Capítulo 32

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Christian Charles:

— Para onde estamos indo, tio? — Anne apertou minha mão e olhei para ela de novo, aquele um terço de gente loiro segurando com força seu urso de pelúcia.

— Eu vou te deixar em casa.

— Minha casa não é pra esse lado.

— Eu sei. — rio de sua resposta. — Estamos indo até o meu carro.

— Tenho medo do escuro. Você não sente medo?

— Não.

— E o que faz para não sentir medo?

Penso um pouco.

— Tenho confiança em mim mesmo.

— O quê? — ela para confusa e arqueia as sobrancelhas claras.

Paro também. Eu não sabia como diabos explicar isso para ela. Pigarreio e digo:

— Você tem que pensar que é mais forte que seu medo, que você domina ele. Tem que... só pensar que é forte. — faço uma pausa e reprimo um xingamento por não saber explicar para ela isso direito. — Será que deu pra entender? — termino de dizer e ela passa um tempo pensando. 

— É, eu sou forte! — disse fazendo uma cara de vencedora. — Após uns segundos processando o que eu disse, percebi que daria um ótimo conselheiro pra ser pai.

— Sabe — começo dizendo. — Eu te levaria para conhecer... — as palavras somem da minha mente e boca. Anne percebe e me olha com curiosidade. — Deixa pra lá.

— Conhecer quem? — não respondo. Nós não éramos nada. Eis a palavra que mais chegava perto do que éramos: Amigos. E isso soava bizarramente bizarro pra caralho. — Hm... Sua namorada? — ela dá um risinho sugestivo.

Penso nessa remota possibilidade.

— Acho que ela nunca vai me querer.

— Pergunte a ela. Vocês homens complicam tudo! — sorrio. Depois de alguns minutos, ela diz: — Eu tenho um namorado. — franzo o cenho.

— Sério? — finjo acreditar.  — E... — fico pensando na minha pergunta para não sair, digamos, adulta demais. — Vocês se abraçam? Dão beijo na bochecha?

— Não! Ele divide o lanche comigo. — solto uma gargalhada alta.

Quando saímos da mata, Anne larga minha mão. Nos cinco segundos que eu guardo o celular no bolso e caço a chave do carro, ela desaparece.

Merda.

— Posso saber o que você está fazendo?! — eu a encontro alguns metros mais a frente, segurando uma... Droga! Uma porra de uma aranha, Anne? E tinha que ser desse tamanho?

— Veja tio! Você disse pra mim ser mais forte que o meu medo, e eu tenho muito medo de aranhas também, então a peguei, sou muito mais forte que ela.

Eu nunca quero ser pai.

— Ah, não, pirralha! Você levou ao pé da letra o que eu disse!

— E o que isso quer dizer?

Suspiro.

— Quero dizer pra você soltar ela!

— Por que? Ela vai me picar? — dessa vez, ela olhou com medo para a aranha grande e peluda em sua mão.

Porra. 

— Err... Não. Seja boazinha com a aranha que ela não vai fazer nada. Coloque-a com cuidado no chão e vem.

Por algum milagre, ela fez isso direito e correu até onde eu estava.

Violeta (Completo/Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora