Capítulo 6

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 — Só mais uma coisa muito importante – ela fala se levanta e indo lavar a louça da pia.

— O que? – Ele a olha apreensivo.

— Você sabe que eu sou uma torcedora de carteirinha dos panteras – ele sorri. – E sabe que, sempre que posso, vou estar lá em jogos importantes e decisivos para dar apoio. Principalmente para você. Então, Vítor, nunca mais me deixe para trás desse jeito. Poxa, eu não vi o jogo que levou o time para a semifinal por sua culpa e, pior, você fez o gol da classificação e eu não estava lá.

— Eu sei! – Ele vai até ela e a abraça por trás. – Desculpa, eu sou um sem noção por deixar a nossa maior torcedora de fora dessa decisão importante. – Ele beija o pescoço dela. – Você é a melhor, sabia?

— Claro que sei! Mas, você vai se virar e fazer um gol pra mim na semifinal, ouviu?

— Vou fazer dois!

— Você sabe que se não fizer, eu vou te encher até me cansar.

— Eu vou fazer – ele sorri e à solta –, sou o artilheiro do time.

— Você e o Marcelo estavam empatados.

— Mas ontem eu fiz três gols e disparei na frente – ele fala todo exibido.

— Você fez três gols? – Ela o olha.

— Aham, ganhamos de virada, ficou de três a dois. Foi um jogão!

— Idiota! – ela joga o pano de prato nele. – Vamos jantar.

— Vamos!

Duas semanas depois.

— Você está bem? – Sofia fala observando o marido.

— Já perguntou isso mil vezes e eu já disse que estou bem.

— Não me convenceu.

— Me deixa, caramba! – ele diz irritado. – Eu estou cansado e ainda tenho que terminar o planejamento estratégico da empresa. Já não basta a pressão do meu chefe, agora vem você com isso? Se eu disse que estou bem, eu estou bem e ponto – ele diz muito grosso.

— E eu estou insistindo porque sei que não está! – Ela começa a andar. – Não precisava ser grosso, só estava preocupada.

— Certo, agora me deixa! Eu tenho que terminar isso.

Tempo Depois

— Oi! – Vítor fala senta ao lado da esposa.

— Oi – ela continua mexendo no notebook.

— O que está fazendo?

— Trabalhando e você está me desconcentrando – ela fala ainda olhando o notebook.

— O que exatamente está fazendo?

— Vítor...

— Eu só quero saber, Preta.

— Estou planejando a viagem do meu chefe para a Inglaterra. – Ela o olha.

— Isso também é sua função?

— Uma secretária faz tudo.

— Por que não fez isso lá no escritório?

— Isso que estou fazendo é por causa de um contra tempo. Bom, você sempre traz coisas do trabalho para casa também e eu não fico reclamando e enchendo seu saco... Por mais que me incomode.

— Pesado, Sr.ª Bueno! – Ele deita a cabeça no ombro dela. – Você gosta do que faz?

— Ser secretária de um administrador que eu admiro e respeito?

— É, você gosta disso? Se sente bem e feliz?

— Sim, apesar de não ser a profissão que pretendo seguir, eu gosto e me sinto bem de estar lá e fazer o que faço. Sem contar que estou aprendendo várias coisas com o meu chefe e acabo ganhando experiência para ser a grande administradora que pretendo ser um dia. Junto o útil ao agradável.

— Seu chefe não é um babaca com você?

— Não, e você está cansado de saber isso, a gente se entende bem. Eu faço meu serviço e ainda ganho vários conselhos dele sobre a profissão e todo esse mundo empresarial. Criamos um laço que vai além do profissional. Ele me vê como sua pupila e disse que lembro a filha dele, então nossa relação é ótima.

— Entendi – ele suspira.

— Me conta, o que está acontecendo? – Ela beija a cabeça dele.

— Eu não gosto do meu emprego, não me sinto bem lá. Comecei com o estágio e depois fui contratado, porque me destaquei. Acontece que nunca gostei daquilo, mas eles pagam bem, eu pretendia me casar e só fiquei esse tempo todo por precisar do dinheiro. Segurei toda essa barra nesses dois anos e meio, estou nessa empresa a quase quatro anos e sempre foi assim. O chefe chato fica me explorando, sendo um babaca, me humilha o tempo todo e eu não estou bem com isso. – Ele tira a cabeça do ombro dela.

— Você não gosta do que faz ou não gosta da empresa onde trabalha? – Ela fecha o notebook.

— Um pouco dos dois. Me formei em marketing, mas pretendia trabalhar na parte de mídias sociais e não em planejamento estratégico. Quando estava na faculdade, você quem me deu a ideia do estágio, lembra? – ela concorda. – Na época, não me importava com o tipo do estágio e, por isso, fui fazer o que estava disponível. Ainda tem isso do meu chefe que só sabe cobrar e cobrar, acumular funções que não deviam ser minhas e, por mais que eu sempre faça exatamente o que ele quer, nunca parece estar bom.

— Se não gosta de trabalhar lá e nem do que está fazendo, deve procurar um novo emprego na área de? – Ela o encarou esperando uma resposta.

— Mídias sociais.

— Isso! Olha, não vale a pena trabalhar em um lugar que não gosta e fazendo aquilo que não gosta só por causa do dinheiro.

— Não posso sair de lá agora que a gente acabou de se casar.

— Por que não? Se está infeliz com isso – ele se levanta –, está se matando de trabalhar atoa. Você me disse que seu chefe só sabe reclamar, então não entendo.

— Se eu sair, não sei quando vou conseguir outro emprego e, com isso, não vamos ter dinheiro e....

— Você sabe que existe seguro desemprego, não é? E mesmo que não existisse, eu trabalho e recebo bem. Conseguimos pagar todas as contas e sobreviver com isso, afinal temos nossas economias se precisarmos e podemos economizar cortando certos hábitos e gastos também. – Ela levanta e o abraça pela cintura. – Não vamos passar fome e você vai sim conseguir um emprego bem rápido! Só tem que ter fé!

— Não quero ser um peso, muito menos fazer você cortar certas coisas que sempre teve.

— Amor – ela o beija –, você não vai ser um peso, ouviu o que eu te disse?

— Não sei se é uma boa. Estou com medo e não quero que a gente passe por dificuldades.

— Não vamos passar! – Ela aperta a bochecha dele. – Eu não quero você infeliz com o que faz profissionalmente, porque isso vai refletir na nossa relação.

— Desculpa por descontar minhas frustrações em você.

— Pense, tome uma decisão sobre isso e não se preocupe com dinheiro, porque não é um problema. Aliás, mesmo se fosse, daríamos um jeito. Não quero que fique frustrado com sua profissão, nem estressado e, muito menos infeliz. Não tem porquê disso se você é capaz de alcançar coisas incríveis fazendo o que gosta. Sem contar que estresse e irritação só fazem mal a sua saúde e, consequentemente, a nós.

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