Capítulo IV - Episódio 16

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Ivy e Sabrina chegaram ao galpão que Derris havia marcado em um mapa improvisado da Vala. Ambas se sentiram muito mal em andar por lá.

— Anita tinha um sonho de infância de tornar esse lugar um paraíso — comentou Ivy, fugindo de dois ratos que atravessaram a rua.

— Sonhos... — comentou Sabrina aos ventos. — Acho muito difícil isso mudar. Os que podem ajudá-los, em vez de tirá-los da miséria, fazem suas fezes serem jogadas aqui, sobre suas cabeças.

Ivy sentiu raiva do comentário de Sabrina. Isso era uma novidade. Muitas coisas irritavam Ivy, e Sabrina estava entrando na lista de coisas que a tiravam do sério.

— Você acha que vai conseguir o livro?

— Não sei — respondeu Sabrina. — Talvez a Mestra Anima possa me ajudar, caso contrário vai ser bem difícil. Além do mais, estou começando a ficar com medo de fuçar nas coisas por aí.

Seguiram pelas vielas até que encontraram o grande galpão. Os portões estavam abertos, havia guardas, e pessoas entravam e saíam carregando barris. Um deles tropeçou com o barril e um pouco de pó negro caiu de dentro dele.

— Uau — comentou Ivy. — Estão trazendo tanto assim?

— Quero saber onde ele vai guardar o produto final. Essa quantidade incendiaria a Vala e a apagaria para o resto da história.

As duas entraram pelos grandes portões e encontraram Anita conversando com os soldados.

— Enfim vocês chegaram — comentou ela, sem rodeios. — Leiza e Derris estão nos esperando.

— Era melhor ter mantido o combinado — comentou Sabrina com desgosto. — Esse lugar é terrível. Pior que a última vez que estive aqui.

Anita a repreendeu com um olhar e seguiu em silêncio. As duas a seguiram pela porta do barracão e continuaram caminhando por uma grande sala. Ivy imaginou que o significado de "galpão abandonado" fosse salas vazias, ratos e escuridão, mas Derris parecia ter posto aquele lugar para funcionar. Em algumas salas, os trabalhadores empilhavam barris cheio do minério negro em outros barris vazios.

O galpão estava todo organizado, limpo e iluminado. Algumas portas que estavam quebradas também estavam sendo concertadas, com pregos e dobradiças. As telhas quebradas também estavam sendo trocadas.

Tudo estava planejado para uma grande operação.

No último salão em que entraram, um montanes gigante largava um fardo com uma dezena de canos compridos.

Derris e Leiza as cumprimentaram.

Abayomi Leiza era um homem simpático e elegante caminhante do deserto, vestia-se a rigor conforme os costumes de sua terra. Um grande turbante branco na cabeça e roupas largas e avermelhadas, feitas de tecidos finos, ótimos para dias de calor. Com seu sorriso amigável, se aproximou e beijou Ivy em sua mão.

— Senhorita, é um prazer conhecer alguém dos cabelos vermelhos. Só ouço isso nas histórias.

— Somos poucos — respondeu não conseguindo esconder o sorriso perante a simpatia do homem. — Então você é o senhor das águas?

— Dos canos — respondeu ele e se dirigiu para Sabrina. — Minhas invenções geram apenas movimento. Não tenho esse poder nato, de vocês, povo do Sol. Seria interessante unir meus conhecimentos à magia, mas receio que haja algo que nos impeça.

Toda a simpatia que Ivy sentia pelo homem desapareceu. Ela preferia ter esse poder do Homem do Sol, assim como Sabrina. Por isso ela também tinha escolhido o caminho do movimento. Movimentar verdades para dentro de livros e registrar os eventos da história.

A saga dos filhos de Ethlon I - Porto das PedrasOnde histórias criam vida. Descubra agora