Capítulo 50

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Mário:

Conferi se o sinto de segurança estava encaixado pela segunda vez. Passamos por uma placa que indica que é proibido ir além dos cento e vinte quilômetros por hora. E eu vejo que que já estamos a quase cento e setenta.

— Er, Charles, dá pra ir mais devagar?

Ele está altamente concentrado. Seus olhos não saem da linha da estrada nem por um segundo.

Durante cada minuto ao seu lado pude perceber a raiva e a amargura lhe consumindo. O conheço faz anos e nunca o vi de tal maneira. Ele xingava quando passava algum engraçadinho por nós ou quando o carro saltava por conta de algum buraco aberto na estrada. Me respondia mal quando eu lhe fazia uma pergunta e, pude jurar, acredite se quiser, que ele passaria com o carro por cima do da polícia, que vinha em direção contrária à nossa.

Se eu estivesse em seu lugar, também ficaria do mesmo jeito. Ou pior.

Durante um tempo, flagrei-me pensando no que vai acontecer com o Rodrigo. Aquele velho só podia ter esquecido de tomar seus remédios anti-esquecimentos. Ele não sabe com quem está lidando, em que furada está se metendo. Ele não conhece o mesmo Christian Charles que eu, que por longos anos estive ao seu lado, conhecendo detalhadamente bem seu gênio vingativo e frio. No entanto, a única coisa que me resta para dizer, é:

Rodrigo, você fodido.

— Charles. — pigarreio para ver se assim consigo sua atenção.

— Puta merda, Mário. O que é?

— Eu não quero morrer agora!

— Por que tá dizendo isso?

— Por que? Ora! Olha a merda da velocidade.

— Não vamos morrer. — afirma sem me olhar. Pela primeira vez em quase dois dias seus lábios curvam-se num sorriso. Sim, dois dias! Já fazia quarenta e oito horas que estávamos indo para o tal lugar que ele achava que Violeta estava. Foram feitas investigações para confirmar se a suspeita do local era verdadeira, mas não tínhamos nenhuma informação concreta ainda.

Charles aumenta a velocidade do carro e, instantaneamente, bate um enjoo em mim. Tiro forças da casa do caralho para segurar aquilo, e quase me engasgo quando Charles vai para a mão contrária, na qual vem um caminhão.

Sinto quando ele volta para o lado certo antes que nos mate, soltando um riso fraco quando abro meus olhos e levo minha mão ao coração.

— Puta que pariu, Charles! — exclamo, suando. — Se você fizer isso de novo, eu juro que pulo para fora do carro!

Sua testa se franze, juntamente com seus lábios.

— Tem certeza?

— Tá maluco? É claro que não. Mas não faça mais isso. Quase tive um troço aqui. — resmungo.

— Se eu soubesse que você tinha medo de velocidade, teria usado isso há muito tempo contra você.

Evito uma revirada de olhos.

— Falta muito tempo pra chegarmos? — pergunto, tentando mudar de assunto. Então ele solta as mãos do volante e levanta a manga longa da camisa, dando uma verificada no relógio preso ao seu pulso.

Céus, eu não quero uma sepultura tão cedo assim.

— Não vamos salvar Violeta se você nos matar primeiro! — berro.

Sua expressão muda no mesmo momento para como estava antes: Sombria.

— Eu vou matar ele, Mário. Juro que vou. Mesmo que para isso eu morra também. Faça de tudo... — uma onda de tristeza toma seu rosto. — Para ela ficar bem.

Violeta (Completo/Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora