CAPÍTULO 03 - CONHECENDO LUCY CARTER

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Uma fina linha de suor escorria sobre seu abdômen musculoso, era difícil ficar parado sem algum tipo de proteção. Ele caminhou até o velho armário em seu quartinho e abriu uma gaveta que rangia de tão velha. Uma pilha de camisetas brancas exatamente iguais, estavam ali dobradas ao lado de uma pilha de calças jeans extremamente largas. Kurt balançou a cabeça em reprovação com as calças tão largas, ele nunca as usariam. Pegou uma camiseta branca e a vestiu enquanto continuou com seu jeans apertado e surrado, tirou suas botas e colocou a bota que ganhara no hospital, sua perna ainda doía. Ele olhava a longa lista de tarefas a sua frente e debochava, pensando que o reverendo estava imaginando que ele iria fazer todas as obrigações. Depois de um longo suspiro, se jogou na pequena cama ao seu lado. Ela era horrível, nada comparado a sua imensa cama box. Kurt já estava decidido, ele voltaria logo pra casa.

Pouco tempo depois de fechar seus olhos para um cochilo, ele ouviu um barulho ensurdecedor. Se levantou rapidamente caminhando até o estábulo, onde uma égua estava estirada no chão relinchando de dor. Ele não sabia o que estava acontecendo, ele nem sequer tinha visto um cavalo em toda a  sua vida. Quando era criança, as poucas vezes que conseguiu assistir televisão na casa do seu velho vizinho Will, via um programa com um grupo enorme de cavalos lindamente maravilhosos correndo sobre um monte verde. Era o sonho do garotinho ter um igual. Tinha uma égua em sua frente, gemendo de dores e ele não sabia o que fazer. Tratou logo de correr o mais rápido que podia enquanto mancava, até o telefone na cozinha. Ele discou o número do Pr. Carter cinco vezes ou mais, mas não obtia respostas. Ninguém atendia. Ele ligou para um número da lista que dizia "Se a vaca for pro brejo ligue para mim. Jose.", ele não fazia idéia de quem era, mas definitivamente a vaca tinha ido pro brejo. Uma voz alegre atendeu a ligação e Kurt respondeu desesperado.

"Alô? A égua do Pr. Carter está machucada e eu não sei o que fazer"

"Quem está falando?" -José respondeu.

"Foda-se quem está falando, eu só quero saber o que fazer antes que aquela maldita égua morra. Eu não quero mais sangue nas minhas mãos" -a voz fria de Kurt fez o cara da outra linha se calar por uns segundos.

"Tem uma veterinária na cidade, vá até lá e traga-a até a fazenda. Você deve ser o garoto problemático que o velho Daniel disse, não ligo no jeito que você fala comigo criança. Tenha um bom dia"

O homem do outro lado que quando atendeu tinha uma voz alegre, agora era vazia e triste. Kurt não se importou, ele desligou o telefone e tentou falar com Pr. Carter novamente. Sem respostas, ele decidiu pegar a moto e ir até a pequena cidade. Sua perna doía muito mais agora. Ele queria logo que aquela dor passasse, não só essa, ele ainda sentia algo no peito quando lembrava da noite passada. O céu que antes estava ensolarado, agora estava acinzentado e com nuvens negras. Talvez uma chuva cairia mais a noite. Assim que chegou na casa do pastor, ele viu que não tinha ninguém lá. Bateu palmas e nenhuma alma viva apareceu, ele girou a maçaneta e viu que a porta estava destrancada. No momento em que pisou no velho assoalho, lembrou da pequena amostra do paraíso que teve mais cedo. Aquela mulher era algo que ele nunca tinha visto igual, apesar de ter experimentado tantas outras. Kurt gritou o mais alto que podia.

-Pr. Carter? Você poderia parar um pouco o seu divertimento aí em cima e descer aqui? -Kurt dizia rindo quando imagens da garota em cima do velho veio a sua cabeça. Ele balançou-a tentando mandar aquelas informações para longe. -Que nojo! -disse de costas se dirigindo para a porta.

-Pois não? -a voz aveludada que ele tanto amou, estava se direcionando a ele.

O garoto virou rapidamente para olhá-la, um belo par de pernas e um corpo extremamente delicado mas com um toque de sedução descia as escadas. Ela era maravilhosa. Seus cabelos já secos desciam sobre seu rosto até quase chegar na cintura. Sua face um tanto angelical, lábios inchados e perfeitos, mas o que mais viciara ele foram os olhos. Um brilho forte e uma chama provocativa, saía daquele olhar que agora o olhava de volta.

(COMPLETO) LAKEWOOD - Entre o céu e o inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora