Capítulo 18

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Depois que Renato se foi, Gabriela tirou os sapatos, afrouxou a roupa e deitou-se vestida, como fazia todas as noites no hospital, pronta para qualquer emergência.

Sentia-se mais calma. Reconhecia que, de alguma forma, receberá ajuda. Mas ao mesmo tempo questionava-se sobre o futuro. O que lhe estaria reservado? E se aquela mulher conseguisse mesmo levá-lo e ele morresse?

Tentou reagir. Cilene aconselhava-a a cultivar pensamentos otimistas, precisava controlar-se.

Fosse o que fosse que lhes acontecesse, teria de enfrentar. Seus filhos precisavam de apoio, ela estava disposta a ampará-los com amor e disposição. Depois de haver decidido isso, fechou os olhos e adormeceu.

Acordou com o ruído da atendente trazendo a bandeja do café. O dia havia amanhecido e ela se levantou rapidamente. Lavou-se e mesmo antes do café foi informar-se sobre o estado do marido.

Ao chegar ao corredor da UTI, viu que a enfermeira estava na porta do quarto de Roberto dizendo a dois médicos que se aproximavam:

— Depressa, doutor! Gabriela correu assustada, mas a porta fechou-se antes que ela chegasse. Roberto teria piorado?

Não podia esperar. Bateu nervosa. A enfermeira entreabriu a porta e Gabriela disse logo:

- O que está acontecendo? Vi quando chamou os médicos. Quero entrar para ver meu marido.

A enfermeira saiu, encostou a porta e respondeu: — Calma. Ele está bem. — Não queira me enganar. vi quando pediu para irem depressa. - Sim. É que me pareceu que ele estava acordando. - Quer dizer que... - Não posso afirmar nada. Os médicos estão examinando-o. — Deixe-me entrar. Quero saber o que está havendo. - Acalme-se. Não comente com os médicos, por favor, mas acho que ele está melhor.

— Tem certeza? - Isso só eles poderão dizer. Tenha um pouco de paciência. A porta abriu-se e um dos médicos chamou a enfermeira. Ela entrou, fechou a porta e Gabriela ficou esperando do lado de fora.

Pouco depois a enfermeira reapareceu e, vendo Gabriela, disse: — Preciso ir buscar um medicamento. Eles estão esperando. Acho que seu marido está saindo do coma.

Gabriela sentiu as pernas bambearem. Procurou o banco mais próximo e sentou-se. A enfermeira voltou logo e entrou na UTI. Gabriela continuou esperando. Depois de alguns minutos, a porta abriu-se e um dos médicos fez sinal para Gabriela se aproximar.

— Seu marido saiu do coma. Perguntou pela senhora. — Posso vê-lo? — A senhora está muito nervosa. O estado dele ainda é delicado. Está muito fraco.

- Por favor. Desejo falar com ele. Estou emocionada, mas sei me controlar.

— Ele precisa de repouso absoluto. Se puder acalmá-lo, vou permitir que entre. Sei de tudo que aconteceu. Se for para falar do que houve, melhor não ir.

— Não, doutor. Apesar do que ele fez, salvou minha vida. Depois, desejo que se recupere.

Ele precisa saber que estou bem. — Nesse caso, pode entrar. Gabriela entrou no quarto e aproximou-se do leito. Roberto! Ele abriu os olhos e, vendo-a, disse baixinho: — Perdão, Gabriela. Estou arrependido. Ela segurou a mão dele e respondeu:

Eu sei. Não se preocupe com isso agora. Está tudo bem. — Você está bem? Não ficou ferida? - Não. Agora que você melhorou, tudo está bem. Vamos esquecer o que passou.

— Não posso. Está doendo ainda dentro de mim. quando vi Gioconda com a arma apontada contra você, quase enlouqueci.

— Acalme-se. Tudo já passou. Não falemos disso agora. Se continuar, os médicos não vão me deixar ficar aqui. Você precisa se recuperar em paz.

Ninguém é de Ninguém - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora