Coronel Rui.
O restaurante era de decoração tão requintada quanto os pratos que servia, mas não era para isso que Robertinho voltava seus olhos, e sim para o homem maduro e atraente que estava sentado numa das mesas, e que levantou-se para cumprimentá-lo assim que o viu.
– Boa noite, Robertinho. Agradeço-lhe por ter vindo, imagino que não foi uma decisão fácil para você tomar.
– Boa noite, coronel. De fato não foi, mas levando-se em conta a maneira como nos vimos pela última vez, algumas coisas ficaram por ser ditas ou esclarecidas. É unicamente por essa razão que estou aqui, quero encerrar essa etapa. - e depois de aceitar o cumprimento, sentou-se.
– Não o culpo por pensar assim, rapaz, embora eu também queira dizer algumas coisas. Mas antes, gostaria de fazer o pedido. Espero que me acompanhe na truta, ela é excelente.
Chamou o garçom e fez o pedido para ambos, acompanhado de uma garrafa de vinho branco. Depois, começou a falar:
– Em primeiro lugar, gostaria de lhe pedir perdão. Depois que você rompeu comigo e deixou o Exército, fiquei chocado e comecei a refletir, percebendo que você estava certo, de fato eu agi como um homem egoísta e preconceituoso, desrespeitando tanto a você, com quem eu tinha um compromisso, quanto ao Maurício, a quem usei como um objeto em que poderia descarregar meus impulsos sexuais. E o pior é que não foi a única vez, reconheço que realmente eu tinha esse hábito de separar meus parceiros em "bons partidos" e "fodas rápidas". Até que uma pessoa com quem conversei me disse que meu pensamento era ridículo, com certeza eu não gostaria que você fizesse o contrário comigo, e de fato a simples ideia me magoou. Assim, rompi com ele, sem contudo expulsá-lo das forças armadas, seria errado e uma demonstração de tirania eu fazer isso.
– Concordo com tudo o que o senhor disse, coronel, e fico feliz que tenha refletido a respeito. Apesar dos erros que cometeu conosco, o senhor foi um bom instrutor, não queria que os bons momentos que tivemos ficassem obscurecidos por isso. - disse, enquanto começava a servir-se da truta, que acabara de chegar.
– Sim, mas essa não é a única razão porque marquei esse encontro. Acontece que por mais que eu não tenha sabido lidar adequadamente com meus sentimentos, esse período em que estivemos separados um do outro me convenceu que realmente estou apaixonado por você. Você é um rapaz não só fisicamente belo, mas também honrado e justo. Qualquer um que você chamar de seu será um felizardo, e gostaria que você me desse uma segunda chance. Apesar de o nosso relacionamento ter terminado mal, não sou tão mau-caráter quanto pareci, tenho algumas qualidades e me esforçarei para ser o companheiro que você merece, prometendo ser carinhoso, fiel e orgulhoso de assumi-lo em público. - e segurou em sua mão.
O rapaz ficou desconcertado com o pedido de seu ex-namorado, mas respondeu depois de algum tempo:
– Coronel, eu gostei muito de você durante o tempo em que ficamos juntos, mas não daria certo, e não falo só por causa da sua traição. Não sou mais a pessoa que eu era quando deixei aquele quartel, eu vivi novas experiências durante esses meses em que ficamos separados, e conheci um homem excepcional, com quem dividi a cama e o quarto numa fazenda em que trabalhei. Eu me apaixonei verdadeiramente por ele, e tudo o que vivi com o senhor é pálido em comparação. Se eu estivesse descompromissado até poderia lhe dar uma nova chance, mas agora meu coração tem dono.
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A fazenda dos amantes
RomanceSpin-off de "O general da minha vida". Roberto de Castro Lopes Neto, ou Robertinho, como é chamado pela família e pelos amigos, tem 20 anos e sempre se considerou um privilegiado. Criado num lar acolhedor e intelectualmente estimulante, cercado por...