Oito meses depois, Enrique encarregou Lívia de decorar a Jequitibá Rei de maneira suntuosa para comemorar a celebração do seu noivado com Robertinho, num compromisso previamente combinado com a família dele. Aquele fora um período bem movimentado na vida do rapaz, não só pelo avançar da gravidez da mãe e pelo nascimento de seu irmão Marcelinho, mas também porque fora aprovado no curso de Engenharia de Produção Agrícola na UFRJ e começara a cursá-la. Durante aquele período eles se dividiram entre fins de semana lá e no Rio, mas agora que o primeiro semestre já fora concluído ele fixaria residência permanente na fazenda, eventualmente ficando na casa dos pais em momentos mais puxados, como época de provas e realização de trabalhos.
Para a festa foram convidados não só os familiares dos noivos, incluindo Felipe, que veio junto com padre Ernesto e continuava se esforçando para aprimorar o relacionamento com o filho, como os trabalhadores da fazenda e suas respectivas famílias e até alguns poucos colegas de faculdade de Robertinho. A comemoração foi realizada num pavilhão montado fora da casa-grande, mas não muito distante do jequitibá, e contava com um palco e pista de dança e, tendo em vista que era uma ocasião que muitos dali durante anos imaginaram impossível, com o patrão assumindo um compromisso sério e autorizando o retorno de seu pai, os peões fizeram questão de usar suas melhores roupas.
Depois de todos terem se assentado e começado a degustar da mesa, os noivos agradeceram o apoio dado pelos presentes àquele momento tão importante para os dois, e ressaltaram que não o faziam para se exibirem, e sim para reforçar, com aquele rito, a importância que tinham um para o outro. Mas o que marcou foi o inusitado dueto que Roberto e Sérgio pediram licença para fazer em homenagem aos dois, com Roberto cantando a música "Perhaps love", de John Denver, ao som de um violão, e o marido declamando a tradução em português da música:
Talvez o amor seja um lugar onde repousar,
Um abrigo da tempestade,
Ele existe para lhe dar conforto
E está lá para mantê-lo aquecido
E naqueles momentos com dificuldades,
Em que estiver sozinho,
As memórias do amor lhe trarão de volta para casa.
Talvez o amor seja como uma janela,
Talvez uma porta aberta,
Ele lhe convida para chegar mais perto,
Ele quer lhe mostrar mais,
E mesmo se você perder a si próprio,
E não souber o que fazer,
As memórias do amor pode lhe mostrar o caminho.
O amor para alguns é como uma nuvem,
Para alguns é forte como o aço.
Para alguns é uma forma de viver,
Para alguns é uma forma de sentir,
Alguns dizem que o amor é manter por perto,
Alguns dizem que o amor é deixar ir,
Alguns dizem que o amor é tudo,
Alguns dizem que não sabem.
Talvez o amor seja como o oceano,
Repleto de conflitos, repleto de dor,
Como um fogo quando está frio lá fora
Ou um trovão quando chove.
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A fazenda dos amantes
RomantizmSpin-off de "O general da minha vida". Roberto de Castro Lopes Neto, ou Robertinho, como é chamado pela família e pelos amigos, tem 20 anos e sempre se considerou um privilegiado. Criado num lar acolhedor e intelectualmente estimulante, cercado por...