C. 1 - Disillusion
Parte I
POV Andreia On
Havia muito barulho, muito calor e muita agitação. Eu não o encontrava em lado nenhum, uma voz chamada preocupação incomodava o meu interior.
- Sofia, viste o Gonçalo? – A minha pergunta dirige-se à minha melhor amiga. Ela dança alegremente com um copo de sumo vermelho na mão.
- Não. – Ela responde. - Também, no meio de tanta gente, é impossível! A festa está um máximo, não está?
- Está, lá isso tens razão! – Olhando em volta e tentando disfarçar a preocupação que nasce dentro de mim, esboço um sorriso para a rapariga de cabelos negros.
Passo por entre as pessoas para me aproximar de Ana. Os seus cabelos loiros captaram a minha atenção e, para chegar a eles, esborracho-me contra os adolescentes presentes na minha casa.
- Ana, viste o Gonçalo?
- Eu vi-o subir. Deve ter ido à casa de banho. - Aponta com o indicador para a escadaria, fazendo o meu rosto olhar para esse local instintivamente.
- O.K., obrigada!
Falavamos quase a berrar. A festa lá em casa estava com imensa gente, nem sei como tínhamos tantos amigos alcólatras.
Tocava Calvin Harris bem alto, talvez achasse a sua música terrível naquele momento. Decidi subir a escadaria, procurando Gonçalo. Onde raio o moreno se enfiou?
(…)
Fui até à casa de banho e bati à porta, sem obter qualquer tipo de resposta. Empurrei o pedaço de madeira e rodiei o interior da casa de banho com o olhar. Não estava lá ninguém.
Caminhei pelo corredor, sentindo-me ligeiramente mais leve por não ouvir o ruído da música tão perto de mim. Apenas sentia as batidas vindas do andar de baixo à medida que espreitava porta a porta nos quartos das minhas companheiras. E, cliché ou não, restou-me o meu próprio quarto.
(…)
Abri a porta sem bater; ação errada, muito errada. Dei de caras com Gonçalo - o meu suposto namorado eterno - agarrado a uma rapariga qualquer, beijando-a calorosamente no pescoço debaixo dos lençóis da minha - supostamente minha - cama. Mal os meus olhos viram aquela cena repugnante, ficaram cobertos de lagrimas prontas para cair.
Raiva e desilusão consumiram-me, obrigando-me a abandonar aquele local e aquela visão surreal. Já no andar de baixo, empurrei todos os individuos à minha volta, sem qualquer piedade para com as suas bebidas entornadas ou para com as pragas que me rogavam. Deixei o interior da minha casa e encontrei-me com o ar quente da rua escura. Estava a chover imenso e as ruas estavam desertas. Corri sem destino, como se algo estivesse a perseguir-me. Na verdade, algo me perseguia. O que havia acabado de ver, perseguia-me. E eu sentia-me horrívelmente destroçada.
As vezes incontáveis que ele me disse amar...
...Foram palavras soltas que ele despejou com todo o nojo.
Estes anos ao meu lado, os planos traçados para ambos...
...Foram apenas piões no seu jogo para comigo.
Mas talvez me devesse sentir feliz.
Afinal, namorei com um ator de excelência.
O meu fôlego escassa juntamente com os meus pensamentos. Completamente perdida e completamente encharcada, esgotei as minhas forças caminhando aos solavancos para o meio da estrada. O meu consciêncie parecia adormecido e as luzes públicas brilhavam ofuscantemente ao meu ver. Apenas chorava de forma vagarosa e sentia a chuva fria a cair sobre o meu corpo fraco. O contraste térmico provocou-me uma quebra de tensão e a fraqueza obrigou-me a cair sobre os meus joelhos no alcatrão.
Subitamente luz aproxima-se de mim, e um cheiro a gasolina penetra nas minhas narinas.
Eu não sei, apenas não sinto, apenas estou confusa.
- Ei! Ó miúda, o que estás aí a fazer? Queres ser atropelada? - Ouço uma voz masculina a gritar.
Essa pessoa aproxima-se de mim, agachando-se. Uma sombra surgiu e deixei de sentir a chuva a cair sobre os meus cabelos. O cheiro forte a gasolina enjoava-me e a minha visão permanecia turva.
- O que se passa, rapariga? Porque estás no meio da estrada, à chuva?
Eu continuava a ignorar aquele rapaz. O negro visita-me ao cerrar os olhos e o meu último ato consciente foi tombar a cabeça sobre o peito dele.
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Save You Tonight [EDITING]
Fanfic"Quem és?" Questionei, ainda assustada. Os meus pulsos tremiam. "Sou quem te salvou a vida." © 2012 AndreiaSofiaP All Rights Reserved.