"Ninguém pode te ferir e te machucar a não ser que seja eu mesmo. Quero sentir seu medo, seu desespero, suas lágrimas, o gosto doce e ao mesmo tempo amargo do seu sangue. Caso alguém tente algo contra você, pagará... E pagará com sua própria vida, ficando ainda a me dever." (C. C.)
Violeta:
— Acorda. Acorda. Acorda! — ouço o berro e me ponho sentada, desnorteada e confusa devido ao pesadelo que tive noite passada. Ah, que alívio, foi só um pesadelo. Parecia... tão real. O alívio me inunda e olho para a cara de vômito de Holly e de suas amigas ridículas. Eu odiava ser acordada por elas. Afinal, o sino para todos estarem de pé ainda nem tinha soado.
Pisco, forçando minha visão para se acostumar com a claridade da luz.
Holly dá um passo para frente, com um dedo enrolado em uma mecha de cabelo louro.
— O que você está pensando? Por favor, me diga o que se passa nessa sua estúpida cabecinha. Por acaso acha que foi adotada por alguém pra dormir até que horas bem entender? — ela praticamente cuspiu as palavras. Não demorou muito até as outras meninas formarem uma roda ao nosso redor, como se fosse uma disputa em um ringue.
Uma de suas amigas, Sam, chega até nós e estala o dedo perto da minha cara, como se fosse para chamar minha atenção para o que ela está falando.
— Minha querida Violeta —, meu nariz torce diante de sua falsa e melosa voz. — Fique sabendo que você não foi, ok? Então trate de se levantar e ir ajudar as outras garotas na faxina. — como assim "as outras garotas na faxina"? Todas estavam nos espreitando, observando tudo.
— Vai! — ela fez uma cara de nojo e gesticulou com as mãos para eu me levantar, e foi o que eu fiz.
— Holly —, tentei manter minha voz mais pacífica possível. — Fique você também sabendo que ainda não é hora de acordarmos. Por acaso você tem problemas de adiantamento nessa sua "estúpida cabecinha"? Vê se regula seu relógio, "querida". — fiz aspas no ar com os dedos e a imitei. Risinhos espalharam-se pelo nosso quarto e não consegui esconder meu divertimento.
Ela olhou para todas com uma cara de quem está prestes a vomitar, e as meninas se calaram.
— Não tenho nenhum problema. Teria se fosse órfã, como você. — aquele troço de ser humano sempre tinha que argumentar isso para se defender de qualquer situação. Ela sempre apelava para isso.
Holly David's. Ela era a garota mais terrível e orgulhosa do orfanato —, talvez até do mundo. Achava que podia mandar em mim e nas outras garotas só por que era filha da horrenda da diretora. Argh! Convivi todos esses anos com sua cara mimada, e parece que eu nunca me acostumava.
— Cuida, Violeta! Tá esperando o quê me olhando com essa cara de orfã sem dono? — é. Eu costumava ignorar ou rebatia quando seus comentários maldosos tentavam me atingir. Mas dessa vez não consegui deixar pra lá. Seus insultos já tinham me machucando demais. E, para ser franca, no momento não me importei com as futuras consequências, que eu sabia bem quais eram.
Olhei para sua cara e ela quase sorriu, só não o fez porque levei minha mão em seu rosto, deixando visíveis as marcas. A mesma gemeu de dor e foi inevitável não aparecer as marcas que meus cinco dedos causaram em sua bochecha.
Parece que o tempo parou nesse momento. Acho que ninguém estava respirando. Nenhuma pessoa em sã consciência enfrentava Holly.
Holly abriu a boca para falar, mas se calou no mesmo instante. Seus olhos marejaram e seu queixo começou a tremer.
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Violeta (Completo/Revisado)
Roman d'amourVioleta Harvey, uma garota de dezesseis anos, quando pequena foi abandonada por seus pais em um orfanato. A única coisa que ela considerava boa naquele péssimo lugar eram seus dois amigos: Bryan e Derick. No entando, na infância, eles cometem um pe...