Potter me suborna

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Quando Marlene chegou à minha casa, me viu de roupão, com os cabelos presos e com um secador nas mãos. Por causa da chuva, a minha bolsa havia molhado. Para encurtar a história, eu estava secando, com o secador, os trabalhos encharcados.

Lene jogou sua bolsa na mesa e sentou-se no sofá. Ela me observou por alguns segundos antes de cair na gargalhada. Desliguei o secador e coloquei as mãos na cintura.

– Quer parar de rir? – perguntei.

Lene concentrou-se e parou de rir. Respirou fundo, me olhando com seriedade.

– Assim está melhor – aprovei, voltando a ligar o secador e secar os trabalhos. – Isso é uma derrota! Essa chuva caiu num mal momento.

– O que houve? – indagou Marlene atirando o telefone para um lado, depois de pedir comida chinesa para nós duas.

– A chuva molhou todos os trabalhos dos meus alunos! – exclamei, chateada. – O que eles vão pensar de mim? O que os pais deles vão pensar de mim?

– Que você é uma orgulhosa que não quis voltar para buscar o guarda-chuva, pois sua melhor amiga queria irritá-la mais do que já estava – respondeu minha amiga, mexendo no próprio cabelo.

– O que faria sem você, não é? – revirei os olhos. – Pronto, acabei – desliguei o secador e Lene veio observar o meu trabalho de secagem rápida.

Ela inclinou a cabeça para um lado e depois para o outro. Esperei que dissesse o que ela tinha para dizer. E eu sabia que não era coisa boa.

– Você sabe que não foi bem sucedido, não sabe? – Ela me olhou. Fingi estar surpresa.

– O quê? Essa foi a mais perfeita das secagens rápidas da história! – peguei um dos trabalhos nas mãos. Estava seco, era verdade, mas estava com defeitos: as letras ainda estavam um pouco borradas e o papel estava cheio de ondulações.

– Aham, com certeza – concordou, solene, Lene. Nós nos olhamos e começamos a rir. – E isso não é nem um pouco irônico – elas enxugou as lágrimas de tanto rir.

A campainha tocou e Lene foi atender; provavelmente era o entregador da comida chinesa. Peguei os trabalhos e sentei-me no sofá. Mas algo estava estranho. Lene estava demorando muito.

Intrigada, levantei-me e fui até a porta, bem na hora em que Potter entrava e Lene me olhava confusa.

– Casa bonita, hein – comentou Potter, confirmando com a cabeça e olhando para as minhas coisas.

– O que você está fazendo na minha casa, Potter? – indaguei, indignada.

Lene soltou um gritinho; nós dois a olhamos e ela corou, recuando para a porta.

– Vou esperar a comida aqui fora, Lily – e saiu batendo a porta. Voltei a encarar Potter.

– Eu lhe fiz uma pergunta, Potter – relembrei-o, fazendo-o sorrir.

– Você esqueceu isso no carro – ele estendeu a minha pulseira. Por instinto, levei a minha mão no meu pulso direito. – Achei que você surtaria – Potter fez um gesto de desespero com as mãos – se visse que havia perdido a pulseira.

Mordi o lábio inferior. Foi impressão minha ou ele ficou vermelho? Balancei a cabeça e fui até ele. Potter tinha um sorriso maroto nos lábios e ainda segurava a pulseira entre os dedos.

Hesitei. Será que ele faria a mesma coisa quando eu a perdi pela primeira vez? Tentei arrisca. Agora, se valia a pena, eu não sabia. Estendi a mão e já estava alcançando a pulseira, quando ele tirou a mão da frente e fingi que a está examinando.

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