CAPÍTULO 19 - FOGO NA ÁGUA

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L U C Y

SABE quando tudo em volta não faz mais sentido? Quando tudo parece sumir? Ver Judi, fez isso. Eu a amava desde sempre. Ela mora na fazenda desde antes mesmo que eu estivesse viva. Judi era a melhor amiga da minha mãe. Minha mãe. Estava tudo silencioso. Eu não gostava de sentir a falta dela. Respirei fundo tentando tirar as imagens da minha cabeça. Eu não podia pirar aqui perto de Kurt.

—Sinto a falta dela. –eu consegui dizer.

—Da sua mãe? –Kurt apertou forte a minha mão, me encarando. Eu concordei com a cabeça.

—Eu e ela adorávamos vir até aqui alimentar os patos. –um soluço saiu sem que eu ao menos pudesse segurá-lo. Kurt não disse nada, então eu continuei —Ela era linda. Meu pai diz que eu tenho os olhos dela. –eu sorri, mas ainda não conseguia encarar Kurt.

—Então, ela era linda! –eu virei para olhá-lo e ele estava sorrindo. Dei um breve sorriso e ele estendeu sua mão para tocar minha bochecha —Seus olhos são os mais lindos que eu já vi. –ele não estava sendo sincero, eu sabia. Ele estava dizendo isso apenas por eu estar triste pela a minha mãe. Afastei minha cabeça de sua mão e continuei a olhar pro lago.

—Ela morreu quando eu tinha quinze anos. –eu não ia chorar. Não ia. —Aquele dia que viemos aqui, por Hanna, foi a primeira vez desde a morte dela. –eu me levantei. Não conseguiria falar mais nada. Eu sabia que ele iria falar algo, mas eu o interrompi —Quero nadar, você consegue ou ainda sente muita dor?

—Eu vou nadar com você. –ele estava muito machucado mas ia nadar comigo. Que droga, agora ele sente pena de mim.

—Eu não quero que sinta pena de mim. –eu disse me recuando.

—Eu vou nadar com você porque eu quero nadar com você. Não estou fazendo isso por pena. –ele se levantou e segurou em minha mão —Você tem um biquíni aqui? Que sirva. –eu o encarei e concordei. O que ele quis dizer com "que sirva"?

—Acho que sim. Vou me trocar. –ele sorriu quando eu disse.

—Tudo bem. Eu vou te esperar aqui. –ele não ia vestir uma bermuda ou algo do tipo? Esperei ele dizer algo mais, mas ele não disse. Caminhei pelo píer de madeira que eu costumava correr quando era criança.

Tudo naquela casa me lembrava ela. Eu tentei passar correndo pelos cômodos até meu antigo armário onde ficava minhas roupas de banho. Procurei por todo lado, mas só consegui achar um biquíni amarelo. Ele seria o único que serviria em mim. Meus peitos tinham crescido desde a ultima vez que estive aqui. Quando os vesti, tentei puxar o máximo para que não mostrasse algo mais. Ajeitei meu cabelo em um rabo e desci indo até Kurt. Eu não me importava se meu cabelo estava uma bagunça naquele rabo, Kurt não olha pra mim como olha para todas aquelas mulheres. Ele nunca ia me querer como elas. Dei de ombros pro meu pensando enquanto caminhava até o lago. Ele estava lá quando me viu. Seu abdômen perfeitamente emoldurado estava a mostra. Ele ainda estava de calça jeans, mas sem as botas. Seu olhar em mim era como se tivesse algo errado. Parei por alguns segundos e me analisei. Por um momento imaginei que meu pequeno biquíni tinha escorregado e mostrado algo. Segurei meus braços sobre meus peitos e olhei pra ele. Seus olhos estavam vidrados em mim.

—Tem algo errado? –minhas bochechas coraram.

—Eu te disse pra vestir algo que servisse. –ele passou as mãos sobre seu cabelo bagunçado parecendo confuso.

Eu estava me sentindo ridícula agora. Esse foi o maior que encontrei.

—Acho que não quero mais nadar. –eu dei dois passos pra trás e vi Kurt correndo até mim.

Seus braços me seguraram e pude ver cada músculo do seu abdômen se movendo. Eu queria tocá-lo.

—Não faça isso por favor, eu gostei do que vi. –ele tinha gostado? Eu sorri sem perceber —Você, vem nadar comigo.

Ele me puxou até a ponta do píer e parou. Abaixou suas calças ficando só de cueca enquanto olhava pra mim. Oh, Deus. Eu não conseguia parar de olhá-las. Essas pernas iam muito além do que eu podia imaginar. Elas eram perfeitas e musculosas. Eu balancei a minha cabeça e tentei olhar no rosto de Kurt.

—Gostou do que viu? –o quê? Eu engoli seco.

—Do que você está falando? –eu disse calmamente tentando não gaguejar.

—Das minhas pernas. Você está as devorando com seus olhos. –eu estava totalmente envergonhada —Você fica ainda mais irresistível quando fica com vergonha.

Por que ele estava falando isso? Eu sabia que ele não gostava de meninas como eu. Ele curtia mulheres com peitões e eu claramente não tinha isso.

—Acho melhor irmos nadar. –eu olhei pro lago e ele concordou.

—Também acho. –ele se sentou no píer e entrou nas águas que eu conhecia mais do que conhecia a mim mesmo. Eu percebi sua careta, ele sentiu dor. —A água está uma delicia, vem Lucy!

Eu sorri e pulei perto dele. Eu estava tão animada em saber que ele estava rindo, ele não estava chateado comigo por causa do bar. Mergulhei para molhar os cabelos e antes que eu pudesse subir, os braços fortes de Kurt me puxou junto a ele. Sua respiração estava pesada e ele encarava sem parar minha boca.

—Por que você me deixa assim? –o que ele estava falando?

—Assim como? –eu consegui dizer.

—Sem fôlego. Louco pra provar nem que seja só um pouco de você. –eu não o entendia.

Nossa respiração estava ofegante e nossos corpos estavam tão colados que eu podia senti-lo. Uma de suas mãos estava apertando firme meu quadril e a outra ele puxou meu cabelo, fazendo com que meu rosto se levantasse pra ele. Eu permaneci imóvel e calada.

—Eu preciso de você, Lucy.

Ele não disse mais nada. Sua mão me puxou para sua boca e sua língua escorregou para a minha. Aquele beijo me deixava fraca. Meu corpo todo estremecia com louvor. Ele agarrou meu quadril com força me forçando a cruzar as pernas sobre seu corpo. Estávamos entrelaçados dentro d'água. Senti-lo na minha boca era incrivelmente maravilhoso. Kurt Walker fazia meu corpo tremer e meu coração acelerar. Eu estava completamente viciada naquilo. Eu precisava de mais. Comecei a me mexer sem que ao menos conseguisse parar. Ele mordeu meu lábio e eu soltei um gritinho espremido.

—Oh, Lucy! –eu escutei sua voz e o agarrei com mais força. Eu estava completamente ansiosa por senti-lo me tocar. Sentir suas mãos sobre meu corpo me fazia querer gritar.

—Posso me juntar a vocês? –eu conhecia essa voz. Me virei rapidamente para ver Dustin, parado em pé no píer. Franzi a testa tentando entender como ele estava aqui.

—O que está fazendo aqui? –a voz de Kurt era fria. Ele permaneceu me segurando.

—Lucy, amor. Você poderia vir até aqui? Tenho uma coisa pra você.

(COMPLETO) LAKEWOOD - Entre o céu e o inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora