4º Capítulo

744 32 1
                                    

C. 4 - Suffering

(música de acompanhamento na multimédia, se quiserem gatasss)

Sentada no chão do quarto, ouço vozes abafadas do outro lado da porta.

   - Andreia, sai daí, vá lá! – Pedia Sofia., batendo com o punho na madeira.

Não respondo. Sinto-me vazia, não quero falar com ninguém.

   - Andy, tu estás bem? – Ana levanta o tom da sua voz habitualmente calma.

   - Por favor, responde-nos! Estamos preocupadas contigo! – Nádia representa a sua parte no discurso e eu peço mentalmente para elas irem embora.

   - Abre a porta, por favor! – Joana esmurra a porta constantemente; as batidas embatem tanto na porta como na minha cabeça pesada.

O meu lado arrogante floria lentamente ao longo dos chamamentos insistentes das raparigas. Deixar-me sozinha seria melhor para mim, e para elas. 

   -  Abre a porta Andreia! Queremos saber se estás bem! - Fecho os olhos, dando lugar a um suspiro que se faz ouvir ao mesmo tempo que a voz de Nádia.

   - Responde-nos! - Insiste, Ana insiste gritando.

   - Calem-se! Quero estar sozinha! – Grunho para elas, eu sei que elas ouvem.

   - Mas tu não estás bem, por favor, abre a porta! – A minha melhor amiga persiste; com razão, mas sem sucesso.

   - Vão-se embora! Quero estar sozinha! 

   - Ia-te fazer bem desabafar, fala connosco! – Acompanhada com mais trupos na porta, Joana tenta fazer-me entender que o que eu quero não é, afinal, o melhor para mim.

   - VÃO-SE EMBORA! – Grito o mais alto que posso; a dor de cabeça aumenta e deixo o meu corpo amolecer de novo.

Elas não disseram mais nada. As lágrimas estavam secas no meu rosto e eu não esperava mais nenhuma. Contudo, não posso negar a minha vontade de soltar todo o pranto ao qual tenho direito, perante a situação e as memórias que vivo.

Tanta coisa ao mesmo tempo! A traição, o novo amigo, a morte do meu namorado, a culpa que sentia, a saudade. As memórias que não param de passar pela minha mente, e que me fazem sentir ainda mais culpada.

Estou muito confusa para pensar em condições. Doí-me a cabeça e os meus olhos já estão inchados do breve choro pesado. Deito-me no chão, fecho os olhos e tenho consciência de entrar num sono profundo.

(…)

Um som, tipo o martelar - consigo ouvi-lo. Está mesmo atrás de mim; penso que batem à porta. Inalo algum ar, tentado respirar, embora as narinas entupidas à medida que estico o meu corpo, esperguiçando-me. Aquela sesta havia-me mergulhado em calma e consciência.

Uma voz masculina junta-se ao som das batidas na porta; reconheço-a na perfeição.

   - Andreia, abre a porta. Podemos falar? – Perguntou Zayn, do outro lado da porta. Levanto-me, coçando os olhos doridos, e rodo a maçaneta. Mal dou movimento àquilo que nos dividia, caminho para a cama deixando o meu corpo cair sobre o colchão.

   - Queres falar? – O moreno entra, fechando a porta atrás de si.

   - Pode ser… - Encarei o tecto ao invés do rapaz. Este faz questão de se sentar ao lado do meu corpo estendido, observando-o.

Save You Tonight [EDITING]Onde histórias criam vida. Descubra agora