CAPÍTULO 35 - AURORA

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L U C Y 

Desde o dia em que eu implorei para que Lion me levasse até a casa de Kurt para que eu pudesse contar a ele sobre a bebê e Lewis acabou me jogando no chão, Lion não me deixa sozinha. Ele ficou muito preocupado e quase me arrastou para o hospital, depois de muito tentar eu acabei cedendo e fomos ver se estava tudo bem com meu pedacinho que agora não está tão pedacinho assim. Oito meses. Daqui alguns dias entro para o meu nono mês de gestação e sinto que posso explodir a qualquer momento. Dizer que esqueci Kurt seria uma mentira. Não o esqueci, apenas aceitei a verdade, mesmo ela não sendo dita pela própria boca dele. Queria tê-lo visto, queria ter entregado todas as fotos que enviei para seu endereço nas mãos dele, mas não pude. Toda vez que tirava uma foto da minha barriga crescendo, revelava e escrevia uma mensagem atrás, eu lembrava do seu olhar. Lembrava daquele sorriso. Ninguém sabia das fotos. Só eu e Aurora. Ele nunca respondeu nenhuma. Nenhuma. Por que existe pessoas burras como eu? Por que eu continuo acreditando que Kurt ainda me ama? Por que, Deus? Desde quando ele apareceu na minha sala com aquela calça rasgada e aquele sorriso torto no rosto eu sabia que um dia eu ainda pertenceria a ele. Mas nunca imaginei que fosse por pouco tempo. 

-Sua barriga está linda, minha filha! Está parecendo muito com a sua mãe quando ela engravidou de você, até parece que foi ontem mesmo. -papai me tirou dos meus pensamentos, enquanto eu o servi uma xícara de chá.

-Obrigada, papai. -eu disse, dando um sorriso fraco.

Meus pés estavam doendo mais do que o normal nesses últimos dias e eu acabei me sentando ao lado dele.

-Ela ficaria orgulhosa da mulher que está se tornando, assim como eu.

Doeu meu coração quando ouvi isso. Primeiramente por saber que Aurora nunca conheceria a avó e que mamãe nunca iria brincar com a neta, depois, me dói cada vez que vejo a alegria nos olhos do meu pai. Estou mentindo pra ele, e ele não merece isso. Eu não disse nada. Apenas dei um bom gole do suco de limão que eu tinha feito. Lion chegou na cozinha e meu pai se levantou no mesmo instante para abraçá-lo, ele realmente gosta dele.

-Eu estava aqui falando como Lucy está linda! Mais do que sempre foi. -papai disse orgulhoso.

-Ela sabe que é linda, sim. Ainda mais quando anda pela casa descalça e descabelada. -seus olhos se prenderam aos meus e eu odiava quando o sorriso de bobo apaixonado aparecia. Por que ele fazia isso? Eu sempre o avisei e continuo avisando que nunca teremos nada a não ser a nossa amizade que tanto amo. Lion deu sua vida para nos ajudar e sem sombras de dúvidas eu também daria a minha para salvá-lo.

Me levantei da mesa e deixei o copo sujo na pia.

-Licença vocês dois, mas eu preciso descansar. Não dormi muito bem a noite e meus pés estão me matando. -isso não era mentira, mas eu só não queria que esse papo progredisse.

Deu um beijo na cabeça de papai e segui em direçao ao meu quarto. Sim, meu quarto. Lion tem o seu e eu tenho o meu. Semanas atrás ele veio com a mesma conversa de sempre dizendo que tínhamos que dormir no mesmo quarto, pois se acontecesse algo comigo ele estaria por perto. Eu disse a ele que gritaria. E foi assim que fiz. Cumpri minha promessa. Quando abri meus olhos percebi pelos vilumbres do que eu via que já era noite. Enquanto a dor incendiava meu corpo e minha alma eu gritava por socorro. Trinta e seis semanas e Aurora não quer mais esperar nem um segundo. Senti minhas pernas molhadas e assim percebi que ela estava disposta a vir ao mundo. Gritei como se tudo em mim gritasse junto comigo e senti as mãos de Lion agarrarem meu corpo mole e dolorido. Ele estava desesperado, muito mais que eu. Gritava dizendo que ainda não estava na hora. Depois disso foi tudo um flash. Gritos e dores. Tudo que eu consigo resumir até chegarmos ao hospital. A enfermeira Nic, que eu conhecia bem, segurou minha mão e sussurou que iria ficar tudo bem. Ela também perguntou se eu queria que o pai entrasse comigo na sala de parto. Eu disse que sim. Mas percebi que Kurt não estava ali e gritei para que não deixassem Lion entrar. Só seria eu e o meu pedacinho ali. Nic permaneceu ao meu lado me ajudando pelas próximas longas horas. Aurora queria nascer, mas ao mesmo tempo ainda resistia para ficar no conforto do meu útero. 

(COMPLETO) LAKEWOOD - Entre o céu e o inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora