2º Capítulo

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C. 2 - Thinking About Him...

Arrumo a minha última peça de roupa no “novo armário”. Após um bom duche e de colocar uma roupa decentemente cuidada no corpo, decido montar durante um tempo. Montar a cavalo fazia-me sentir livre, sem preocupações, selvagem. É a minha terapia.

Desço a rua até encontrar o portão ferrugento salpicado de verde escuro no qual uma placa identifica aquele local como o picadeiro pertencente aos tios de Sofia. O cavalo no qual aprendi a montar desde que me mudei para Inglaterra encontrava-se a caminhar livremente pelo pasto; Sultão mantinha uma ligação bastante forte para comigo. Ouço um relincho vindo da sua parte ao me aproximar, provocando a formação de um sorriso no meu rosto. Preparo o cavalo e monto-o, andando a trote pelo enorme campo verde.

Lembro-me do meu “salvador”. Lembro-me dos seus olhos castanhos-chocolate a olhar fixamente para mim. Lembro-me do sorriso atraente e doce que me deixava sem palavras. Lembro-me dos seus lábios vermelhos e irresistíveis. Lembro-me dos braços fortes que me transportaram naquela noite de chuva em que estava a enlouquecer. Lembro-me dos toques suaves e carinhosos que me limparam as lágrimas quando chorava. Lembro-me daquela voz forte que me tentou consolar. Lembro-me daquele nome. Daquele nome que soava a algum príncipe árabe; Zayn… Nome que não me sai da cabeça.

Estou estupidamente encantada com o meu “novo amigo”, mas ainda sinto algo muito forte pela pessoa que mais quero odiar. Eu & Gonçalo deixou de existir, simplesmente tenho de encarar a realidade.

Porém, não posso limpar os meus sentimentos dessa forma tão simples; eu continuo a gostar dele. Tenho ódio ao meu prórpio coração pacóvio por não conseguir combiná-lo com o meu cérebro ajuizado!

Ordeno a Sultão que passe de trote a galope. É possível sentir no meu corpo os cascos do animal embaterem contra o solo. O vento sopra contra o meu rosto; e mostro o meu lado mais selvagem. 

- Andreia!

O som da sua voz entoa no campo, entoa na minha mente. Paro e recupero o fôlego, tombando a cabeça para baixo e sentindo a minha anca aos solavancos, conforme as passadas de Sultão. Desço do cavalo e, amarrando a corda à árvore mais próxima, proíbo o animal de se afastar.

   - O que estás aqui a fazer? - Disse alto, ainda com a respiração pesada.

   - Venho pedir-te desculpas. – Gonçalo aproxima-se e ergue o seu braço, tentando tocar-me.

   - Tu achas que tudo se resolve com um simples pedido de desculpas? – Afastei-me. - Quem pensas que és?

   - Mas, amor, eu estava bêbado e...

   - Nunca mais me chames isso! – As palavras foram gritadas à medida que perco o controle do meu tom. - Estavas bêbado? E achas que isso desculpa alguma coisa? - Gonçalo permanecia sem palavras credíveis para se justificar. - Meu amigo, nunca mais te quero ver à frente! Para mim estás morto. - Um silêncio serve de pausa ao barulho original dos meus gritos. - Sai daqui, JÁ!

   - Por favor, tenta entender-me, eu...

   - Vai-te embora, Gonçalo. - O escândalo já havia passado os limites. O meu timbre de voz baixou, dando lugar a uma calma contrastante. - Simplesmente vai.

Ele vira costas, reclamando algo em tom furioso. Reparei que o moreno havia ficado nervoso, mas eu não conseguia perdoá-lo. Ontem, ele fez-me sentir como lixo. Logo após tanto tempo de "amor verdadeiro".

Desprendo Sultão e levo-o para o estábulo. Concebo-lhe um beijo fraco perto da sua crina dourada e abandono o picadeiro, de volta a casa.

(...)

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