Save You Tonight [EDITING]

14º Capítulo

C. 14 - Wrong Door... Or Not!

O secador é passado de leve pelas pontas do cabelo, finalizando a secagem do mesmo. Com as mãos, esfrego o couro cabeludo dando um aspeto mais volumoso ao cabelo recém-lavado. As pontas caem pelos meus ombros, deslizando também pelas costas, encontrando, por fim, o fundo do meu tronco.

Abandono a casa de banho, fechando a porta de modo a manter o vapor quente no interior da divisão. Descalça, caminho em bicos de pés até ao quarto onde Nádia já dorme. A minha vontade de descansar é absolutamente incapaz de superar a minha necessidade de refletir. Por isso, o sofá quase que me convida a sentar-me sobre ele, de joelhos junto ao peito, para umas longas horas a fazer nada senão usar a mente.

E ela começa por relembrar tudo o que tem acontecido desde que os rapazes se mudaram para a nossa casa. A imagem de Louis, Niall, Zayn e Liam desvanece um pouco para focar os olhos cheios de vida, os cabelos despenteados, a voz ríspida. Tem sido sempre assim. Ele sobressai em qualquer imagem que a minha mente me permite ver. Não entendo este hábito, a minha mente nunca me traiu de tal forma; eu nem sequer gosto dele.

A minha cabeça descansa nos meus joelhos. Fecho os olhos, suspiro.
E ele volta, os seus lábios são mostrados com pormenor. Ele mexe-os, molham-se lentamente. Quando ele pronuncia o som "p", eles adquirem uma forma caricata mas intensa. Ele é intenso. O desejo de provar um pouco daqueles lábios é intenso, também. Tudo tem intensidade quando a minha mente foca Harry e eu não suporto tais pensamentos com tal criatura. Não me resta nada mais senão abrir os olhos e espancar o meu subconsciente por ter a atrevida capacidade de ser mais teimoso do que eu.

Por vezes imagino o que seria se eu me apaixona-se por ele. Seria também algo intenso? Ou seria apenas uma brincadeira de pessoas crescidas?; aquelas brincadeiras nas quais alguém sai do jogo com o coração em cacos sobre as mãos, tudo porque um dos jogadores não avisou que faria batota desde o início.

O rapaz dos caracóis parece ser viciado nesse jogo.

E este curto momento de reflexão tem direito a uma pausa assim que ouço batidas na porta.

Num impulso preguiçoso, levanto-me do sofá. Em bicos de pés, calco a madeira até me encontrar de frente com a porta. Rodo a maçaneta e a minha cabeça roda três vezes mais.

- O QUE É QUE ESTÁS AQUI A FAZER? – Questiono num tom de voz médio. Com o silêncio da noite, talvez pareça que estou a gritar. Okay, eu falei alto.

- Oops, porta errada… - Esta foi a resposta idiota de Harry. Ele esboça um sorriso doce, encostando-se à ombreira da porta.

- Harry, dá um intervalo à tua idiotice. Sai, por favor.

- Xiu… Vim em paz… - O ser humano encontra-se apenas em boxers e cheira bem. Sei disso, porque ele aproxima-se de mim. A luz do corredor que o ilumina desaparece à medida que ele entra no quarto escuro.

- O que se passa contigo? - Ele olha constantemente os meus lábios. O olhar troca de vez em quando para os meus olhos. - Estás estranho… - Afasto-me sucessivamente.

- Eu não aguento mais, Sofia. – Desabafa, suspira também.

- Não aguentas o quê? Harry? - Acompanha-me nos passos, tenso. - Estás a assustar-me. Desampara, criatura!

- Não aguento não poder tocar nos teus lábios. - Intenso. - Quero beijar-te.

Fico sem palavras. Fico sem espaço para retroceder mais. Fico empancada no sofá, fico com as batidas cardíacas insanas, fico com suores, fico com nós na garganta, fico doida por ele.