You don't have to.

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— A professora não disse que nós apresentaríamos na sala de aula? Estamos no auditório do colégio, Lana, o colégio todo está aqui, a Gabriela está aqui, o mundo está aqui. – a Pri disse andando de um lado pro outro e eu não sabia o que fazer para acalmá-la.

Depois da visita do Brian, eu tentei ao máximo ignorá-lo, achei que ficaria mais fácil de lidar com tudo, e focando nos estudos, consegui ocupar minha mente.

Estávamos na sala no auditório quando a Pri começou a ficar ansiosa demais; quer dizer, demonstrar a sua ansiedade, porque ela estava ansiosa com esse trabalho desde que soube do tema.

— Vai ser algo rápido, Pri, nós ensaiamos, o slide está legal, vai dar tudo certo! – disse tentando acalmá-la, mas ela não parava de andar de um lado pro outro.

— Eu nem arrumei meu cabelo, eu prendi, Lana, eu prendi, eu gosto dele solto... – ela continuou andando e eu me levantei, parando-a e segurando seu rosto.

— Você está linda, seu cabelo preso só destaca o seu rosto, o que é melhor ainda, porque sinceramente... Quem não quer ver o destaque dessa maquiagem? – disse sorrindo e ela sorriu. – Acredita em mim, você vai se sair bem, vai dar tudo certo, ok? – assenti com a cabeça e ela fechou os olhos, logo assentindo com a cabeça e me abraçando.

— Obrigada. – ela sussurrou e eu suspirei de alívio.

(...)

— Lana e Priscila! – a professora nos chamou ao palco do auditório e entramos de mãos dadas enquanto as pessoas nos aplaudiam. Nos separamos e cada uma ficou de um lado do slide que estava sendo projetado na parede com o tema "Orientação Sexual" e a bandeira LGBT.

A Pri respirou fundo e eu vi que ela não iria conseguir começar. Engoli a minha ansiedade por ela e aproximei o microfone da boca.

— Bom dia, eu sou a Lana Rossi e minha dupla é Priscila Menezes, nós vamos apresentar um breve seminário sobre Orientação Sexual, mostrando suas diversas vertentes. – sorri em forma de alívio e olhei pra Pri, que assentiu com a cabeça e apertou no controle, passando o slide e olhando pra plateia, observando o Shawn e o Brian na fileira da frente e olhando pra mim, me fazendo gelar, mas logo voltei a minha atenção pra Pri.

— O que é Orientação Sexual? – ela falou baixinho e com o microfone longe da boca.

— Não tô te escutando! – alguém da plateia lotada gritou e algumas pessoas riram, ela olhou pra mim e eu respirei fundo e suspirei, indicando que ela fizesse o mesmo.

— O que é Orientação Sexual? – ela falou dando um passo à frente e com o microfone mais próximo da boca, me fazendo sorrir de alívio. – Muitas pessoas persistem no erro de chamar de "opção sexual", quando na verdade, isso soa preconceituoso e ignorante, pois não é algo que a pessoa escolhe, é algo que se sente, e diferente do que muitas pessoas pensam, uma pessoa homossexual ou bissexual já nasce com sua orientação sexual definida, mesmo que isso leve anos para ser aceito ou até mesmo descoberto pela própria pessoa. – ela respirou fundo rapidamente e andou mais pra frente, apontando pro slide que mostrava três fotos: um casal hétero se beijando, duas mulheres se beijando e dois homens se beijando. – O nosso trabalho vai focar em apenas uma parte das diversas orientações sexuais, focando em heterossexuais, bissexuais e homossexuais. – ela olhou pra mim e eu assenti com a cabeça, apertando no meu controle e passando pro próximo slide.

— O que são heterossexuais? São pessoas que sentem atração por pessoas do sexo oposto, enquanto homossexuais sentem atração pelo mesmo sexo, e bissexuais sentem atração por ambos sexos, ou seja, o melhor dos dois mundos. – uma boa parte da plateia riu e a Pri deu uma risada fraca. – Heterossexuais não enfrentam preconceito por sua orientação sexual, não são espancados na rua por serem héteros, não são mortos por serem héteros e muito menos expulsos de casa por sua orientação sexual, é com isso que chegamos ao termo: heterofobia. – apontei pro slide, que mostrava a palavra "Heterofobia" e um depoimento "Ele me xingou porque eu era hétero, heterofobia existe sim, e muitas vezes parte de homossexuais.". Algumas pessoas da plateia riram, e era essa a reação que eu esperava. – Justamente... Engraçado, não? – dei uma risada fraca e observei melhor as pessoas. – Heterofobia não existe. Algumas pessoas homossexuais dizem ser heterofóbicas como uma forma de ironia, pois como eu disse antes, ninguém morre por ser hétero, o que é bem diferente da realidade das pessoas do meio LGBT, até porque... Tudo bem ser gay, mas não pode ser afeminado, né? Tudo bem ser bi, mas não por muito tempo, porque é indecisão, você tá em cima do muro, né? – respirei fundo e olhei pro slide, passando-o pro próximo. – Não. – me aproximei da parede e a Pri respirou fundo, voltando a falar.

Two of HimWhere stories live. Discover now