Na riqueza e na pobreza

Capítulo 13

Durante o tempo que ficaram lá, Sofia mal abriu a boca para falar algo e, quando disse, foi para responder o seu marido. Em contrapartida, Luiza sempre soltava um comentário maldoso ou jogava indiretas, Vítor a repreendia e Sofia respirava fundo para não revidar.

— Eu nunca mais vou na casa da sua mãe – ela diz muito irritada ao entrar em casa.

— Desculpa por aquilo! – ele diz chateado.

— O pedido de desculpas não tem que ser feito por você. Eu cansei disso, nunca mais vou na casa dela, na verdade, vou evitar sua mãe o máximo possível. Cansei de passar por essa situação chata, cansei dos desrespeitos e provocações. – Ela o olha. – Eu ouvi a discussão de vocês.

— Ham? – Ele faz careta.

— Naquela época você não passava de um amigo. – Ela se joga no sofá. – Eu não sabia que era apaixonado por mim e você sabe disso.

— Mô, n...

— Estou desabafando! Apenas me deixe falar, porque aquele dia você disse algo parecido.

— Que dia? – Ele para perto do sofá e a olha.

— Aquele que encontramos com o Samuel. – Ela respira fundo. – Você disse que ele era a pedra no seu sapato. Algo sobre estar se lembrando da época que ele veio te atrapalhar logo quando finalmente conseguiu fazer com que eu te notasse e que eu caí na dele por ser apaixonada – ela o olha –, então você precisa escutar o meu lado da situação! – Ela levanta. – Naquela época, eu não te via de outra forma e não sabia dos seus sentimentos por mim! Vítor, você era apenas um amigo que tinha ficado mais próximo por causa da minha situação frágil e complicada. Você me dava apoio! Eu tinha acabado de sair de um relacionamento que havia me machucado muito, mas ainda era apaixonada e fui uma idiota de ter voltado pra ele mesmo sabendo que ia me machucar mais. Tanto que só durou uma semana. Fui ainda mais idiota por não ter notado que você era apaixonado por mim e eu procurei saber o porquê quando você se afastou. Você me disse o que sentia e tudo o que aconteceu nessa semana que eu tinha voltado com o babaca do Samuel. Eu fiquei muito mal por ter feito você chorar, sofrer e tudo mais. Eu fiquei mal por não ter visto isso, VOCÊ sabe que não fiz de propósito e, se eu soubesse, evitaria ao máximo.

— E....

— Eu sinto muito por ter feito você sofrer e por te fazer esperar um tempo antes de decidir dar uma chance pra nós. Sei que também sofreu nesse período, mas eu precisava organizar meus sentimentos para tomar esta decisão importante e fiz a melhor escolha da minha vida. Sim, eu era apaixonada pelo Samuel, mas o que eu sinto por você é amor! Poxa, EU TE AMO! Me diz o que é mais forte: Uma antiga paixão ou o amor que tenho por você?

— O amor – ele diz constrangido.

— Exato, o amor! Então por que disse aquilo? Caramba, sua mãe não tem outra desculpa melhor para justificar o rancor dela por mim? E mesmo que isso fosse um motivo aceitável, por que ela me trata tão mal assim? Desde que tomei a minha decisão, sempre te respeitei, cuidei e sempre faço de tudo para te fazer feliz. Não me lembro de ter feito você sofrer nesses cinco anos! Eu NUNCA, NUNCA A DESRESPEITEI, MALTRATEI E NEM, SE QUER, LEVANTEI A VOZ MESMO QUANDO EU ESTAVA NO MEU DIREITO DE "SOLTAR OS CACHORROS". Sinceramente, não consigo entender o porquê dela não gostar de mim, me tratar muitas vezes pior que um cachorro e usar aquela situação como desculpa pra me julgar e dizer todas aquelas coisas. Eu nunca dei motivo e ela nem tentou me conhecer ou se aproximar de mim. – O olha. – Isso machuca, sabia? Ver ela tratando todas as outras quatro noras como filhas e eu... Bom, sou só a vilã má que roubou o seu filhinho e que o faz sofrer mesmo sempre fazendo de tudo para agradá-la e te fazer feliz. Isso nunca vai mudar pra ela e eu cansei de aguentar tudo isso calada – ela fala gesticulando com as mãos.

— Ei, – Ele a abraça. – Ela age assim porque não te conhece e nunca tentou te conhecer. Não tem uma justificativa além disso – Ele a abraça mais forte. – Ela não sabe nada sobre você e não tem o direito de te tratar assim, então não vou mais forçar a barra entre vocês, tá bom? Me desculpa! – ela não responde. – Também quero me desculpar por ter falado aquilo, sinceramente, nem me lembrava. Sei que não queria me magoar e eu fui um idiota ao ter aquela atitude por estar com ciúmes.

— Eu vou tomar banho, temos que ir ao culto – ela se solta.

— Não, eu vou primeiro! – ele diz já indo. – Aí você pode fazer a hora que quiser no banheiro.

— Não sai molhando o corredor quando for para o quarto.

Na terça.

— Acorda! – Vítor diz a beijando. – Mô! – Ela corresponde aos beijos, mas não abre os olhos. – Acorda!

— Shiu – Ela o puxa para mais um beijo.

— Não! – Ele se afasta rindo. – Sabe que hoje é terça e você trabalha. Aliás, está atrasada! – Ela abre os olhos.

— Que saco! – ela o empurra para o lado – Tem uma reunião 8:30 e, como a secretaria do responsável, tenho que estar presente. – Ela levanta. – O Jackson vai me matar! – Ela olha as horas. – Vítor! – Ele começa a rir.

— Você não acordou com meus beijos e a solução foi falar isso.

— Você é um idiota! Por que me acordou meia hora mais cedo? – Ela coça os olhos.

— Porque eu acordei cedo e não estava conseguindo dormir.

— E o que eu tenho a ver com isso? Vítor, meia hora dá pra dormir muito. – Ele ri.

— Tem tudo a ver com isso, porque é a minha esposa.

— Se você continuar me acordando em horas inapropriadas, eu vou me divorciar de você. – Ela volta pra cama.

— Ah, que linda! Quer dizer que a bebê pode me acordar no meio da madrugada quando está com insônia ou atoa, mas eu não posso te acordar meia hora mais cedo que o normal? – ele diz a abraçando.

— Como você disse, EU SOU UMA BEBÊ! – Ela o beija. – Você teve pesadelo?

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