CAPÍTULO 21 - EU SINTO ALGO

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K U R T

ASSIM que estacionei minha moto na porta de casa, Lewis abriu correndo a porta da entrada. Eu tinha ligado mais cedo, avisando que viria pra cá. Ele estava empolgado. Meu tio não podia saber disso, muito menos o pastor. Ontem, ver Lucy se afastar me deixou mais quebrado ainda. Eu precisava tirar alguma coisa da minha cabeça.

—Caramba, cara! Pensei que você ia voltar como um monge. Que bom que não está careca. –ele sorriu me abraçando. Eu estava de óculos escuro, mas sabia que assim que tirasse, ele veria os hematomas.

—Quanta felicidade! Aposto que não consegue pegar mulher nenhuma sem eu por aqui. –eu caminhei até a porta de entrada e estava tudo extremamente limpo.

—Não te ter por aqui ficou fácil deixar tudo limpo. –ele riu e eu dei um tapa em sua cabeça. Tirei meu óculos e ele se assustou. —Droga, Kurt! Se meteu em outra briga? Você nunca apanha, cara. Quem fez isso? –algumas vinte pessoas? Dei de ombros e me sentei no sofá preto.

—Sabe onde o garoto mora? –ele se sentou na minha frente e me encarou enquanto me ouvia.

—Que garoto? Kurt, você está estranho.

—O da festa, que estava em coma. –ele abriu a boca se lembrando.

—Dois quarteirões daqui. Por quê? –eu me levantei e coloquei o óculos novamente.

—Você vem comigo? –não escutei sua resposta, apenas subi na moto e esperei que ele subisse na dele também.

A casa perfeitamente arrumada do garoto me dava arrepios. Sua mãe colocou um enorme sorriso no rosto quando eu disse que éramos amigos do menino. Lewis sabia seu nome e assim ficou fácil de entrar.

—Ele acabou de acordar. Vocês podem entrar.

A porta se abriu e eu vi o garoto deitado na cama. Respirei fundo antes de dar dois passos para frente. Eu estava com medo? Eu não sei o que estava sentindo, isso era diferente.

—O que você está fazendo aqui? Por favor, saia daqui. Por favor. –o garoto gritou quando me viu. Ele estava chorando.

—Está tudo bem, ele só veio te ver. –Lewis disse se aproximando do garoto.

Eu não conseguia me mover. Eu não falava. Minhas mãos congelaram e eu observei o garoto se acalmar.

—Droga, Kurt. Fale alguma coisa. –Lewis me empurrou até a cama do garoto.

—Oi. –eu consegui dizer.

—Uh... Oi... –o garoto estava tremendo de medo.

—Não precisa ficar com medo. Eu não vou te machucar. –eu engoli seco. —Você está... É... Você está bem? –o que estava acontecendo comigo?

—Agora sim. –o olhar do garoto era de confusão.

—Bem, isso é bom. –desviei meu olhar do garoto e olhei para Lewis enquanto passava a mão no meu cabelo. Eu não conseguia encará-lo. —Vamos embora, Lew. –ele se aproximou de mim.

—Só veio pra isso? –Lewis cochichou no meu ouvido.

Eu queria fazer mais. Eu realmente queria, mas não conseguia. Lembrei de Lucy. Uma vez ela me disse que eu teria que perdoar, mas eu também preciso aprender a pedir perdão. Isso seria difícil.

—Joshua seu nome, certo? –o garoto concordou. —Eu queria... Bem... Eu queria te pedir desculpas. Eu sinto muito. –Lewis me olhou com os olhos arregalados e o garoto fez um som de alívio. Será que ele pensou que eu ainda bateria nele? Eu não sou tão covarde assim.

—Obrigado. –ele disse.

Então, me virei. Caminhei o mais rápido que conseguia pra fora da casa. Eu queria minha moto. Eu queria Lucy. Lewis correu atrás de mim.

—Oh, Deus! O que foi isso? Santa merda! Você pediu desculpas? Isso definitivamente não está acontecendo. Esse tal retiro espiritual mudou você.

—Cale a boca. –eu só disse isso e subi na moto.

Eu sabia quem estava me mudando. Ela tinha um nome e uma boca linda.

—Tem uma garota nessa história, não tem? –Lewis disse andando atrás de mim na minha casa.

Eu me joguei no sofá e tirei minhas botas.

—Me responde, cara. Você está diferente. –eu movi meu olhar pra ele.

—Sim. Eu estou viciado em Lucy Carter. Satisfeito? –eu admiti em voz alta. Eu nunca estive viciado em uma mulher antes.

—Maldição! Isso não pode está acontecendo. –ele colocou suas mãos sobre seu rosto e eu ri. —Quem é ela? Ela tem uma bundinha sexy? –Lewis podia ser como um irmão pra mim, mas ouvi-lo falar de Lucy me fez querer socá-lo.

—Não é da sua conta.

—Oh! Você está perdido. –ele só disse isso e caiu no outro sofá.

—Sim, eu estou. Fodidamente perdido. –eu lembrava dela a cada minuto. Eu não conseguia parar de pensar nela.

—Quer falar sobre isso? Nunca pensei que teria uma conversa assim com Kurt Walker.

—Ela é linda. –eu disse e ele riu.

—Com certeza ela tem que ser. –eu balancei a cabeça.

—Mesmo se não fosse, ela seria.

—O quê? –ele estava confuso.

—Ela é incrível. De todas as maneiras. Ela é perfeita.

—Kurt, você está apaixonado? –ele fez uma cara de nojo. Eu não respondi.

—Ela tem um enorme cabelo castanho. E os olhos dela, são maravilhosos. O seu sorriso me deixa leve e feliz. –eu suspirei e olhei pra ele. Sua cara de espanto estava realmente engraçada.

—Oh meu Deus! Cala a boca antes que eu vomite. –ele disse. Joguei uma almofada nele e me levantei.

—Preciso ir vê-la. Preciso dizer pra ela o que eu sinto.

—O que você sente? Espera! –ele se levantou ficando de frente a mim. —Kurt, você está sentindo algo? Isso é... incrível! –ele me abraçou. Por que ele estava me abraçando? Ele estava feliz por mim, eu sabia disso.

—Eu preciso ir. –eu o soltei e fui embora.

Eu precisava de Lucy, agora.

(COMPLETO) LAKEWOOD - Entre o céu e o inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora