O Réquiem das Máscaras

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Em meio ao preto do escuro, acendiam-se as mais doces cores, oscilando entre elas em um arco-íris circular. Primeiro o vermelho, depois o laranja, seguindo para o amarelo, verde, culminando no azul e usando o púrpuro e o rosa para enfim retornar ao vermelho. Sete doces de cores diferentes arrumados em uma caixa de presente cinza que Charles agora fechava e enfaixava.
— Não preciso nem perguntar para quem é. – disse Leonardo se aproximando da forma sorrateira e inesperada de sempre.
Depois de tantas semanas, Charles já havia se acostumado com o jeito inconveniente e intrometido do rapaz asiático; não se surpreendia mais.
— Ela adora doces. O que mais eu poderia dar? – indagou.
— Nada, ora. Literalmente. Natal é coisa de vivos.
Charles colocou o presente dentro de uma sacola de plástico e se virou para encarar Leonardo. Os dois fantasmas estavam no terraço do prédio abandonado no qual habitavam. O décimo segundo dia de dezembro alcançava sua décima segunda hora, coberto por um horizonte negro, nebuloso e apagado. Nem as estrelas, ou sequer o luar, iluminariam sua hora de transição.
— Beber também é, mas você está sempre fazendo isso. – revidou Charles caminhando até a saída do terraço.
— Morri por isso, que sentido teria em parar agora? Seria muita hipocrisia, não acha? Seria como se você deixasse de ver seu “amigo”.
Charles adotou o silêncio como resposta. Olhou para o chão com o peso da vergonha em seu pescoço. As lembranças como peçonha em sua cabeça. Os olhares… tanta raiva… tanto ódio…
— Não foi por ele que eu morri. – desmentiu Charles. – Não foi.
— Você nunca me disse como você morreu, mas o jeito que você se apegou a esse garoto… me diz tudo. – continuou Leonardo caminhando atrás de Charles pelas escadas do prédio.
— Deixe isso pra lá. Não faz diferença.
— Faz toda a diferença do mundo. Você não estaria aqui senão gostasse de Heitor de uma forma…
— Nós não vamos falar sobre isso. – decretou Charles com um timbre sério e definitivo.
Leonardo segurou o braço de Charles, impedindo-o de prosseguir.
— Pode não querer falar sobre isso, mas você sabe qual é o fim dessa história, não sabe?
O rosto de Leonardo estava bem próximo ao pescoço de Charles, de modo que suas palavras sussurradas assemelhavam-se a irritantes ondas elétricas. Charles sabia do que Leonardo estava falando, dos riscos que sua proximidade com Heitor trazia tanto a ele quanto ao fantasma. Questionava-se sobre isso todos os dias, mas não o faria agora. Não faria.
— Preciso achar um lugar para guardar isso. Não quero que Otávia ache antes do dia. – disse, ignorando as palavras de Leonardo.
O garoto se soltou de sua mão e continuou a descer as escadas. Depois de alguns segundos, Leonardo voltou a acompanhá-lo.
— Leonardo, por favor…
— Temos um estacionamento subterrâneo. – disse Leonardo ultrapassando-o. – Quase ninguém vai lá, exceto pelo Maquinista. Você pode esconder o presente lá.
Charles olhou para as costas do fantasma asiático. Não sabia se ele continuaria a perturbá-lo, mas eram raras as vezes nas quais ele oferecia ajuda, então decidiu se arriscar.
— E onde fica isso? – perguntou.
Leonardo virou seu rosto para olhá-lo e sorriu.
— Vem. Eu te levo.

As bases do prédio estavam corroídas pelo tempo, como raízes podres de concreto, pilastras comidas pelo abandono até seus ossos de ferrugem. Haviam enfrentado um grande incêndio no passado, e naquela noite, o fogo voltara a lhes visitar. Chamas acesas em um pequeno barril. O estranho indigente que acompanhava os fantasmas estava deitado ao lado de sua fogueira, adormecido e trêmulo. Maquinista era como Marcus decidira chamá-lo há alguns anos, visto que o menino havia quase morrido ao tentar viajar em cima de um trem. Seu corpo sofrera sérios danos devido à eletricidade, deixando em suas lembranças traumas que alimentavam seus pesadelos até hoje.
Marcus estava acostumado a dar bons sonhos ao pobre garoto, e em troca o menino ajudava os fantasmas quando necessário. Porém, naquela noite, quando o fantasma mulato e baixo desceu ao estacionamento, encontrou o menino acompanhado por alguém a quem desejava jamais ver outra vez. Marcus parara de andar assim que se aproximara do fogo. Os olhos, aqueles olhos, eram como cadeias roxas, aprisionando o espírito em seu próprio passado. Uma cela de barulho de chuva e rugido de raios. Marcus apoiou a mão na testa, tentando afastar as lembranças daquele dia. Os gritos…
— Vá embora… - conseguiu dizer, mas aqueles olhos roxos não iriam a lugar nenhum.
Eles estavam fixados em Marcus, inertes e paralisados como se pertencessem a uma estátua felina, mas o gato negro não era nem um pouco irreal. Era verdadeiro, e estava ali. Realmente estava ali.
— Não irei me demorar. Prometo. – disse o gato com um timbre pesado e grosso que apenas Marcus conseguia ouvir.
O menino analisou a cena. O felino estava parado ao lado do Maquinista, o barril de chamas não estava a mais de um metro distante. Talvez se…
— Nem tente. – prosseguiu o gato voltando seus olhos para o fogo. – O fogo não pode me matar. Não por muito tempo, pelo menos. E não temos quase tempo nenhum. Ou melhor… - sem virar o rosto, os olhos do gato capturaram Marcus mais uma vez. -… você não tem.
O que aquilo significava? Por que ele estava ali? Como havia o achado? Há quanto tempo sabia da localização de Marcus? E a quem contara? Mil perguntas se juntavam na mente do menino, criando uma massa de desespero tão intensa que fizera todo o corpo astral de Marcus cintilar com uma silhueta verde, sinal de que seu esquizograma estava sendo atiçado. Seu autocontrole testado.
— Diga o que quer, Aman, ou o fogo vai parecer um cafuné perto do que vou fazer com você. – ameaçou.
O gato lambeu uma de suas patas e olhou para trás sem se sentir intimidado.
— Não é comigo com quem você deveria estar preocupado. – disse Aman. – Ela sabe que você está aqui.
Ela… todos os gritos ecoaram nos ouvidos de Marcus. Ele os tapou com as mãos e fechou os olhos com força, mas não conseguiu evitar a lembrança. Os berços… as crianças… eram tão pequenas. E as marcas… o que ela fizera… era insuportável. Marcus caiu de joelho e tremeu. Suas emoções borbulhavam dentro de si como se estivessem em um caldeirão. Podia sentir sua marca queimar na base de seu nariz. Estava perdendo o controle.
— Como…? – perguntou. – Quem…
— Quem lhe contou não importa mais. Ela sabe onde você está e com quem você está. Ordenou que as Máscaras trouxessem você e todos aqueles que estiverem com você.
— Não… não… - dizia Marcus desesperado. – NÃO!
— Ela não pode achar o que você roubou, Marcus. Não pode. Por isso vim lhe avisá-lo.
Marcus olhou para o gato. A intensidade de seu ódio afetando as chamas do barril, orquestrando-as.
— Quanto tempo? – perguntou entredentes.
— Alguns minutos, vinte talvez… - então Aman se virou e começou a adentrar as trevas do estacionamento. Sua voz cada vez mais distante. – Vá, Marcus. Eles estão vindo.
O gato desaparecera deixando Marcus com uma terrível escolha. Se aquilo houvesse acontecido antes, não estaria nem um pouco abalado, antes estava sozinho, ou quase. Mas agora…
— AH!!!! – vociferou chocando seus punhos no chão.
As chamas da fogueira se elevaram até o teto e se apagaram, deixando apenas o brilho jade da marca de Marcus como iluminação.
Charles e Leonardo o observavam de trás de uma das pilastras. Viram e ouviram o fantasma mulato falar e se desesperar, mas não sabiam o porquê. Charles queria falar com Marcus, pergunta-lhe o que estava acontecendo, mas Leonardo havia o prendido em seus braços e tapado sua boca. Quando conseguira se soltar, Marcus já havia saído do estacionamento.
— Por que você fez isso?! – resmungou Charles irritado
— Porque você só iria piorar as coisas. Agora cale a boca. – explicou Leonardo segurando o braço de Charles e o puxando para as escadas de incêndio. – Vamos segui-lo.
Sabendo que era inútil protestar, Charles deixou-se ser levado pelo fantasma asiático através escadas até saírem do prédio. Mantendo distância, os dois espíritos viram Marcus entrar na névoa que rodeava o edifício e desaparecer.
— E agora? Você sabe para onde ele foi? – perguntou Charles.
— Não preciso. É só segui-lo. Vamos.
Leonardo levou Charles até o exato lugar onde Marcus desaparecera. Então ele esticou a mão e a névoa os envolveu como resposta, abrindo-se diante deles após alguns segundos. Charles olhou ao redor, tornando-se ciente de onde estavam. Havia cinco linhas de trem ao seu redor sobre um chão de cascalho e terra. A névoa encobria a maior parte de sua visão, mas à medida que os dois avançavam, as brumas se abriam, revelando mais e mais da mesma cena.
— Para onde será que ele foi? O que está fazendo aqui? – sussurrou Charles, mas Leonardo não o respondeu.
Este, por sua vez, estava muito concentrado no que via a sua frente.
— Ele foi por ali… - sussurrou enquanto puxava Charles pelo caminho para o qual apontava.
— Como você sabe?
— Sinto a energia dele na névoa. Isso acontece quando estamos muito emocionais. Deixamos nossa energia escapar.
Os dois continuaram a andar pelos trilhos até chegarem a um posto de sinalização, uma pequena torre amarela que aparentava estar vazia.
— Estranho… - disse Leonardo. – A energia dele… sumiu. Para onde ele foi?
— Leo… - disse Charles cutucando a mão do fantasma que o segurava. – Leo…
— O quê? – resmungou.
— Não estamos sozinhos.
Leonardo olhou ao redor e percebeu que a névoa começava a se dissipar, deixando-os dentro de um círculo de terra e trilhos tendo o posto de sinalização como seu centro. Em seu perímetro vários rostos brancos se aproximavam. Máscaras feitas de osso com olhos de cristal que encobriam a identidade de fantasmas. Eles andavam vagarosamente em direção ao posto.
— Fique atrás de mim, Charles! – disse Leonardo tomando à dianteira e recuando com Charles até uma das paredes do posto de sinalização. – Vai ficar tudo bem.
Os mascarados continuaram a avançar, até que filetes de fumaça negra começassem a sair do chão e os fizessem parar. Uma energia pesada, quente e agressiva começou e roubou a cena, e um novo mascarado surgiu diante do pequeno edifício. Charles e Leonardo o viam pelas costas, mas sabiam exatamente quem era. Marcus usava uma máscara negra que se assemelhava ao rosto de um chacal egípcio.
— Acabou, Marcus. – disse o mais alto e forte dos mascarados ao colocar-se diante de todos. – Você virá conosco e devolverá o que roubou.
Marcus não respondeu a princípio, apenas ergueu as duas mãos, como se fizesse uma prece, e como consequência os filetes de fumaça negra começaram a rodopiar e se agrupar.
— Vocês não deveriam ter vindo. – disse Marcus com um timbre duplo e gutural.
Os montes de fumaça negra se comprimiram e tomaram forma. Dentro do círculo livre de névoa, agora havia duas dezenas de criaturas. Todas se assemelhavam a cães que, embora de diferentes espécies e tamanhos, estavam feridos de alguma forma. Seus olhos eram vermelhos e brilhantes, e sua maioria se direcionava para os fantasmas mascarados, enquanto quatro deles estavam virados para Charles e Leonardo.
— Isso é mal… - disse Leonardo. – Muito mal.
— O que são essas coisas? – perguntou Charles vendo os cães darem seus primeiros passos.
— Necranis. Espíritos de cães mutilados. Eles não gostam muito de humanos, vivos ou não.
Os espectros caninos começaram a avançar para seus alvos, tanto para Charles e Leonardo quanto para os mascarados. Charles recuou alguns passos e sentiu suas costas tocarem a parede do posto. Sendo um fantasma, era de se esperar que ele a atravessasse, mas havia algo de familiar e desesperador naquela situação que o impedia de se concentrar. Ver a si mesmo encurralado daquela maneira, tanto pelos necranis quanto pelos mascarados, e sendo protegido por um amigo… tudo aquilo fazia com que Charles se lembrasse da noite em que fora espancado até a morte. E apesar de saber o que acontecera consigo, havia muito daquela noite de que não se lembrava. Muito do que não queria se lembrar.
Os cães e os mascarados entraram em confronto. Charles viu um pastor alemão com metade da cabeça estourada e um vira-lata marrom com vários sinais de espancamento abocanharem os pescoços de dois mascarados. Sangue jorrara de suas jugulares, e ao invés de se desfazerem em fumaça, como geralmente acontecia a fantasmas quando suas formas astrais eram destruídas, os dois começaram a se berrar e a ser queimados de dentro para fora até que só restassem duas pilhas de cinzas ardentes.
Então os necranis os atacaram. Charles estava certo de que Leonardo não poderia impedir que ambos sofressem o mesmo destino dos mascarados, mas algo surpreendente acontecera. O corpo astral de Leonardo começou a tremeluzir, como estática de televisão. O ar parecia se tornar mais pesado ao seu redor. Antes que os espectros o alcançassem, ele esticou a mão e uma onda de estática deixou seu corpo e atingiu-os.
Os cães, então, foram empurrados violentamente para trás e tiveram suas caixas torácicas esmagadas, como se os quatro tivessem sido atropelados. Os necranis tentaram se levantar, mas antes que conseguissem seus corpos se desfizeram em fumaça negra.
— Não acabou. – disse Leonardo ofegante.
— O que… o que você fez? – questionou Charles abismado.
— Chama-se… “empatia”. Se escaparmos disso… eu te ensino. – ofegou.
Charles olhou ao redor. Os necranis haviam massacrado boa parte dos mascarados, mas também sofreram muitas perdas. Vários fantasmas de máscaras tremeluziam da mesma forma que Leonardo fizera, e sempre que um necrani tocava um destes, começava cuspir água e se debater desesperadamente até ser destruído. Em pouco tempo, a matilha de espectros havia morrido afogada.
— Marcus! – chamou Charles, aproveitando a oportunidade para correr até o menino.
— Charles… - disse Marcus virando-se para ele. – O que…?
— É só isso o que você tem? – vociferou o aparente líder dos mascarados.
Havia menos da metade deles agora, apenas sete, mas ainda assim estavam em maior número, sem contar que, naquela situação, Charles era literalmente apenas um peso morto. Ainda assim, a confiança de Marcus não foi abalada. O menino voltou seu olhar para os seus inimigos e ergueu suas mãos mais uma vez. Toda fumaça negra deixada pelos espectros derrotados e uniu novamente, reformando cada um deles. O líder dos mascarados deu um passo para trás, e Charles podia sentir que Marcus estava sorrindo. Ele venceria.
Os necranis estavam prestes a atacar, então algo aconteceu. Começara com um pequeno e confortável arranhar, uma nota leve que se unia a outra e outra, elos de uma melodia doce e serena. Charles e Leonardo não entendiam o que estava acontecendo, mas Marcus, sim. O menino mulato tremera com o som. Sabia o que estava por vir, quem estava por vir.
Uma nova figura saía da névoa e adentrava o círculo. Ela tocava um violino branco e estava oculta por uma máscara de porcelana. Havia algo diferente em sua presença, algo mórbido. Ela não era como os outros fantasmas que estavam ali. Não. Charles conseguia sentir, ela era como Nepecrapto. Uma alma consumida.
— Córade… - sussurrou Marcus com desolação.
A mulher não o respondeu, apenas continuou a tocar seu violino, levando a melodia a um ritmo mais rápido e dinâmico. Os fantasmas mascarados então começaram a dançar este novo ritmo, e, com movimentos rápidos e suaves, eles esquivavam dos cães espectrais e os atingiam em seguida. Um a um, os necranis se afogavam, mas eles não eram os únicos alvos dos espíritos de máscara. Sem que pudessem evitar, duas duplas de mascarados agarraram Charles e Leonardo. Os fantasmas sentiram seus pulmões se encherem de água, e a agonia do afogamento desesperarem suas mentes.
Mas, a pesar de doloroso, ambos já estavam mortos, e aquilo não seria o suficiente para persuadir Marcus a parar. Ao invés disso, ele invocara ainda mais cães, uma centena dessa vez. O esforço fazia com que seu corpo astral começasse a se desfazer, mas ele estava decidido. Não iria recuar. Não iria perder. Não iria fugir.
— Ora, Marcus, você não me deixa outra escolha. – dissera Coráde, a violinista, iniciando uma nova música.
Esta era mais pesada e lenta, trazendo suspense e apreensão em suas notas. Charles e Leonardo pararam de se afogar, mas algo pior os assombrou. Uma dor gradativa começou a rasgar seus rostos enquanto os ossos de seus crânios eram expelidos por sua pele, saindo de sua carne parte a parte e criando máscaras em suas faces.
— NÃO! – vociferou Marcus. – PARE!
Ele sabia o que aquilo faria aos dois, o que outrora fora feito a ele. Tornar-se-iam escravos de Córade e, assim como ela, seriam obrigados a servir a alguém pior do que qualquer fantasma, anjo, ou demônio. Servir a ela.
— É você quem está fazendo isso a eles, Marcus. É você quem deve parar. – falou Córade. – Tire a máscara.
Marcus fez com que todos os necranis atacassem Córade, mas logo que os primeiros o fizeram, viu que não teria sucesso, pois nenhum deles conseguia chegar perto da consumida sem que todos os seus ossos fossem expelidos de sua carne, e seus corpos destruídos. Não havia outra escolha. Cabisbaixo, ele tirou a máscara de chacal do rosto e caiu de joelhos no chão. Então os rostos de seus amigos voltaram ao normal.
— Achou mesmo que poderia se esconder de nós? – Córade caminhou até Marcus. – Que você poderia escapar dela? Você não vê? Não há quem possa. Tudo o que você fez foi criar uma mentira e se enfiar nela. Acolher outros póstumos? Cuidar deles, ensiná-los, como se você fosse algum benfeitor. Uma farsa nojenta e covarde. Você, Marcus Santana, é tão podre quanto o resto de nós, e tudo que você tem a oferecer são riscos e culpa. Sua verdadeira máscara é a que você mostra àqueles a quem você oferece ajuda. Agora… mostre a eles seu verdadeiro rosto. Mostre a eles quem você realmente é.
Charles ergueu o olhar com dificuldade, um dos mascarados pressionava seu rosto contra o chão, mas conseguiu vislumbrar as lágrimas descendo pelas bochechas de Marcus. Ele retribuía o olhar com um sorriso triste, então seu crânio rasgou sua carne e mascarou seu rosto, e seus olhos tornaram globos de cristal vermelho. Charles pôde sentir que algo mudara. Que algo morrera.
Nada iria ficar bem, a situação não iria melhorar. A liberdade de Marcus jamais existiria de novo.

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