Christian Charles:
— Para onde estamos indo, tio? — Anne apertou minha mão e olhei para ela de novo, aquele um terço de gente loiro segurando com força seu urso de pelúcia.
— Eu vou te deixar em casa.
— Minha casa não é pra esse lado.
— Eu sei. — rio de sua resposta. — Estamos indo até o meu carro.
— Tenho medo do escuro. Você não sente medo?
— Não.
— E o que faz para não sentir medo?
Penso um pouco.
— Tenho confiança em mim mesmo.
— O quê? — ela para confusa e arqueia as sobrancelhas claras.
Paro também. Eu não sabia como diabos explicar isso para ela. Pigarreio e digo:
— Você tem que pensar que é mais forte que seu medo, que você domina ele. Tem que... só pensar que é forte. — faço uma pausa e reprimo um xingamento por não saber explicar para ela isso direito. — Será que deu pra entender? — termino de dizer e ela passa um tempo pensando.
— É, eu sou forte! — disse fazendo uma cara de vencedora. — Após uns segundos processando o que eu disse, percebi que daria um ótimo conselheiro pra ser pai.
— Sabe — começo dizendo. — Eu te levaria para conhecer... — as palavras somem da minha mente e boca. Anne percebe e me olha com curiosidade. — Deixa pra lá.
— Conhecer quem? — não respondo. Nós não éramos nada. Eis a palavra que mais chegava perto do que éramos: Amigos. E isso soava bizarramente bizarro pra caralho. — Hm... Sua namorada? — ela dá um risinho sugestivo.
Penso nessa remota possibilidade.
— Acho que ela nunca vai me querer.
— Pergunte a ela. Vocês homens complicam tudo! — sorrio. Depois de alguns minutos, ela diz: — Eu tenho um namorado. — franzo o cenho.
— Sério? — finjo acreditar. — E... — fico pensando na minha pergunta para não sair, digamos, adulta demais. — Vocês se abraçam? Dão beijo na bochecha?
— Não! Ele divide o lanche comigo. — solto uma gargalhada alta.
Quando saímos da mata, Anne larga minha mão. Nos cinco segundos que eu guardo o celular no bolso e caço a chave do carro, ela desaparece.
Merda.
— Posso saber o que você está fazendo?! — eu a encontro alguns metros mais a frente, segurando uma... Droga! Uma porra de uma aranha, Anne? E tinha que ser desse tamanho?
— Veja tio! Você disse pra mim ser mais forte que o meu medo, e eu tenho muito medo de aranhas também, então a peguei, sou muito mais forte que ela.
Eu nunca quero ser pai.
— Ah, não, pirralha! Você levou ao pé da letra o que eu disse!
— E o que isso quer dizer?
Suspiro.
— Quero dizer pra você soltar ela!
— Por que? Ela vai me picar? — dessa vez, ela olhou com medo para a aranha grande e peluda em sua mão.
Porra.
— Err... Não. Seja boazinha com a aranha que ela não vai fazer nada. Coloque-a com cuidado no chão e vem.
Por algum milagre, ela fez isso direito e correu até onde eu estava.
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Violeta (Completo/Revisado)
RomanceVioleta Harvey, uma garota de dezesseis anos, quando pequena foi abandonada por seus pais em um orfanato. A única coisa que ela considerava boa naquele péssimo lugar eram seus dois amigos: Bryan e Derick. No entando, na infância, eles cometem um pe...