CAPÍTULO 17 - TEM COMIDA PARA UM BATALHÃO

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L U C Y

EU tinha perdido meu celular naquela bagunça de dias atrás. Kurt não tinha me procurado em casa. Será que ele tinha me ligado? Será que ele estava bem? Eu não gostava de pensar que ele estava machucado. Papai havia trabalhado duro esses últimos dois dias. Ele sempre saía cedo de casa e voltava quando já estava escuro. Eu tentava permanecer acordada e perguntá-lo sobre Kurt, mas nunca conseguia. Meu corpo ainda estava dolorido, mas meu peito doía ainda mais quando me lembrava de Kurt.

—Lucy? Está tudo bem? Você não tem saído muito do quarto. –como ele sabia? Eu não o via muito esses dias.

—Estou, papai. Deve ser um resfriado. –eu disse me sentando na cama.

—Oh! –ele passou a mão na nuca parecendo desapontado.

—O que foi? Aconteceu algo? –seria Kurt? Será que ele foi embora?

—Não. Eu só ia te pedir pra fazer algo para mim, mas já que está se sentindo mal. –ele fez uma pausa e eu me levantei da cama.

—Eu faço. Pode me falar que eu faço. –tentei sorrir, mas era falso.

—Não posso ir a fazenda hoje. Será que você poderia ir até a casa de Jose pedi-lo que vá ajudar o garoto? –meu peito se encheu e meu coração acelerou.

—Ajudá-lo? Kurt está bem?

—Nada demais. Ele caiu do cavalo, algo assim. Está machucado. –eu engoli seco. Ele ainda estava machucado —Preciso resolver algumas coisas na igreja. Você pode chamá-lo?

Assenti com a cabeça e sorri. Eu iria vê-lo. Eu precisava disso.

XX

O sol que atravessava sobre o carro batia no meu rosto e ardia pra caramba. Jose me olhava curioso. Eu fui até a casa dele o mais rápido que consegui, pedindo que viesse até a fazenda comigo. Um sorriso largo estava em meu rosto. Eu estava feliz que veria Kurt, mas ao mesmo tempo, eu tinha medo. Não queria vê-lo ferido.

—Quanta comida. Você fez para um batalhão? –Jose disse num tom brincalhão.

—Uh... Acho que não fiz muita. –eu disse nervosa enquanto apertava a vasilha em minha mão.

—Vai ficar aqui hoje? Faz tempo que não aparece por aqui. Desde quando a Sra. Carter... –eu não podia ouvir isso, não agora.

—Sim. Vou ficar. –ele não continuou. O carro parou perto da lagoa que me trazia lembranças de quando eu era criança. Eu amava esse lugar.

Eu saltei do carro e me deparei com Kurt em pé. Ele estava me observando. Suas calças apertadas e um tanto surradas, combinavam perfeitamente com a camiseta branca suada no seu corpo. Eu sorri pra ele, caminhando depressa.

—Lucy! Você está bem? –ele me analisou por completo. Seus olhos eram de espanto e de dor.

Eu queria que ele tivesse me procurado. Vendo-o ali tão ferido, me partiu o coração. Seu rosto estava coberto de vários hematomas e ele estava mancando.

—Você está dolorido? –eu disse querendo tocá-lo. 

—Lucy, você está bem? Me responda. –sua voz era mais séria agora. Concordei com a cabeça e estendi a vasilha de comida.

—Desculpe se trouxe muito. Eu me empolguei hoje cedo. –disse com um sorriso torto. Ele me olhou enquanto pegava a vasilha e sorriu pra mim de volta.

—Você cozinhou pra mim? –ele me encarava e meu estômago parecia dançar.

—Sim. Papai não sabe que eu estou aqui. Coma tudo. –ele sorriu balançando a cabeça. Eu queria beijá-lo agora. 

—Não posso comer agora. Tenho coisas pra fazer. –ele olhou para Jose parado nos olhando de longe.

—Você está mal, não pode trabalhar. Me deixe ajudar. –eu não iria deixá-lo fazer as coisas hoje. Ele estava acabado.

—Não precisa, fique aqui me esperando. Entre no meu quarto... Quer dizer, no meu celeiro. –ele riu e eu neguei com a cabeça.

—Acho que ainda tenho algumas roupas que servem por aqui. Me espere, não se mova. –eu disse correndo até a casa que me trazia algumas lembranças que eu não podia lembrar agora.

(COMPLETO) LAKEWOOD - Entre o céu e o inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora