Capítulo 14

1.2K 164 16
                                    

 Oito meses depois, Enrique encarregou Lívia de decorar a Jequitibá Rei de maneira suntuosa para comemorar a celebração do seu noivado com Robertinho, num compromisso previamente combinado com a família dele. Aquele fora um período bem movimentado na vida do rapaz, não só pelo avançar da gravidez da mãe e pelo nascimento de seu irmão Marcelinho, mas também porque fora aprovado no curso de Engenharia de Produção Agrícola na UFRJ e começara a cursá-la. Durante aquele período eles se dividiram entre fins de semana lá e no Rio, mas agora que o primeiro semestre já fora concluído ele fixaria residência permanente na fazenda, eventualmente ficando na casa dos pais em momentos mais puxados, como época de provas e realização de trabalhos.

Para a festa foram convidados não só os familiares dos noivos, incluindo Felipe, que veio junto com padre Ernesto e continuava se esforçando para aprimorar o relacionamento com o filho, como os trabalhadores da fazenda e suas respectivas famílias e até alguns poucos colegas de faculdade de Robertinho. A comemoração foi realizada num pavilhão montado fora da casa-grande, mas não muito distante do jequitibá, e contava com um palco e pista de dança e, tendo em vista que era uma ocasião que muitos dali durante anos imaginaram impossível, com o patrão assumindo um compromisso sério e autorizando o retorno de seu pai, os peões fizeram questão de usar suas melhores roupas.

Depois de todos terem se assentado e começado a degustar da mesa, os noivos agradeceram o apoio dado pelos presentes àquele momento tão importante para os dois, e ressaltaram que não o faziam para se exibirem, e sim para reforçar, com aquele rito, a importância que tinham um para o outro. Mas o que marcou foi o inusitado dueto que Roberto e Sérgio pediram licença para fazer em homenagem aos dois, com Roberto cantando a música "Perhaps love", de John Denver, ao som de um violão, e o marido declamando a tradução em português da música:

Talvez o amor seja um lugar onde repousar,

Um abrigo da tempestade,

Ele existe para lhe dar conforto

E está lá para mantê-lo aquecido

E naqueles momentos com dificuldades,

Em que estiver sozinho,

As memórias do amor lhe trarão de volta para casa.

Talvez o amor seja como uma janela,

Talvez uma porta aberta,

Ele lhe convida para chegar mais perto,

Ele quer lhe mostrar mais,

E mesmo se você perder a si próprio,

E não souber o que fazer,

As memórias do amor pode lhe mostrar o caminho.

O amor para alguns é como uma nuvem,

Para alguns é forte como o aço.

Para alguns é uma forma de viver,

Para alguns é uma forma de sentir,

Alguns dizem que o amor é manter por perto,

Alguns dizem que o amor é deixar ir,

Alguns dizem que o amor é tudo,

Alguns dizem que não sabem.

Talvez o amor seja como o oceano,

Repleto de conflitos, repleto de dor,

Como um fogo quando está frio lá fora

Ou um trovão quando chove.

A fazenda dos amantesOnde histórias criam vida. Descubra agora