Capítulo 14

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A primeira providência que Renato tomou foi ligar para Gabriela. Nicete atendeu e avisou:

— O Dr. Renato quer falar com você.

Gabriela estremeceu. Deveria voltar à empresa na manhã seguinte. Por que ele ligara antes?

Nervosa, foi atender:

— Alô. Sim, é Gabriela.

— Preciso falar com você, mas não pode ser pelo telefone.

— O senhor marcou para eu voltar amanhã.

— Não posso esperar. O assunto é delicado e urgente. Já descobri quem foi.

Gabriela sentiu ligeira tontura e as pernas bambas. A emoção foi tanta que não conseguiu responder.

— Está me ouvindo?

— Sim — murmurou ela.

— Você está bem? Sua voz está fraca.

— Não tenho conseguido dormir nem me alimentar depois do que aconteceu. Se tudo estiver esclarecido, ficarei bem.

— Temos que conversar sem que ninguém saiba. Não diga nada a ninguém. Pode vir encontrar-se comigo agora?

— Na empresa?

— Não. Nossa conversa precisa ser sigilosa. Passarei perto de sua casa para apanhá-la.

- Aqui não. Roberto é muito ciumento e pode não gostar.

— Onde então?

— Na praça que fica a quatro quadras daqui. Sabe onde é?

— Sei. Vou sair agora. Pode esperar.

Gabriela sentiu seu estômago dar sinal e lembrou-se de não haver jantado na véspera nem tomado café da manhã. Procurou Nicete e pediu:

- Preciso sair. Enquanto me visto, pode me arranjar uma xícara de café com leite?

— Claro. O que aconteceu? A senhora parece melhor, está até corada!

— Por ora não posso contar. Tive uma notícia muito boa. Na volta eu explico. Se Roberto aparecer, diga apenas que fui dar uma volta, fazer umas compras. Não fale do telefonema do Dr. Renato.

Arrumou-se rapidamente, engoliu o café com leite, comeu a generosa fatia de bolo que Nicete colocara ao lado e saiu. Caminhou a passos rápidos até a praça. Ainda não teria dado tempo para ele chegar, então Gabriela sentou-se em um banco para esperar.

Mesmo sem saber o que acontecera, sentia-se aliviada. Finalmente saberia quem fez aquela maldade, poderia voltar ao emprego.

Quando viu o carro de Renato aproximar-se, levantou-se e foi até ele, que parou, abriu a porta e ela entrou.

— Espero que esteja melhor — disse ele.

— Fiquei aliviada depois que falei com o senhor.

- Vamos procurar um lugar sossegado para conversar.

Ele deu algumas voltas e parou sob uma árvore em uma rua deserta e residencial. Gabriela olhou para ele esperando. Renato começou:— O que vou dizer é muito grave. Atinge a nós dois.

- Como assim? O senhor disse que descobriu quem falsificou os cheques.

— Com isso resolvemos um problema mas descobrimos outro.

— O senhor me assusta!

— Não é esse meu intento. Eu disse que iria investigar. Para isso contratei um detetive. Hoje à tarde ele apareceu e trouxe este relatório.

Ninguém é de Ninguém - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora