Two years.

126 9 0
                                    

Tudo parecia normal pra mim; eu tinha os meus amigos, a minha família e tinha acabado de receber a aprovação do Ensino Fundamental II, eu começaria o ensino médio, até que algo me desestabilizou.

Eu fui criada pelos meus avós até os doze anos, foi quando eles se mudaram pra Miami e eu permaneci em Nova York. A separação foi difícil, mas foi necessária, já que minha avó tinha que fazer um tratamento por conta do câncer, e a melhor clínica era lá. Com o tempo, ela foi melhorando, mas um dia ela não resistiu.

Eu perdi a minha avó aos quatorze anos de idade, e por pouco que parece, os dois anos que eu não fiquei com eles, pareceram uma eternidade, e o que acabou comigo foi saber que eu não pude passar essa eternidade com eles.

Meus pais nunca paravam em casa, por isso eu digo que fui criada pelos meus avós, principalmente pela minha avó que fazia de tudo por mim.

Agora, ao começar o ensino médio, eu não poderia ficar longe do meu avô, não naquele momento.

— Você volta em alguns meses, certo? – a Mila disse me abraçando e suspirando.

— Sim, eu só preciso me certificar de que ele está bem. – sorri sem jeito enquanto me separava do abraço.

— Não me esquece, tá? – a Pri falou me abraçando assim que eu saí do abraço da Mila. Pude escutar ela chorando e sorri sem jeito com aquilo, fechando os olhos e a abraçando com força.

— Nem se eu quisesse, Pri. – me afastei um pouco dela e enxuguei as suas lágrimas. – Eu volto logo, ok? – ela assentiu com a cabeça e se afastou.

— Não sei como vamos viver sem você. – Shawn falou com os olhos marejados e me abraçou com força.

Eles eram meus amigos de infância, morávamos no mesmo condomínio fechado, na mesma rua, e ainda estudávamos na mesma sala. Eu daria a minha vida por eles.

Ao sentir o Shawn me abraçando daquela forma, eu me entreguei e quase não o soltava.

Eu poderia morrer no avião, poderia morrer quando chegasse lá, poderia morrer de um tiro ou atropelada, e ele nunca iria saber como eu me sentia em relação a ele. Pelo menos as meninas sabiam e falariam.

— Vai ficar tudo bem. – falei sem jeito e tentei conter as lágrimas, que gritavam pra sair.

— Dois meses, hein, blondie? – ele falou sorrindo e cruzou os braços. Blondie era como ele me chamava desde que eu me entendia por gente.

— Dois meses. – falei sorrindo e pegando a minha mala. Suspirei fundo e olhei pros três, pensei em abraçá-los mais uma vez, mas eu odeio despedidas, e aquilo só alongaria mais ainda o meu sofrimento.

Me virei e entrei na sala de embarque sem nem olhar pra trás.

Ok, dois meses. Eu fiquei lá por dois anos.

Meu avô precisou de mim mais do que eu achei que fosse precisar, e eu não conseguia dizer "não" pra ele, eu simplesmente não resistia quando ele segurava a minha mão e dizia que a netinha dele tinha voltado pra ele.

Eu fiquei com ele até o seu último suspiro, até ele sorrir e fechar os olhos, até a sua mão relaxar sobre a minha.

Eu passei mais alguns meses em Miami com a minha tia, tentando me recuperar e terminando o segundo ano do ensino médio.

No dia da festa da turma, eu fui na cozinha do salão de festas para pedir água, pois eu estava com sede e só estavam servindo bebidas alcoólicas, o que eu achava um absurdo.

Ao virar o corredor, acabei esbarrando em alguém.

— Desculpe. – falei sem jeito e nem olhei pra pessoa.

Two of HimWhere stories live. Discover now