Air.

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Os dias foram passando e o Shawn se aproximava cada vez mais da Beatrice, enquanto eu fazia o meu melhor para me afastar dele. Eu não estava fazendo aquilo só pela minha irmã, mas por mim também, eu não tinha saúde mental para continuar com aquilo que eu sentia pelo Shawn, eu queria esquecê-lo a todo custo, e me distanciar dele tinha sido a maneira mais fácil e alcançável. Ao passar pelo corredor do colégio, senti uma mão me puxando pelo braço, logo entrei rapidamente numa sala de aula e pude ver o Brian trancar a porta, cruzando os braços e me encarando com seu maxilar perfeitamente trincado.

— O que foi agora, Brian? – revirei os olhos. – Você não sabe conversar como uma pessoa normal? – arqueei as sobrancelhas e ele deu uma risada, me fazendo sorrir, mas logo disfarcei, fechando a cara.

— Você não me escuta quando eu te chamo. – ele deu de ombros. – Quando que a gente vai se beijar de novo? Já faz tempo, né? – ele fez uma cara triste, me fazendo rir.

— Você falou da minha filha, Brian. – o olhei seriamente e ele fechou a cara, abaixando a cabeça. – Você foi baixo e mesmo sabendo como você é, eu nunca esperaria isso de você. – falei me aproximando dele e tentando sair, mas ele não deixou. – Me deixa sair. – levantei o olhar pra ele, que parecia estar com os olhos marejados.

— Me desculpa. – ele olhou pro outro lado, parecia que não queria que eu olhasse pro seu rosto.

Como estávamos muito próximos, levei minha mão até o seu rosto, segurei levemente seu queixo e o virei na minha direção, foi quando algumas lágrimas escaparam e ele as enxugou com raiva, logo se afastando e se encostando na parede.

— Por que você insiste em usar essa máscara? – perguntei me aproximando e ele olhou pra mim. – Você machuca as pessoas pra não ser machucado? Qual o sentido disso? – continuei falando e ele continuava olhando pra mim enquanto eu me aproximava.

— Eu cresci assim. – ele falou arqueando as sobrancelhas e a sua expressão acabava comigo. – Me desculpa pelo o que eu falei, eu fui um filho da puta. – ele fechou os olhos com força e encostou a cabeça na parede.

Eu vi tanta culpa nele e eu só queria tirar a dor dele e a minha.

Me aproximei mais dele e colei nossos corpos, encostando a minha cabeça em seu peitoral e fechando os olhos. Respirei fundo e pude escutar o seu coração acelerando, logo senti seus braços me envolvendo num abraço forte.

— Eu te desculpo. – respirei fundo e o abracei de volta pela cintura. – Tá tudo bem.

Foi um momento estranho, nós ficamos abraçados, em silêncio e por longos minutos. Por incrível que pareça, não foi um silencio constrangedor, muito pelo contrário, foi um silêncio que me deu paz, juntamente com o seu abraço.

Me afastei vagarosamente dele e sorri sem jeito, respirando fundo e olhando pros lados.

— Agora você vai parar de me puxar pros cantos? – falei rindo e ele deu uma risada fraca, acompanhada de um sorriso malicioso.

— Não posso garantir nada. – ele arqueou uma sobrancelha, me fazendo corar e revirar os olhos.

Andei até a porta e ele se adiantou, destrancando-a e abrindo-a pra mim.

Sorri como forma de agradecimento e passei por ele, sorrindo sem jeito e parecendo uma adolescente boba, andando pelo corredor e se virando pra ver se ele ainda estava ali; e ele estava, encostado no armário, com os braços cruzados e com um sorriso inocente no rosto.

Que Brian é esse?

(...)

— Eu queria fazer alguma coisa hoje. – disse me jogando na cama da Pri, que não parava de fitar o telefone com a tela bloqueada. – O que você tá fazendo? – perguntei rindo e ela se deitou ao meu lado, suspirando e olhando pro teto.

Two of HimWhere stories live. Discover now