Desfecho

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O tempo passou e uma barragem foi construída para impedir a passagem da água para a Grande Vala de Porto das Pedras.

Em proveito à construção realizada, o Enlouquecido ordenou que o Olho fosse movido para uma pequena fortaleza construída dentro da represa. Lá também foi fundada a Escola dos Mistérios, uma linha de estudo para investigar e descobrir os segredos que se encontram além do nosso mundo.

O antigo porto, que há mais de mil anos não funcionava, continuou inativo, pois a represa impediu a água de tocar nas antigas docas. Em uma das laterais da barragem, um porto novo foi construído e a era do comércio voltou a reinar em Porto das Pedras.

A inundação acabou com muitas áreas de terra em todo o Oeste de Ethlon. Terras do Planalto Solar e Costa Vazia foram engolidas pela onda. Os Charcos Eternos perderam muito de suas terras e o alto nível do mar transformou os charcos em algo que as histórias descreviam como um lugar pantanoso e fedido, onde o homem teimoso insistia em habitar.

Lugares inabitados também foram engolidos pela onda, mas, nesses lugares, não havia ninguém — ou ninguém sobreviveu — para contar as histórias.

Homens famosos e importantes, como Atur Chalor, perderam todo seu poder. Suas terras, agora, viviam submersas em água salgada, e de lá não vinha mais o seu famoso leite.

A reconstrução do Obelisco trouxe o sol de volta para Ethlon e, por consequência, a vida seguiu. Seguiu boa para o Homem do Sol e terrível para os Terras-Ruins.

A Leste, antes mesmo das cordilheiras, o povo das Terras-Ruins não sentiu o baque da onda. Para eles, foi apenas um evento em que o sol desapareceu por alguns dias e logo voltou. Os matemáticos, como Abayomi Leiza, tentavam calcular a existência de um astro oculto que poderia ter escondido o sol por aquele tempo.

Apesar de estarem aquém dos eventos de Porto das Pedras, algo aconteceu naquele dia que deu início à maior guerra que qualquer pessoa pudesse esperar. Uma revolucionária portando o projeto de armas nunca visto antes surgiu em Llanuras Perdidas trazendo esperança para o seu povo.

Juntos, os Terras-Ruins levantaram suas armas. Melhoraram-nas. Criaram novas engenhocas. Novas tecnologias. Se dependesse deles, a magia estaria com os dias contados.

Entretanto, o Imperador Rubellius, intitulado Imperador do Mundo depois da conquista da Costa Vazia, não poderia perder seu espaço e a supressão contra a revolução foi feita com aço e magia.

Mas essas são histórias que serão contadas em outros pergaminhos. Eventos que serão gravados em outros quadros. As tintas de Porto das Pedras cessaram por aí.

Quando o Enlouquecido descia as escadarias da Torre da Visão, antes mesmo de enlouquecer, ele viu um dos quadros de que nunca tinha ouvido falar. Era o desenho do sol que brilhou depois de um dia de chuva, com as ruas ainda molhadas de água. Não dava para identificar se era Porto das Pedras ou era uma cidade portuária, pois Luan nunca havia visto o mar. A única coisa que ligava à imagem de Porto as Pedras era uma ponte que estendia sobre o mar e que era muito parecida com a Extensão dos Ventos, havia uma represa que impedia a água do mar de inundar a cidade.

Sob a ponte, havia um pedaço da cidade, assim como era a Grande Vala, entretanto, a cidade era bela e conservada.

Talvez aquele quadro não tratasse do passado, como todos os quadros, e sim do futuro. Um futuro que ainda demoraria muito para chegar.

A saga dos filhos de Ethlon I - Porto das PedrasOnde histórias criam vida. Descubra agora