CAPÍTULO 04 - ATOLADOS NA LAMA

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Não demorou muito para que Lucy descobrisse que algum animal na fazenda tinha mordido a pata da pobre égua. A garota correu para pegar alguns curativos e remédios. Kurt apenas a olhava atentamente, cada detalhe que suas mãos faziam, cada expressão que o rosto perfeito da garota fazia, era como se ele estivesse admirando uma rara peça de arte. Ele nunca tinha visto algo tão parecido como aquilo, ela era única.

-Você pode me levar em casa? -a voz de Lucy tirou Kurt do transe.

-Não quer me fazer companhia? -um sorriso surgiu no canto do rosto do garoto. A menina não disse nada, as suas bochechas arderam na hora. -Eu estou brincando, mas se você quiser ficar.

-Não, obrigada. Meu pai está me esperando. -Lucy se virou caminhando até a moto muito bem cuidada.

-Que pena, lindinha. -Kurt passou por ela e parou em sua frente, ele apertou seu queixo delicado. Ele queria tocá-la, ele precisava disso. Subiu em sua moto e entregou o capacete para a garota.

XX

A chuva caindo nos dois corpos grudados em cima da moto fez Kurt acelerar na estrada barrenta. Ele não queria que aquele momento passasse rápido, ele não queria que as mãos de Lucy saíssem de seu abdômen. Ela as apertavam envolta do corpo musculoso e molhado. Um silêncio constrangedor tomava conta daquela viagem. A estrada tornava cada vez mais barrenta e ocasionalmente, impossível de andar por lá.

-Droga! -Kurt gritou em meio a chuva batendo em seu rosto.

-O que foi? -Lucy disse sob o capacete.

-Não consigo enxergar nada! Acho que a gasolina está acabando, sabe onde estamos?

-Não faço idéia. -a tempestade só aumentava e Lucy se apertava cada vez mais ao corpo de Kurt, ele estava adorando aquilo.

Sentir seu corpo corpo molhado espremendo-se contra ele o fazia sentir no céu, ele queria mais daquilo. Sua moto desligou em meio a rua barrenta cheia de árvores, os relâmpagos ficavam cada vez mais constantes e o barulho dos trovões se tornavam mais fortes. Lucy não conseguia se desprender de Kurt e apertava mais forte.

-Se quiser pode me soltar agora. -ele sorriu maliciosamente.

-Desculpa, eu não notei que estava te apertando. -Lucy desprendeu seus braços do corpo frio de Kurt. -Por que parou?

-Não dá pra continuar, a gasolina acabou. Acho que vi um posto ali atrás. Podemos voltar. -Kurt desceu da moto com dificuldade, sua perna incendiou com uma dor aguda. Seu rosto não deixou de demonstrar o sentimento, a garota viu mas não disse nada. -Vamos, não é muito longe.

Lucy desceu da moto apressada e esperou que Kurt a guiasse, ele voltou até a moto e começou a empurra-lá. A garota longe, o olhou curiosa.

-De jeito nenhum deixo minha bebê aqui sozinha, acha que sou louco? -ele riu enquanto a empurrava pro meio do matagal.

Eles andaram um pouco até encontrarem um posto totalmente abandonado. As bombas de gasolina estavam completamente destruídas e não havia telhado ali.

-Acho que não funciona. -Lucy disse, chutando um pedaço de ferro velho.

-Também acho que não, lindinha. -Kurt gargalhou quando viu as bochechas de Lucy ficarem rosa. O garoto avistou um pequeno prédio escuro em sua frente e acenou com a cabeça para a menina. -Tem um hotel ali, veja.

Lucy ficou na ponta dos pés tentando olhar o prédio em meio a escuridão.

-Acho que isso também não funciona. -ela disse baixinho.

-Mas pelo menos tem um teto, vem. -Kurt começou a empurrar sua moto até a porta de entrada do hotel abandonado. A garota hesitou por alguns segundos até acompanhar o rapaz.

-Precisamos ir embora, não posso ficar aqui. -Lucy ficou parada olhando para a porta enferrujada.

Kurt deixou a moto encostada debaixo de uma marquise e caminhou de volta até a garota.

-Quer voltar a pé? Se quiser, vá em frente lindinha. -ele estava tão perto que podia sentir a respiração quente de Lucy batendo em sua boca.

-Não me chame assim. -a menina mal conseguia respirar e suas pernas tremiam, nunca esteve tão perto assim de um garoto. Ela se desviou dele e foi em direção a porta, tentando abri-la desesperadamente. Kurt a observava achando aquilo uma cena muito engraçada.

-Sai daí. -ela nem sequer hesitou quando escutou a voz sexy do homem atrás dela. Com um chute certeiro, Kurt arrebentou a porta. Ele olhou para a garota que estava com os pequenos olhos castanhos arregalados. -Você vem, lindinha? -ele gostava de irritá-la. Sorriu debochado e arqueou uma sobrancelha.

Lucy acompanhou Kurt, amedrontada no completo escuro dentro daquele lugar.

-Não tem luz aqui? -Lucy encostou sem querer no braço musculoso a sua frente. Ela voltou para trás e ficou esperando uma resposta.

Kurt nunca tinha sentido algo como aquilo, sentiu um choque percorrer todo seu corpo com aquele único toque. Ele sabia que aquela garota iria deixá-lo maluco, ele já estava ficando. Engoliu seco enquanto ficava calado por alguns segundos.

-Acho que não entendeu que isso aqui está abandonado. Não acredito que fantasmas possam pagar a conta de luz. -ele abriu uma porta e com o pouco de claridade que invadia o quarto, viu que tinha uma única cama. -Está no seu quarto lindinha, vou procurar um pra mim.

Ele sabia que se ficasse no mesmo quarto que a menina, ele não aguentaria. Ela era ingênua demais e ele sabia que garotas assim não serviam pra uma só noite. Assim que Lucy entrou no quarto escuro, ele fechou a porta e saiu procurando por uma outra cama. Depois de abrir dezenas de portas, não conseguiu achar uma cama, sofá ou colchão qualquer. Nada por ali a não ser aquela única cama onde deixou Lucy. Ele sabia que ela não o deixaria dormir ali, ele também sabia que não iria conseguir ficar perto demais da garota.

-Não tem mais cama por aqui. -Kurt disse enquanto abria lentamente a porta.

Lucy se virou assustada enquanto olhava a sombra de um corpo que ela passou apertando por um bom tempo.

-Você pode dormir no chão se quiser. -ela estava com medo de ficar sozinha, mesmo que não quisesse tê-lo no mesmo lugar. Por mais que ela não conseguisse admitir, ela o queria ali com ela.

-Qual é? Tem uma cama bem grande aqui, dá até pra fazer um ménage à trois. -a voz de Kurt parecia mais provocativa, ele a olhava de uma forma quente enquanto deitava na cama. A garota ficou calada. -Espera, você não sabe o que é isso? -Kurt riu. Seu semblante ficou sério quando percebeu que ela realmente não sabia do que se tratava. -Qual é? Sexo a três, lindinha!

Os olhos de Lucy arregalaram e ela se virou olhando a chuva pela janela. Kurt se levantou aproximando da menina.

-Eu esqueci que você é a filha do Pastor. -suas mãos frias tocaram o pescoço da menina tímida enquanto afastava os longos fios dali. Ela se mexeu, arrepiada. -Não precisa sentir vergonha. -a voz rouca de Kurt queimou a orelha de Lucy. -Kurt, meu nome é Kurt.

(COMPLETO) LAKEWOOD - Entre o céu e o inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora