção dos alunos e começou a explicar passo-a-passo do feitiço do patrono. Parecia ser um pouco complicado no início, mas devagar, alguns alunos começaram a lançar faíscas prateadas da varinha. Harry exibiu seu patrono de veado numa demonstração e então, quatro horas depois, Hermione, Gina e Luna Lovegood conseguiram produzir os seus próprios patronos corpóreos.
Annelise se afastou um pouco, procurando momentos de extrema felicidade em sua mente, sem conseguir escolher nenhuma lembrança de sua infância. Estava cansada de soltar fiapos sem graça da varinha e aquilo começara a incomodá-la. Sempre havia sido uma aluna perfeccionista e não seria na frente daqueles imbecis que ela se deixaria fracassar. Decidiu, então, pelas férias de verão na Califórnia com Krystal, várias lembranças seguidas preenchendo sua mente, a fazendo sorrir. Quase podia sentir o sol americano em seu rosto.
— Expecto Patronum! — Ela apontou a varinha e deixou as palavras saírem. Sentiu uma pressão em seu braço, passando pela mão e os dedos, chegando em sua varinha. Continuou recordando tudo o que podia, e uma luz prateada saiu da ponta da varinha. Finalmente, a névoa que se formara começou a tomar forma.
— Está conseguindo! — Ouviu Potter dizer atrás dela e se virou para sorrir para ele, animada.
Quando tornou a olhar, um lindo lobo a observava de volta, os olhos atenciosos presos nos seus. Ele se virou e começou a correr pela sala, atraindo olhares pela graciosidade e pela beleza extrema que tinha. Annelise sorria tanto que as bochechas doíam e ela pulava, animada, sem conseguir parar de olhá-lo.
— Meu patrono é um lobo! É lindo!
Harry riu.
— É lindo mesmo, Anne. Mas mais do que isso, ele precisa te proteger. Lembrem-se que estamos numa sala de aula, sem nenhum perigo por perto! Assim é muito fácil de produzi-lo!
— Ah, não seja estraga prazeres! — Exclamou Cho, animada, olhando seu patrono em forma de cisne voar pela sala. Annelise a olhou friamente.
— Parabéns, Annelise! — Disse Hermione.
— Obrigada. — Ela sorriu e voltou a olhar seu lobo. — Estou realmente orgulhosa dele!
— Eles são tão bonitinhos! — Disse Hermione, olhando sua reluzente lontra prateada brincando ao redor dela.
O barulho da porta se abrindo e fechando fez com que os alunos olhassem para ela assustados. Um elfo doméstico usando pelo menos oito gorros de lã atravessou a sala dando pequenas olhadas aos alunos e finalmente parou, puxando as vestes de Potter para conseguir sua atenção.
— Que aconteceu, Dobby?
— Harry Potter...ela...ela...
O elfo virou o próprio punho e se acertou em cheio no nariz. Harry o segurou.
— Quem é ''ela'', Dobby? — O elfo não o respondeu. Annelise começou a sentir seu coração palpitar. Alguns alunos tornaram a olhá-la acusadoramente. — Umbridge? — Dobby confirmou com a cabeça e soltou um uivo. — O que tem ela, Dobby? Ela não descobriu isso... nós...?
— Sim, Harry Potter, sim! Está vindo!
Harry olhou os alunos em pânico, que estavam com os olhos arregalados. O elfo começou a se debater.
— QUE É QUE ESTÃO ESPERANDO? CORRAM! — Berrou ele.
No mesmo instante todos dispararam correndo para a porta, saindo embolados de uma vez só. Annelise passou junto com os alunos e parou estática na porta, sentindo um suor frio escorrer pela sua testa. Seu cérebro começou a pensar onde poderia se esconder, já que seria impossível descer correndo até as masmorras e fingir que estava lá o tempo todo. Na porta, sozinha, pôde ouvir Potter ordenando ao elfo que não se machucasse mais, mas um barulho vindo da direita a vez girar o pescoço, assustada.
Draco olhava para ela com uma expressão surpresa no rosto, a varinha apontada em sua direção. Annelise mexeu a boca, procurando algo para dizer, mas ele havia a pegado no pulo. Não tinha desculpas.
— Corra. — Ele murmurou, para a surpresa dela. Ela ouviu mais passos e uma correria, que deviam ser dos alunos da Armada. E também saltos batendo no chão. — Vai!
Annelise correu para o corredor esquerdo sem olhar para trás, colocando toda a energia de seu corpo nos pés para que atingisse maior velocidade. O coração pulsava de adrenalina e sentiu as bochechas esquentarem. Felizmente, não foi vista pelos alunos da Sonserina, que ela viu pegando alunos do grupo. Desceu as escadas correndo, por pouco não tropeçando, e chegou no terceiro andar com os pulmões queimando, implorando por ar. Andou pelo corredor com as pernas tremendo e enxugando o suor da testa com as costas da mão, entrou na Biblioteca e se enfiou entre as prateleiras, se sentando num banco perto da janela e fazendo exercícios de respiração para se recuperar mais rápido. Poucos minutos depois, ouviu Draco na porta da Biblioteca.
— Se esconda, Crabbe, caso alguém esteja tentando vir aqui. Eu olho dentro. Se alguém estiver ofegando, imobilize e leve para Umbridge.
— Tá bem.
Annelise voltou a tremer de nervoso, ainda que Draco houvesse a poupado uma vez, cada passo que ele dava mais para dentro da biblioteca ecoava alto em seus ouvidos. Ela segurou nas beiradas do banco, sentindo o peito subir e descer com a respiração ofegante. Finalmente, ele parou na frente dela, os fios louros caindo sob a testa e os olhos cinzas brilhando. Draco abriu um sorrisinho.
— Você é tão previsível! Sorte a sua que era Crabbe comigo. Se mais alguém viesse, não poderia impedir de levarem você.
— Não tenho medo da sapa. E eu sei que ela vai descobrir que eu estou envolvida.
— Como pode ter tanta certeza?
— Isso não é da sua conta!
— Você é louca. Louca! Como foi se envolver com grifinórios? Com Potter?! — Draco se aproximou, falando baixo. Annelise suspirou e ficou em pé, estendendo os pulsos.
— Pode me levar se quiser. — Disse, de queixo erguido.
— Não vou. — Respondeu ríspido, dando um passo para trás. — Vá para o dormitório.
— É melhor me levar, Malfoy. Mais cedo ou mais tarde a professora vai descobrir e pensar que me poupou. Eu aguento lidar com ela. — Ela ergueu os braços outra vez.
Draco pareceu pensar, as sobrancelhas se unindo e os olhos cinzas corriam o rosto dela até os pulsos. Ele passou a língua sob os lábios e se virou, indo pelo corredor entre as prateleiras.
— Dormitório, Annelise. — Disse com a voz seca, saindo pela porta em seguida.

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