Capítulo 9

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Christian Charles:

Me acordei e senti aquele calor colado em mim, com algumas mechas de cabelo... platinado? em meu rosto. Uma de minhas mãos pousadas em seu quadril e... caramba.

Me sentei e não reconheci o lugar. Uma sala de estar bem ampla, toda iluminada. A mesa de centro fora jogada para um canto longe do meio dos sofás, que estavam todos desiguais, longe. As almofadas no chão e algumas coisas quebradas, como um porta-retratos. Minha visão recaiu sobre as garrafas vazias de bebidas, espalhadas aleatoriamemte pelo lugar.

— Ai. Cacete.

— Hm... De quem? — pisquei. A garota dos cabelos brancos já estava despertando também.

Revirei os olhos.

— Ninguém, caralho.

— Olha a bagunça que a gente fez! — gemeu fazendo uma careta, quando viu o que fizemos ontem à noite. — E por que não fomos pro quarto?

— Que merda! Como é que eu vou saber?

Me levantei e comecei a catar minhas roupas. Ela ficou me olhando, com uma cara de quem viu uma alma.

— Não vá, por favor. — choramingou, e senti seu toque em meus ombros.

— Não vem com essa. Tô com uma dor de cabeça do cara...

Ela se colocou em minha frente, e meu olhar vagou por seu corpo.

— Ainda está com dor de cabeça? — perguntou, soltando um risinho. Parece que a ressaca ainda não tinha chegado pra ela.

— Cala essa boca.

Tomei uma ducha assim que cheguei em casa. Caçei o punhado de chaves e o encontrei no chão da cozinha, o peguei e avancei até o porão. Me deparei com Violeta dormindo, porém, quando cheguei mais perto, me dei conta de que sua pele branca estava mais pálida e seus lábios entreabertos. Tinha até alguns bichos em cima dela.

Porcaria...

— Violeta. — toquei seus braços e rosto, sentindo-os completamente frios. Levei minha mão em seu seio esquerdo e as batidas de seu coração batiam em um ritmo muito fraco.

— Ah, mas que porra! Eu devia saber que aqui fazia muito frio. Acho que você está com hipotermia. — falei sozinho. Peguei-a nos braços e levei até um quarto. De início hesitei, não estava em meus planos levá-la até um.

Coloquei-a na cama e sem delongas a cobri com um cobertor. Será que bastava só um? Fiquei na dúvida, então peguei outro.

O que restava agora era esperar ela despertar.

Percebi que havia dormido enquanto esperava quando meu celular tocou e eu recusei a chamada, xingando. Ela ainda estava desacordada. Cheguei mais perto e sentei na cama, conseguindo observar cada traço de seu rosto. Tinha os olhos castanho escuro, as sobrancelhas grossas e os lábios bem delineados. Não era tão baixa e seus cabelos estavam na cintura, possuiam uma cor mel deslumbrante.

Dei as costas e estava prestes a sair do quarto, porém a escutei mexer-se na cama. Parei e fiquei olhando. Aos poucos seus olhos foram abrindo e sua cara foi a melhor. Ela olhou-me com uma expressão de pavor e surpresa, seguida de inquietação e curiosidade.

— O que aconteceu? — sua voz saiu arrastada. Quando se deu conta de que estava deitada e coberta, arregalou os olhos para mim.

— Porra de hipotermia. — ela franziu a testa, mas pareceu entender.

Saí e busquei água e frutas pra ela, voltando em seguida para o aposento. Entrei no quarto repentinamente e ela deu um pulo, assustada, quando me viu.

O pânico foi tomando seu rosto quando viu o que eu tinha em mãos. Dei a ela a água e as frutas, e a mesma continuou sem mover um músculo.

— Não tem veneno. — avisei.

Ela fez menção de sair da cama, mas eu a detive.

— Pra onde pensa que vai? Coma.

— Não estou com fome. — deu de ombros, embora nós dois soubéssemos que estava.

— Te encontrei desacordada morrendo de frio. Coma. Não é um pedido, é uma ordem.

Violeta levantou-se com certa dificuldade e se pôs sentada na cama, começando a comer. Eu a observei, não conseguindo conter um sorriso sacana no rosto. Ela me olhava de relance e sempre desviava sua atenção para um ponto qualquer do quarto.

Quando acabou, disse:

— Não precisava ter feito isso.

— Isso o quê? — perguntei.

— Isso. — e gesticulou com o olhar para a água e o quarto. — Não era pra eu morrer?

— De frio, não. — soou com desdém minha resposta e a vi baixar a face.

Suspirei.

Antes de eu chegar a perguntar se ela já se sentia melhor para sair, a mesma se apressou em dizer:

— Já estou melhor. Posso sair agora?

— Onde estão seus modos? Cadê meu "muito obrigado por cuidar de mim?" — questionei, ríspido, franzindo de leve a testa.

Ela engoliu em seco, tentando disfarçar a raiva.

— Obrigado por cuidar de mim. — respondeu relutante.

— Boa garota. — sorri. — Merece um petisco.

— E você um... — seu sussurro cessou quando a fuzilei com o olhar.

— Um o quê? — segurei seus ombros e a prendi na parede. — Um o quê?!

— Nada. — mordeu o lábio, evitando me olhar.

— Escuta, eu tô cansado dessas suas respostas afiadas. Você não quer que eu corte a sua língua, quer?

Seu corpo estremeceu quando apertei de leve seus ombros.

— Não. — murmurou, e vi que ela fazia um esforço enorme para não deixar que as lágrimas caíssem.

— Melhor assim — liberei a passagem. — Saia. Agora. — vociferei.

— Tudo bem. — balbuciou. E passei as mãos nos cabelos, suspirando. Que porra de situação irritante. Ela era irritante. Até onde minha bondade iria? — me peguei pensando.

Peguei minha jaqueta que estava jogada em cima da poltrona, e ajeitei a pistola no bolso dela.

— Já sabe o que acontece se tentar fugir — adverti, vendo seus olhos se arregalarem e sua mandíbula retesar. Então, saí.

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Capítulo revisado. ✔

Violeta (Completo/Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora