Ecstasy.

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Eu poderia passar o resto da tarde beijando o Shawn, mas eu não podia deixar a minha irmã daquele jeito, a irmã que descobri recentemente que tenho e desde então tive um cuidado enorme pra evitar que acontecesse o que aconteceu. Eu não queria que ela tivesse visto, na verdade eu não queria que tivesse acontecido, eu não queria machucá-la.

Depois de me separar do Shawn, eu corri atrás dela e consegui alcança-la no final do corredor.

— Beatrice! – disse quase sem folego e ela parou de andar, se virando e me encarando com os olhos marejados. – Me desculpa, eu...

— Você poderia ter qualquer um daqui, Lana, mas por que logo o Shawn? Você sabia que eu gostava dele desde que eu vim aqui pela primeira vez. – ela falou com o olhar triste e eu franzi o cenho. Isso é competição pra ver quem gostou primeiro? – Por que não o Brian? É igualzinho a ele. – ela sorriu, me deixando mais confusa ainda. – Sério, Lana, faz um favor pra mim? – ela se aproximou e segurou em meus ombros. – Tenta com o Brian.

— Beatrice, eu não...

— Só tenta. – ela assentiu com a cabeça. – E deixa eu viver um pouquinho com o Shawn, eu não quero que você se iluda com ele, porque eu sei que ele gosta de mim. – ela falou assentindo com a cabeça e eu arregalei os olhos.

— Ok. – assenti com a cabeça e ela sorriu, se virando e voltando a andar.

Eu sabia que aquilo não era normal, eu só precisava ter certeza. Corri pelo corredor do colégio até a sala da Psicóloga, a abri com urgência, assustando a Psicóloga Priscila.

— Desculpa, Priscila, mas é uma urgência. Uma urgência pessoal. – disse me sentando na frente de sua mesa e ela fechou um livro de Serial Killers.

— Oi, Lana, pode falar. – ela se ajeitou na cadeira e prestou atenção em mim.

— Não é comigo, mas é que... Eu já li sobre um transtorno e acho que minha irmã tem... Eu queria saber se é o que eu acho e o que eu deveria fazer...

— Bom, Lana... – ela se aproximou mais da mesa, olhando pra mim. – Primeiramente, é imprescindível que ela procure um psicólogo antes de tudo, é essencial um acompanhamento psicológico diante de qualquer suspeita de transtorno... Mas o que você quer saber? Eu posso ajudar a tirar essa dúvida. – ela suspirou e parecia prestar atenção, o que me tranquilizou.

— Ela tem oscilações de humor, sabe? Eu noto que não é algo normal... Às vezes ela é muito explosiva e às vezes muito calma, às vezes ela aparenta estar com muita raiva, mas a sua feição é calma, ela é muito intensa, acha que está sempre certa e ninguém pode discordar dela... – suspirei fundo, com receio de falar o que eu achava que era. – Ela é bipolar? Como isso se trata? Ela já teve depressão, sempre foi muito sozinha e...

— As oscilações de humor são rápidas ou duram semanas, meses? – ela perguntou e eu franzi o cenho, balançando a cabeça negativamente.

— Não, não duram meses, são rápidas, ela mudou muitas vezes durante uma semana e até mesmo num dia, eu ouvi uma discussão dela com a minha mãe e ela interpretou tudo de forma errada, como se ela só visse o lado ruim da situação. Eu já vi alguns cortes no pulso dela, não sei se foram derivados da depressão ou se são recentes, eu não sei o que fazer...

— Bipolaridade tem intervalos maiores de tempo e difere de algumas coisas que você falou, mas você acabou de descrever um transtorno mental, Lana. – ela suspirou. – O recomendado é procurar tratamento psicológico, sua irmã tem o que é conhecido de transtorno de personalidade borderline, é algo que não tem cura, mas tem tratamento e requer um acompanhamento psiquiátrico com uma combinação de remédios.

Two of HimWhere stories live. Discover now