Pov. Axel
A casa parece não ser a mesma sem escutar Hannah na cozinha dando comida para os gêmeos, fazendo gestos para fazer eles comer, e agora quem esta fazendo esse papel é Maria. Ela não faz as brincadeiras como Hannah, mas serve pra alguma coisa.
Subo para o meu quarto, tiro a minha roupa e entro no banho para tirar o cheiro de hospital do meu corpo. Toco as minhas cicatrizes e as lembranças me invadem. Maldigo mil vezes ao ser desprezível que eu tinha como mãe, não perco o meu tempo com aquelas catástrofes da minha infância.
Saio do banho e em pouco tempo eu fico pronto para voltar pro hospital levando algumas coisas que Hannah possa precisar, incluindo o bichinho de pelúcia que eu comprei para Jacob quando ele tinha apenas uma semana de vida.
Desço as escadas de dois em dois degraus, para chegar mais rápido no primeiro andar.
- “Jovem Axel, o jantar está servido” - ela diz e como a maioria das vezes eu ignoro o que Maria me diz.
Sei que ela não merece esse tipo de tratamento, então me obrigo a responder.
- “Vou levar essas coisas para Hannah no hospital, vou comer quando voltar” - eu não falo mais nada.
Ao chegar no hospital, não me permitiram ficar mais do que dez minutos, houve um momento em que eu quase bati no enfermeiro por pedir que eu saísse. Hannah sinalizou o celular dessa firma manteríamos contato, sem mais nada a fazer tive que ir embora, não posso fazer um escândalo no hospital.
Furioso volto para a casa, é um pouco tarde e eu acabei encontrando Jeremy dormindo. Tirei a minha roupa e coloquei uma calça de pijama, coloquei Jeremy deitado do meu lado e ele se aconchegou nas minhas costelas, hoje será outra noite muito longa acordado.
Faço uma vídeo chamada e espero que ela atenda, seu rosto cansado e o seu cabelo despenteado me dá boas vindas.
- Olá, Jeremy bebeu todo o seu leite? - ela fala baixo e devagar.
- Sim e está dormindo nesse momento, e está um pouco inquieto. - faço uma careta levantando o canto dos meus lábios, movo um pouco a câmera para que ela o veja, ela solta uma risadinha.
- Já vejo, faz uns dez minutos que o doutor passou aqui, a febre de Jacob subiu um pouco mas o doutor disse que Jacob estava passando bem pelo processo e que os medicamentos estão fazendo a sua parte, vamos ver como passa a noite. – ela move a câmera em direção a Jacob que está abraçado com o ursinho de pelúcia com o braço esquerdo que não está com o soro. – Acho que ele precisa de uma mamadeira, para ver se dorme e descansa, quanto mais ele dormir, mais ele se recupera.
- Ele está acostumado a tomar uma mamadeira antes de dormir. – eu concordo. Eu a observo ela dar a mamadeira a Jacob antes de terminar ele acaba adormecido.
- Você comeu alguma coisa antes de ir pra cama dormir? - ela pergunta olhando para mim.
Os meus lábios se formam em uma linha fina, afasto do meu rosto todos os tipos de emoção, eu detesto que me trate como um fodido menino de cinco anos, a qual obrigam a comer e a fazer tudo.
- Não – como uma simples monossílaba eu respondo.
- Axel você sabe que isso não te faz bem, você precisa ter um balanço... - eu a interrompo.
- Claro! Para que o meu corpo controle o puto descontrole mental que eu tenho. - eu subi o meu tom de voz, Jeremy se remexe gemendo fazendo um pequeno escândalo, acaricio a sua cabeça isso o acalma o fazendo voltar a dormir.
- Não diz isso, privar o seu corpo de alimentos, do sono e das coisas que te mantem saudável, vai fazer com que você acabe ficando doente. Isso é o que estou tentando evitar, se você não me ouvir, tudo bem, mas pense nisso por favor. - depois desse incidente não toco mais no assunto para evitar mais conflito.
Ficamos conversando durante uma hora, eu a escutava falar, uma vez ou outra vi o filho da puta do médico dizendo que está tudo bem.
Voltar a ficar acordado está cobrando caro do meu corpo, sinto o meu cérebro sobrecarregado, há olheiras horríveis em baixo dos meus olhos, uma terrível dor de cabeça e meu estômago não deixa de rugir pedindo comida.
Ao chegar na cozinha, pego pão, queijo, café, leite, fruta, suco de laranja e começo a comer.
Assim transcorreram os dias, em uma rotina de ir ao hospital, voltar para casa, dormir poucas horas, comer de vez em quando, cuidar de Jeremy e organizar a compra do terreno onde eu irei fazer uma réplica do meu clube.
Passaram quatro dias para que dessem alta para Jacob. Dessa vez teremos mais cuidado com os dois para evitar outro desastre parecido. Transferir a minha consulta com o psicólogo para a segunda-feira da próxima semana.
Nesses dias que Jacob ficou no hospital, ele desenvolveu um vínculo muito forte com a sua mãe, no qual não me deixa chegar perto e não quer eu o segure.
Mas as olheiras de cansaço no rosto de Hannah me obrigam a quebrar esse vínculo, ele não parava de gritar.
- “Axel me dá o menino, você não tá vendo que está o torturando” - ela disse ao ver Jacob vermelho de tanto chorar.
- “Não, ele tem que aprender a ficar comigo” - eu digo cansado dessa mesma merda.
- “Axel” - ela diz em tom de reprovação.
- “Mas que merda! É meu filho também, não tente foder a porra da minha relação com eles, não me obrigue a...” - eu me calei, se eu continuar falando isso não vai terminar bem.
Ela fica em silêncio no seu lugar, apertando as suas mãos em um gesto que ela faz quando está nervosa, seu corpo sofre um leve tremor, em apenas uma semana voltei a foder tudo, nesse passo vou acabar destruindo tudo.
Deixo Jacob em seu colo, saio de casa a procura de um lugar onde eu posso descarregar todas as minhas frustrações e as más vibrações, que tenho em meu corpo. Se eu ficasse mais um minuto aqui, os meus demônios vão começar a agir por si só.
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A Vingança 3: A Crueldade do Pecado (Completo)
Roman d'amour3° livro da Saga A Vingança Sinopse: Perdoar a si mesmo é um martírio, e ainda mais quando passa dia após dia e a pessoa que você mais machucou, agisse como se nada tivesse acontecido na sua frente.