Christian Charles:
— Talvez eu me entregue quando tudo acabar.
— Espera. O quê? Tá falando de se entregar?
— Sim.
— Você... Perdeu o juízo! — exclama Mário pasmo. Ele espera que eu diga que é brincadeira ou me explique melhor, mas não digo nada. — Charles! Vão te torturar até você confessar quem mais estava nessa. Você vai morrer preso! Se você tomar na bunda, a gente também toma!
— Eu disse talvez. É que... Eu não quero ficar longe dela.
— Pois não fique!
— Impossível. E quando ela descobrir a verdade, Mário? Eu não sei o que vou fazer.
Ele me observa atento.
— Ela vai te odiar mesmo.
Faço uma cara assassina para ele.
— O assunto é sério. Você não está ajudando.
— Ok. Relaxa. Poxa, nunca vi você tão deprimido. — Mário respira fundo, escolhendo minuciosamente quais palavras dizer. — Se você está disposto a lutar por ela, vai aguentar a sua raiva e seu desprezo. Vai fazer de tudo, entende? Lutar até onde puder. E se mesmo assim ainda não der certo, por mais que isso te despedaçe por dentro, deixe- a ir, Charles. E, merda, você sabe que se entregar é burrice. Por mais que não queira, vai arrastar todos nós também.
— Tudo bem. — respondo.
— Prometa.
Suspiro e lhe lanço um olhar irritado.
— Eu prometo.
— Posso fazer uma pergunta?
Bufo.
— Já está fazendo uma pergunta.
— Quando foi a última vez em que você transou com uma mulher?
— Não lembro. — falo dando de ombros. — Por que?
Ele parece espantado, mas sua expressão fica divertida no mesmo segundo.
— Como assim? É sério que você tá sobrevivendo disso? — Mário começa a gemer e a fazer movimentos invisíveis com a mão. Em um canto, duas amigas e um homem começam a rir.
— Será que dá pra você parar com essa merda?!
— Ok. — diz ele parando e rindo ao mesmo tempo. — Ela tem que idade mesmo?
— Dezesseis.
— Cuidado: Ela é de menor. — Mário segura uma risada na tentativa de alertar-me sobre aquilo ser algum tipo de problema.
— Não fode.
— Quando ela for te beijar vai ficar assustada por causa do bafo da bebida.
— Uma pastilha resolve. E, além do mais, ela não se importa. E também não estou enchendo a cara.
O homem que riu de Mário se levanta de sua mesa e vem até nós. Não. Espera. Corrigindo: Vem até ele.
— Olá.
— E aí, cara. — ele me lança um olhar interrogativo. Sacudo os ombros como resposta.
— Eu vi o que você estava fazendo. Quer dá uma saída?
De repente, ele se dá conta do que o cara é.
— Ah. Aquilo não foi para você. Foi para o meu amigo. Não. Porra! Foi para ele, mas não do jeito que você está pensando. Ah, merda...
— Mário, cale a droga da boca. — o homem ri e chega mais perto dele, que se afasta o quanto pode, ou seja, alguns centímetros apenas.
— Sou hétero. — dispara Mário.
— Sei. — responde ele com ironia. —
— Toma meu número. Manda uma mensagem para marcarmos um dia, delícia. — ele dá um tapinha em seu ombro e sai. Quando está longe o suficiente, Mário diz:— Presta atenção, eu não vou mais sair com você. Tomei uma surra e ainda tem um cara ali super musculoso querendo me comer.
Gargalho tanto que minha barriga chega a doer.
— Foi você quem pediu para vir, Mariazinha. Agora seu apelido ganhou sentido.
Ele murmura "cretino" e tira do bolso uma carteira de cigarros, colocando um na boca e acendendo-o.
— Quer um?
— Não. Valeu.
Chego em casa e, antes de ir vê-la, coloco a mão na frente da boca. É. Não estava mais com cheiro forte por causa da menta da pastilha.
Encontro Violeta deitada, seus cabelos estão molhados e o que cobre seu corpo é apenas um short curto de dormir e uma blusa de alça.
Ela se vira na minha direção.
— Oi.
Vou até a cama, tiro os sapatos e me deito ao seu lado.
— Oi. Eu não queria te acordar.
— Não estava dormindo, só... pensando.
— Em quê? — pergunto.
Ela se aproxima mais e passa uma perna entre as minhas, deitando a cabeça em meu peito. É uma tortura nauseante ficar assim e não ir além disso. Quero tanto ela que chega a doer, mas não consigo. Não com ela sem saber do que aconteceu, das porras que fiz.
— Em tudo. E senti sua falta também.
Toco sua bochecha.
— Estou aqui agora. — ela sorri e põe sua mão sobre a minha.
— É.
— Eu trouxe isso. — tiro do bolso a barra de chocolate que comprei no caminho de volta. — Parece que é bom quando a mulher está em dias assim.
O entusiasmo toma seu rosto.
— Acho que você leu meus pensamentos. — ela rasga o papel e dá algumas mordidas, soltando um gemido. — Maravilhoso. Quer um pedaço?
— Você já comeu tudo.
— Desculpe. Você demorou para responder.
Rio e passo a língua no canto de sua boca, onde ficou sujo. Ela me puxa pela nuca, me beijando de modo lento e provocador. Suas mãos passeiam pelos meus bíceps e levantam minha camisa. Quase perco o ar quando Violeta se ajeita e fica sobre mim, colando beijos em meus ombros e pescoço.
— Droga... Não. — de algum modo, consigo dizer.
— Qual o problema? — sussura no meu ouvido. — Só quero beijar você assim.
Olho para seus olhos, estão ardentes e sérios.
— Tudo bem. Vou parar de reclamar. Pode passar a noite inteira me beijando, se quiser.
Sua risada gostosa ecoa por meus ouvidos. Ela se ajeita sobre minha cintura e eu xingo, reprimindo um gemido.
— Você vai me matar de tesão, meu anjo.
— Essa é a ideia.
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Violeta (Completo/Revisado)
RomanceVioleta Harvey, uma garota de dezesseis anos, quando pequena foi abandonada por seus pais em um orfanato. A única coisa que ela considerava boa naquele péssimo lugar eram seus dois amigos: Bryan e Derick. No entando, na infância, eles cometem um pe...