capítulo 19

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A festa ficou cada vez mais agitada com a chegada dos últimos convidados e eu continuo sentado sozinho. Caio veio até mim uma vez ou outra, mas ele precisava dar atenção aos seus antigos amigos, alguns ex-colegas vêm também, ficam alguns minutos falando sobre o quanto suas vidas deram certo e depois saem. Eu não falo muito, não há o que ser dito, apenas os escuto e finjo estar atento. Está funcionando.

Tomo um gole da cerveja que está em minha mão a alguns minutos, logo a festa vai acabar, já passa das onze e a programação era até a meia noite.

Caio chega de repente agora um pouco alterado pelo álcool.

-- Hey! – diz de uma forma engraçada. – Preciso que venha comigo.

Me levanto da cadeira imediatamente e  sigo ele pela multidão que dança na pista.

-- Aonde está me levando?

-- Sem perguntas Cobalt, apenas venha.

Caio me conduz até um lance de escadas que subimos as pressas, ele está rindo como se isso fosse divertido. Estou curioso, aonde ele está me levando? As escadas dão a um corredor que esta vazio, mas há varias portas de ambos os lados, parecem ser quartos.

Ele abre uma das portas e me espera entrar. Entro um pouco receoso, Caio nunca é assim misterioso, está me escondendo alguma coisa. É um ambiente amplo, não um quarto como eu estava pensando. É um escritório, a pouca luz do lugar me permite ver apenas os traços dos livros que estão organizados nas enormes prateleiras que cobrem toda a parede direita, do outro lado prateleiras de vidro com trufeis e objetos decorativos. Uma enorme mesa de madeira grossa no cento, computador, telefone, papeis, tudo sobre ela. Cortinas enormes, que vão de um lado ao outro da parede do fundo escondem a varanda.

-- Por que me trouxe aqui?

Me viro para ele, que continua com cara de garoto sapeca.

-- O que você está aprontando? – Concluo.

Ele aperta no interruptor ao lado da porta e a luz revela o ambiente elegante de paredes brancas e tapete marrom, que toma todo o chão.

-- Seja compreensivo. – Diz apenas, depois sai e fecha a porta.

O que ele está fazendo?

Antes que eu possa fazer alguma coisa ouço o barulho da cortina da varanda se abrindo, estou de costas pra ela, mas posso ouvir os passos de alguém se aproximando. Viro-me imediatamente.

-- Desculpa por isso. – Ele fala visivelmente nervoso. – Caio é muito teatral quando bebe.

*******

(2011-noite de segunda feira)

-- Eu sinto muito por isso. – Gregory ainda estava sentado ao meu lado.

-- Você é um grande idiota Gregory. – Falei rispidamente.

Ele respirou fundo e olhou pra mim. Eu não devolvi o olhar, permaneci com os olhos fitando o nada. Eu estava bravo pelo oque eles fizeram e pelo oque me forçaram a fazer. Bravo com Ted, que me assustou e com Gregory que começou tudo aquilo. Se eles não tivessem feito o que fizeram tudo poderia acabar de outra forma. Mas eram todos garotos idiotas, que precisavam ser punidos.

-- Nós fomos longe demais. – Eu ainda sentia o seus olhos sobre mim. – Quantos você matou?

-- Três.

-- Quem?

-- Yara, Marcos e Matheus.

-- Desculpe ter forçado você a isso.

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